sábado, 20 de abril

Está sofrendo? Fixe os seus olhos em Jesus

Ouvir Artigo

O trecho abaixo foi extraído com permissão do livro Um Coração Inabalável de Elyse Fitzpatrick, Editora Fiel.

O escritor aos Hebreus, um grupo de pessoas que estava sofrendo muito por causa da fé em Jesus, escreveu:

Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma. (Hb 12.1-3).

Como podemos encontrar a força de que precisamos para resistir? Como podemos evitar o desânimo da alma? O escritor aos Hebreus nos dá a resposta. Temos que fixar os nossos olhos em Deus. Sei que seria fácil ignorar a importância desse conselho, por isso vamos analisá-lo mais de perto.

A palavra grega aphorao, traduzida nesse versículo como “olhando firmemente”, significa “desviar os olhos de uma coisa para enxergar outra”. Conforme suportamos o sofrimento, seja ele pelo nosso pecado, pelo pecado de alguém contra nós, ou o sofrimento peculiar em um mundo caído, devemos transferir o foco dos nossos olhos, de nosso sofrimento para o sofrimento dele. Devemos “fixar o nosso olhar” nele. Devemos deixar de olhar para a nossa dor e considerar como ele sofreu e por quê. Ele sofreu como o autor e consumador da sua fé. A razão pela qual você e eu temos fé hoje, e a razão pela qual podemos ter certeza de que teremos fé em todos os “amanhãs”, é o sofrimento de Jesus. Porque ele sofreu na provação da perfeita vontade de Deus, ou seja, ele nasceu como um homem, sofreu perante as autoridades perversas e morreu pelo nosso pecado, que ele agora é conhecido como o Homem de Dores. E porque ele fez isso por fé, do começo ao fim, você pode ter certeza de que a sua fé, não importa o cálice que seja convidada a beber, não falhará. A sua fé não pode falhar porque a dele não falhou. Porque ele desviou o olhar dos sofrimentos dele para a “alegria que lhe estava proposta”, você pode descansar em paz na verdade da alegria que também lhe é assegurada. Ao fixar o seu olhar em quem fixou os olhos resolutamente na alegria de agradar ao Pai, você encontrará o mesmo prazer preenchendo o seu coração. Hoje, no meio do seu sofrimento e dor, você é agradável ao Pai, porque ele o foi. Você pode conhecer a alegria da paz infinita com Deus, porque a alegria de Jesus estava centrada na sua reconciliação definitiva e deleite.

O que ele suportou por você? Ele suportou a vergonha de carregar uma maldição e de ser uma maldição por nós. O texto de Gálatas 3.13 diz que a lei declara que todo aquele que for pendurado em um madeiro é maldito, detestável e abominável. Ele não foi maldito apenas como um transgressor da lei e morto em um madeiro por crimes punidos com pena de morte, mas ele próprio também se tornou maldição por nossa causa. Ao se tornar maldição por nós, ele voluntariamente sofreu a pena por uma vida de iniquidade. Qual era a maldição? Qual a maior maldição que qualquer criatura pode conhecer? Ser separada de Deus — ser abandonada por ele.

Ele se tornou maldição para que nós, transgressores da lei, pudéssemos receber a bênção prometida aos cumpridores da lei (Dt 28-29). Essa bênção é o cumprimento final da bênção prometida a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3) e “Serei o seu Deus” (Gn 17.8). Ele é o Emanuel, o santo Deus que habita com o homem pecador, e a morada dele conosco é a bênção prometida há milhares de anos. É a bênção que foi perdida no jardim e restaurada em um desolado monte. Fixe os olhos do seu coração nesta verdade: Ele se tornou maldição e foi separado como um transgressor da lei, para que você pudesse ser uma bênção e conhecesse a bênção de uma livre comunhão com ele. A passagem em Hebreus prossegue dizendo que ele “não [fez] caso” da vergonha que fazia parte da maldição e de ser pendurado em uma cruz. A expressão “não fazendo caso” é interessante. Ela significa não dar muita importância a alguém ou a alguma coisa. Ele pensou na vergonha? Sim, pensou. Mas ele não fixou a atenção dele na vergonha. A atenção dele, ao contrário, estava ocupada com algo mais importante: você e a alegria que ele sabia que você teria ao ser abençoada nele. Ele sabia que maior bênção e alegria seriam dele — afinal, ele mesmo disse: “Mais bem-aventurado é dar que receber.” (At 20.35). Foi exatamente isso o que ele fez, não foi? Ele deu para que pudéssemos receber!

Onde ele está agora? Está assentado à destra do trono de Deus no céu. Não mais desamparado ou abandonado, ele está na posição de autoridade na presença de seu Pai. E o que ele está fazendo? Está mostrando as suas cicatrizes.

Embora no céu todos venhamos a ter corpos novos, ressurretos, sem fraquezas ou cicatrizes, ele ainda carregará as dele. Ele exibe as suas cicatrizes para que, se o seu inimigo vier à sala do trono celestial acusá-la de algum pecado (Ap 12.10) perante o Pai, o seu Salvador se levante e mostre as marcas de seu sofrimento. “Pai”, ele declara, “essa dívida já foi paga!”. E porque ele está ali, na presença do Pai, você pode fixar a sua atenção no seu futuro lar. Você irá se juntar ao único que te ama de forma inimaginável e passará a eternidade olhando para as suas feridas e lhe agradecendo pelo seu sofrimento fiel.

O sofrimento dele importa para você hoje? Sim, claro que importa. Por causa do sofrimento dele, você tem certeza de que o seu sofrimento não irá perdurar. E que o maior sofrimento, o de ser justamente acusada de pecado e ser achada culpada, não tem possibilidade alguma de recair sobre você. Você nunca será amaldiçoada como uma transgressora da lei! E por causa do sofrimento dele, as aflições que você suporta agora certamente chegarão ao fim.

Como reagiremos a isso? Como os nossos corações são afetados? Temos que considerar a forma com a qual os pecadores (como nós) o trataram e perseverar na fé. Se ele fez isso por mim, uma pecadora, então, posso perseverar, por ele, nessa dificuldade. E sei que vou suportar, porque isso não depende da minha força, mas da força que ele já comprou para mim.

Adam Clarke, um homem de Deus que viveu no século XVIII, escreveu sobre essa passagem de Hebreus:

Observe e analise com atenção cada parte da conduta [de Cristo], entre em seu espírito, examine os seus motivos e [propósitos], e lembre-se de que, conforme ele agiu, também somos chamados a agir; ele irá abastecê-lo com o mesmo Espírito, e sustentá-lo com a mesma força. Ele suportou uma oposição contínua de pecadores contra si mesmo; mas ele venceu pela mansidão, paciência e perseverança: ele deixou um exemplo para você seguir os seus passos. Se confiar nele, receberá força; portanto, não importa se a oposição é grande, você não deve ficar desgastado: se confiar nele e olhar para ele atentamente, você terá coragem para prosseguir, e nunca fraquejará em sua mente.


Autor: Elyse Fitzpatrick

Elyse Fitzpatrick é conselheira bíblica no Institute for Biblical Counseling and Discipleship, na Califórnia, e possui mestrado em Aconselhamento Bíblico no Trinity Theological Seminary. Elyse é coautora do livro Pais Fracos, Deus Forte.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

Veja Também

A Inerrância da Escritura Sagrada – parte 3

Com o nascimento da ciência moderna a Bíblia começou a ser considerada um livro de origem humana e sua inerrância foi colocada ainda mais em cheque.