A primeira página da edição de fevereiro de 1979 da Tabletalk fala de 39 alunos de nove faculdades diferentes, bem como de um grupo de adultos que tiveram aulas de apologética clássica de R.C. na temporada de janeiro. Em seguida, o periódico ressalta: “Apologética (saber o que você crê e por que você crê nisso) é a principal área de interesse do Dr. Sproul.”
O centro de estudo decidiu repetir o mesmo curso em janeiro de 1980. Posteriormente, naquele ano, a revista Eternity veiculou um artigo intitulado Where’d You Get Those Ideas? A Round-Up of Fifty Evangelical Thinkers Who Influence You (Onde Você Obteve Essas Ideias? Cinquenta Pensadores Evangélicos que Influenciaram você). Caricaturas de dezoito dos cinquenta serviam de ilustrações, as quais acompanhavam o artigo. R.C. estava incluído, vestindo um uniforme de futebol sem capacete e segurando uma tulipa, representando sua reputação como um atleta e um calvinista. No artigo, ele era contado entre os apologistas. O artigo menciona que “R.C. Sproul, um teólogo freelance da área de Pittsburgh, tem influenciado um círculo pequeno, incluindo Charles Colson”. A referência a um “círculo pequeno” ignora a dimensão dos esforços de R.C. O artigo se interessava em identificar o influenciador por trás dos influenciadores, as figuras públicas do cenário evangélico americano. Colson foi um dos que os editores identificaram. Mas, na verdade, R.C. estava influenciando um círculo muito grande — não de figuras públicas, mas dos leigos comuns. Estava ensinando executivos, gerentes e trabalhadores em como defender a fé no local de trabalho. Estava ensinando alunos de faculdade como responder a seus professores de biologia e professores liberais de Bíblia e religião. Estava ajudando vizinhos a aprenderem como responder às perguntas dos vizinhos deles. Seu círculo de influência estava em dezenas de milhares, e subindo. A influência vinha por meio das classes que ele ensinava e de seus livros. Houve também um debate “forjado” com seu mentor e colega John Gerstner. R.C. convidou Gerstner para se unir à equipe de ensino como professor no centro de estudo em 1980, quando Gerstner se aposentou de seu cargo no Pittsburgh Theological Seminary. Gerstner havia sido um palestrante frequente no centro de estudo antes desse compromisso; o centro de estudo veria ainda mais dele. E ele e R.C. poderiam fazer mais juntos. R.C. se lembra de como ele e Gerstner eram, às vezes, chamados “a Máfia de Pittsburgh” no mundo reformado. Em 1982, eles encenaram um debate para o John Ankerberg Show, filmado em Chattanooga. R.C. fez a parte do advocatus diabolic. O Chattanooga Times veiculou um artigo enorme abordando o evento, com fotos, incluindo R.C. com “braços abertos”. Apesar de todo o drama que R.C. pôde exibir, ele não foi páreo para Gerstner. R.C., fazendo o papel de um cético/ateísta, perdeu. Após o “debate”, R.C. e Gerstner responderam perguntas do auditório lotado na Brainer Baptist Church. O artigo relata que, em uma de suas respostas, R.C. “disse que o ‘conceito de fé cega’ era totalmente repugnante”.
A ideia de fé cega ou de “um pulo de fé” tinha cheiro de fideísmo para R.C. Sem dúvida, R.C. amava a noção de sola fide, de fé somente. Fideísmo não é uma referência à justificação somente pela fé. Fideísmo é a ideia de que você não pode oferecer qualquer razão para a fé, que você deve evitar qualquer tipo de argumento racional. R.C. chamava o fideísmo de “irracional”. Ele acreditava que o cristianismo é racional e que os cristãos têm razão para a fé que professam. R.C. acreditava que podemos provar pela razão a existência de Deus e a confiabilidade básica da Escritura. Também acreditava que o que fora dito sobre a nação de Israel, por meio do profeta Oseias, podia ser dito sobre a igreja moderna: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Os 4.6).
R.C. lamentou isso em sua coluna Right Now Counts Forever (O Agora Mesmo é Importante para Sempre), na Tabletalk de agosto de 1979, que ele intitulou My People Perish … (Meu Povo Perece…), R.C. discutiu a necessidade de os teólogos falarem diretamente aos leigos, listando exemplos dos reformadores no processo, e a necessidade de discutirem o conhecimento de Deus.
R.C. fez apenas isso, “levou a mensagem às pessoas”, em seus livros. Em 1974, ele escrevera The Psychology of Atheism (A Psicologia do Ateísmo). Em 1978, ele publicou Objections Answered (Objeções Respondidas). Esse livro resultou de um pedido de seu amigo Archie Parrish. Por meio de sua obra em Evangelism Explosion (EE — Evangelismo Explosivo), Parrish havia guardado registros cuidadosos de relatos do trabalho prático. Tinha uma lista enorme de objeções que os evangelistas de porta em porta do EE estavam ouvindo. Logo, ficou óbvio que as objeções poderiam ser agrupadas em cerca de dez categorias. Archie deu a lista de dez categorias a R.C., para ver se ele poderia estar interessado em responder as objeções. No ano seguinte, o livro foi publicado. Os dez capítulos são:
- “A Bíblia contradiz a si mesma. Ela é apenas um conto de fadas.”
- “Todas as religiões são boas. O que você crê não importa.”
- “E o que acontece com o miserável nativo que nunca ouviu falar de Cristo?”
- “O cristianismo é uma muleta para pessoas fracas.”
- “A igreja está cheia de hipócritas.”
- “Eu não preciso de religião.”
- “Deus não existe!”
- “Se Deus existe, por que há tanto mal no mundo?”
- “Por que Deus permite o sofrimento?”
- “Quando você morre, tudo acaba. Não há nada mais.”
R.C. tinha ouvido essas perguntas e objeções antes. Havia feito algumas dessas perguntas para si mesmo. R.C. parece autobiográfico na introdução do livro, oferecendo um relato de sua “Peregrinação Pessoal”. Ele diz: “Como jovem, eu tinha duas paixões ardentes. Uma era esportes, e a outra, as perguntas ‘por que’.” Ele menciona como era uma “criança do tempo de guerra”. Portanto, a sua primeira grande pergunta de “por que” era “Por que há guerras?” Uma pergunta importante para um menino de quatro ou cinco anos fazer. Depois, houve o sofrimento e a morte de seu pai e os anos difíceis no ensino médio. Ele se tornou um jovem irado e amargurado. Não via o cristianismo como a resposta. Para o adolescente R.C., o cristianismo era fraco: “Cristão era um sinônimo de ‘marica’.” Depois, aconteceu a sua conversão em seu ano de calouro na faculdade. Suas objeções “se dissolveram no arrependimento”. Em seguida, ele lembra como foi lançado no meio de liberalismo, na faculdade e no seminário. Tudo em que ele cria era objetivamente verdadeiro?
Toda essa experiência pessoal contribuiu para que R.C. tivesse mais e mais simpatia existencial pelas perguntas e objeções, tanto dos incrédulos quanto dos crentes. Chegar à fé e à teologia da maneira difícil lhe deu uma determinação e um comportamento gracioso.
Em 1983, R.C. publicou In Search of Dignity (Em Busca de Dignidade). Nesse livro, R.C. discute a dignidade humana. Os calvinistas gostam de discutir a depravação humana. Mas, examinando as Institutas de Calvino, percebe-se que, antes de Calvino abordar a depravação humana, primeiramente ele argumenta sobre a dignidade humana baseado em Gênesis 1 e na imagem de Deus no homem.
R.C. segue o exemplo. Ele declara: “A dignidade do homem repousa em Deus, que atribui inestimável valor a cada pessoa.” R.C. vê isso como um suporte essencial na cosmovisão cristã. Toda pessoa com quem ele se reunia merecia seu respeito, porque fora dotada com dignidade, por haver sido feita à imagem de seu Criador.
Naquele mesmo ano, 1983, ele publicou dois livretes com a Tyndale House: Ethics and the Christian (Ética e o Cristão) e Who Is Jesus? (Quem É Jesus)? R.C. continuava a prover respostas. Depois, veio 1984, um ano em que R.C. publicou dois livretes e dois livros grandes. Os livretes eram sobre a oração e a vontade de Deus, ambos para a Tyndale. O primeiro livro grande era seu romance, Johnny Come Home (Johnny Volte ao Lar). O segundo livro grande, que apareceu perto do final do ano, foi Classical Apologetics (Apologética Clássica). E, enquanto esses quatro livros estavam se movendo pela trajetória de serem escritos, editados e publicados, R.C. e o Ligonier se mudaram.
——
O trecho acima foi extraído com permissão do livro R. C. Sproul – uma biografia, de Stephen J. Nichols, Editora Fiel.