O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro Mulheres Sábias, de Lydia Brownback, da Editora Fiel.
1. Desejos em Competição
Um motivo porque lutamos é que nosso desejo por controle está, constantemente, em guerra contra nosso desejo pela coisa que queremos controlar. Se você é uma mulher cujo peso está sempre aumentando e diminuindo, sabe do que estou falando. Todo inverno você engorda cinco quilos, e todo verão você perde quatro. Algum tempo depois, você resolve perder aqueles extras cumulativos, e consegue, mas, alguns meses depois, percebe que o ponteiro da balança volta a subir. Uma hora, você acaba ficando desanimada e simplesmente desiste, ou continua nesse efeito “sanfona” pelo resto de sua vida. Mas, não precisa ser assim!
Seja o problema o seu peso, ou outra coisa qualquer, o “vai e vem” de um comportamento é um sinal de que estamos em meio a uma guerra interior. Temos um relacionamento de amor e ódio com alguma coisa, desejo ou objeto. Não queremos ser governadas por esta coisa, mas, de alguma forma, também não queremos deixá-la. Não gostamos do efeito negativo que isso tem sobre nós – nosso corpo, nossos relacionamentos, nossa caminhada espiritual – mas, em algum nível, de alguma forma, estamos tirando vantagem deste envolvimento. Uma mulher estressada, que desconta na comida, detesta o resultado: ganha peso, e suas roupas ficam apertadas. Mas, ao mesmo tempo, ela não quer deixar o escape do stress que a comida lhe proporciona. Ela não consegue se controlar com a comida, porque seu desejo de perder peso compete com o desejo pelo alívio momentâneo do stress, que ela experimenta ao comer. Jesus disse: “Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá” (Mateus 12.25). Se estamos divididas entre dois desejos, não chegaremos a lugar nenhum.
2. Motivações equivocadas
Às vezes, o domínio próprio permanece uma ilusão, porque o buscamos pelos motivos errados. Se temos pedido a Deus que nos ajude a desenvolver o autocontrole, em uma determinada área, mas não parece que estamos progredindo, talvez, Deus esteja nos respondendo de um modo que ainda não consideramos. Ele pode estar nos conduzindo a examinar nosso coração. Por que estamos orando por domínio próprio? Se for realmente porque estamos cansadas das consequências do descontrole, ou porque queremos nos sentir melhores conosco mesmas, estamos deixando Deus de fora da situação. Deus não está interessado em nos ajudar com nossos projetos de autoajuda; Ele está interessado em nossa santificação. Tiago disse: “Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres” (Tiago 4.2-3).
Autoajuda, não necessariamente, nos aproxima de Deus ou glorifica a Cristo. Ela geralmente tem mais a ver com glória pessoal. Santidade, por outro lado, nos capacita e um relacionamento mais próximo com Deus e O glorifica, e uma consequência da santificação pessoal é aquilo mesmo que estamos procurando, primeiramente – bem estar geral e libertação dos efeitos destrutivos do pecado. Encontraremos autocontrole, muito mais facilmente, se o desejarmos porque queremos remover obstáculos no caminho de nosso relacionamento com Deus.
Além disso, atitudes de autoajuda que não são motivadas por amor a Deus, provavelmente, não serão bem-sucedidas a longo prazo. Em sua parábola sobre o espírito imundo, Jesus mostrou um lado assustador do que acontece com aqueles que tentam ganhar sua própria justificação, mas isso também pode ser aplicado àqueles que tentam controlar sua vida, de outra maneira que não seja um relacionamento vital com Deus. Quando um espírito imundo volta ao seu antigo lugar de habitação, encontra a casa limpa e em ordem. “Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim também acontecerá a esta geração perversa” (Mateus 12.43-45).