quinta-feira, 18 de abril
Ministério Fiel

A igreja como o templo de Deus

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Você já esteve em um evento onde era o convidado de honra? Pode ter sido um chá de panela, um chá de bebê ou uma formatura. Todos os olhares estavam sobre você, e as pessoas o tratavam de uma forma que fazia você se sentir privilegiado. Ao longo da primeira Epístola de Pedro, vemos cristãos descritos como peregrinos que são amaldiçoados por este mundo, porém, no capítulo dois, Pedro muda a linha de pensamento e diz que Deus nos tem particularmente honrado.

Pedro diz em 1 Pedro 2 “chegando-vos para ele”, referindo-se ao “Senhor” (v. 3) do Antigo Testamento, que Pedro diz ser Cristo. Ele continua definindo o que significa vir a Cristo: “Então a honra é para vocês que creem” (v. 7, tradução do autor). O que é maravilhoso aqui é que, em 1.7, ele fala de nossa fé ao passarmos por provações nesta vida, mas aqui ele diz que quando cremos, Deus nos honra. Mas como é isso? Vamos observar três honras em 1Pedro 2.

Honrado por ser um lugar

Pela fé, somos honrados por sermos “um lugar”, mas não apenas qualquer lugar, e sim um lugar sagrado. A partir de 1 Pedro 2.4, Pedro muda a metáfora de “ser família de Deus” para “ser templo de Deus”. Na nova aliança, ainda há um lugar sagrado, mas seus materiais de construção não são madeira, pedra ou metais preciosos. Jesus Cristo é a pedra angular e os cristãos são as paredes do novo Santo Lugar.

Se você assiste, na televisão, àqueles programas americanos de reforma de casas, pode observar como é incrivelmente fácil derrubar paredes, reconfigurar o interior de uma casa e mudar totalmente a aparência do que já estava ali. Isso porque se usa madeira e “drywall”. No mundo antigo, no entanto, os edifícios eram construídos para durar, eram construídos de pedra. O que Pedro está dizendo aqui é que nossa honra está em sermos, nós, edificados para ser um templo sagrado permanente.

Embora cheguemos a Cristo, pela fé, como “a pedra viva” por causa de sua ressurreição, ele continua sendo “rejeitado” por tantos outros “homens” (2.4, citando Sl 118.22). Por quê? As escrituras dizem que, desde o início, os homens rejeitaram o Senhor devido ao seu (dos homens) próprio orgulho e poder (Gn 10; Sl 2). Embora estivesse sendo rejeitado pelos homens, Jesus é “para com Deus, pedra eleita e preciosa” (1Pe 2.4, citando Isaías 28.16).

Como Cristo é a pedra angular viva, escolhida e preciosa do novo Santo Lugar de Deus, “também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual” (2.5). O verbo “sois edificados” está na voz passiva, que denota que a ação é feita para nós e não por nós, como Jesus disse: “edificarei a minha igreja” (Mt 16.18). Ele está nos edificando em uma “casa espiritual”, significando que somos “animados e habitados pelo Espírito Santo”. Pense nisso: nós, pecadores, não apenas individualmente, mas corporativamente, somos o templo do Deus vivo. Deus vive entre nós – nós, aqui, referindo-se a todo o povo.

Honrado por ser um sacerdócio

Quando eu jogava basquete, nós tínhamos banquetes onde aconteciam as premiações, sempre tinha um prêmio para um jogador aqui e outro ali, mas sempre havia um garoto que não era apenas o “MVP” (jogador mais valioso) de sua equipe, mas também o primeiro time da liga, o jogador mais ofensivo do ano, o campeão de pontuação  e o primeiro na lista do reitor. Da mesma forma, em Cristo, não temos apenas uma honra, mas muitas. Fomos abençoados com todas as bênçãos espirituais em Cristo (Ef 1.3).

Pela fé, somos honrados por sermos um Lugar Santo. Mas um templo é inútil sem sacerdotes que sirvam nesse lugar. Então, Pedro nos fala do propósito de Cristo nos edificar em um templo: “para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pe 2.5). Também somos honrados em sermos sacerdócio. No Antigo Testamento, o sacerdócio vinha apenas da tribo de Levi, mas agora todos os crentes podem ser, também, honrados por Deus. Nós não somos apenas o templo em que os sacrifícios são oferecidos, mas somos aqueles que os oferecem. E que sacrifícios são esses? Sacrifícios espirituais, no sentido de sacrifícios oferecidos em virtude da obra do Espírito Santo. Nossos sacrifícios são: nossos corpos (Rm 12), nossos espíritos quebrantados e contritos (Sl 51) e nosso louvor (Hebreus 13).

Isto é visto em particular em 1 Pedro 2.9: estamos honrados por sermos “sacerdócio real […] a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Como o louvor pode ser um sacrifício conduzido pelo Espírito e aceitável a Deus? Primeiro, louvar a Deus significa que você sacrifica seu orgulho e autoconfiança no altar da humildade. Segundo, louvar a Deus pelo Espírito, de forma aceitável, significa que você oferece a ele a adoração de seu coração e não apenas de suas mãos. Pedro diz, em 1 Pedro 1.22, que nascemos de novo para nos amarmos com “amor fraternal não fingido […] de coração, uns aos outros ardentemente”. Nossos sacrifícios de louvor a Deus devem ser sinceros, não triviais, e de coração, não algo meramente fora do comum.

Honrado por ser um povo

Pedro acrescenta aqui uma tripla honra: pela fé, somos honrados por sermos um povo. “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus […] vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia”. (1Pe 2.9-10). Esta foi a honra de Israel (Êx 19; Dt 7), mas agora é a honra de todos os que creem, judeus e gentios.

Você está se sentindo mal com seus pecados? Você está abatido pelas lutas do mundo? Você se sente perdido em um labirinto no qual você não consegue encontrar seu caminho? Medite em 1Pedro 2.4-10 e observe que cada pequena frase é como uma joia na coroa de honra que o Senhor colocou em sua cabeça. Você, pecador salvo pela graça, foi honrado por Deus com uma coroa de salvação, e nessa coroa Deus colocou as joias de ser um lugar, um sacerdócio e um povo.

 

Tradução: Paulo Reiss Junior.

Revisão: Vinicius Musselman Pimentel.

Fonte: The Church as the Temple of God.


Autor: Daniel R. Hyde

Daniel R. Hyde é pastor sênior da Igreja Reformada Unida de Oceanside, na Califórnia. Ele é o autor de “God in Our Midst” [Deus em nosso meio] e “Welcome to a Reformed Church” [Bem-vindo a uma igreja reformada].

Parceiro: Ministério Ligonier

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