O texto abaixo foi extraído com permissão do livro Dez mandamentos para a vida, de Jen Wilkin, Editora Fiel.
Os atuais filhos de Yahweh não são tão diferentes dos filhos de Yahweh daquela época. Como Israel, afirmamos, verbal e intelectualmente, que não existem outros deuses, mas não fazemos isso na prática. Na prática, vivemos como politeístas. Nossa idolatria é um arranjo do tipo “uma coisa e outra”: preciso de Deus e preciso de um cônjuge. Preciso de Deus e preciso de uma cintura menor. Preciso de Deus e preciso de boa saúde. Preciso de Deus e preciso de uma conta bancária bem gorda.
Em nossas mentes, racionalizamos que o tipo “uma coisa e outra” ainda oferece a Deus alguma forma ou algum grau de adoração, então deve estar tudo bem. No entanto, de acordo com Gênesis e Êxodo, deixar de adorar a Deus somente é corromper qualquer adoração oferecida a ele.
Em Mateus 6.24, Jesus nos ensina que “ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro”. Podemos pensar que a lealdade dupla é desejável, mas Jesus nos assegura que isso nem mesmo é possível. Somos criados para uma lealdade firme, determinada. Somos projetados para isso. Somos feitos à imagem de um Deus e para carregar a imagem de um Deus. Não podemos nos conformar tanto à imagem de Deus como à imagem de um ídolo.
Não fomos projetados para ser politeístas, nem podemos sustentar o peso de uma mentira de muitos deuses em nossas mentes. Quando nos apegamos a Deus e, tornamo-nos “inconstantes em todos os [nossos] caminhos” (Tg 1.8).
Muitas vezes é preciso haver uma crise para apontar nossa tolice. Nada como uma crise financeira para nos ensinar nossa adoração ao dinheiro e ao conforto além de Deus. Nada como um filho rebelde ou um divórcio para nos ensinar nossa adoração a ter uma família perfeita além de Deus. Nada como o processo de envelhecimento para nos ensinar nossa adoração à saúde e à beleza além de Deus.
É exatamente nesse ponto de crise que encontramos Jacó pronto para expulsar os ídolos domésticos. Penitente, ele acaba de encarar seus próprios fracassos. Sua filha havia sido violentada, e seus filhos haviam respondido com uma terrível vingança quando ele próprio falhara em buscar justiça. Jacó é um homem que sofre por sua confiança em si próprio e por um espírito azedado por sua própria ardileza. Ele é um homem familiarizado com a crise. Ele é um homem que, finalmente, está aprendendo a prometer lealdade a Deus somente.
Qualquer que seja a instabilidade necessária para nos conduzir ao arrependimento, a solução final para nossa prática de politeísmo é encontrada na história de Jacó: “Então, deram a Jacó todos os deuses estrangeiros que tinham em mãos e as argolas que lhes pendiam das orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém” (Gn 35.4).
Jacó poderia ter destruído os ídolos de qualquer maneira. Ele poderia tê-los queimado, atirado em um lago ou cortado em pedaços. Em vez disso, ele os enterra sob uma árvore conhecida como local de adoração de ídolos. Determinado a deixar o passado para trás e viver na verdade de que Deus é sua única esperança, Jacó realiza, simbolicamente, um funeral para os ídolos no mesmo lugar em que eram adorados(1). Com aguda ironia, o local para a adoração dos ídolos torna-se, simbolicamente, um cemitério para eles.
Não perca de vista a moral da história: para nos livrarmos de nossos ídolos, devemos fazê-los morrer.
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(1) Bill T. Arnold, Encountering the Book of Genesis (Grand Rapids, MI: Baker, 2004), p. 137.