sexta-feira, 22 de novembro
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10 versículos-chave da Bíblia sobre a humanidade de Cristo

O Filho assumiu a natureza humana

Este artigo faz parte da série Versículos-chave.
Todas as seções de comentários adaptadas da Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância, Editora Fiel.

A Humanidade de Cristo

O fato de Deus, o Filho, ter assumido natureza humana autêntica é uma doutrina crucial do cristianismo histórico. O grande Concílio Ecumênico de Calcedônia, em 451 d.C., afirmou que Jesus é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, e que as duas naturezas de Cristo são unidas de tal modo que não têm mistura, separação ou divisão, retendo cada natureza seus próprios atributos. 

A verdadeira humanidade de Jesus tem sido atacada principalmente de duas maneiras. A Igreja primitiva teve de combater a heresia do docetismo. Essa heresia ensinava que Jesus não tinha um corpo físico real. Eles diziam que Jesus apenas “parecia” ter um corpo, mas, na realidade, era um tipo de ser fantasmagórico. Contra isso, João declarou veementemente que todos aqueles que negam que Jesus veio realmente em carne são do Anticristo.

A outra grande heresia que a Igreja rejeitou foi o monofisismo. Essa heresia argumentava que Jesus não tinha duas naturezas, mas apenas uma. Essa natureza única não era nem verdadeiramente divina, nem verdadeiramente humana; era uma mistura de ambas. Era chamada natureza “teantrópica”. A heresia monofisista envolve ou uma deificação da natureza humana ou uma natureza divina humanizada.

Formas sutis da heresia monofisista ameaçam a Igreja a cada geração. A tendência é permitir que a natureza humana seja tomada pela natureza divina de maneira que remova as limitações reais da humanidade de Jesus. 

Devemos estabelecer distinção entre as duas naturezas de Jesus sem separá-las. Quando Jesus sentia fome, por exemplo, vemos isso como uma manifestação da natureza humana, não da divina. O que se diz sobre a natureza divina ou sobre a natureza humana pode ser afirmado da pessoa. Na cruz, por exemplo, Cristo, o Deus-homem, morreu. Isso, porém, não significa que Deus tenha morrido na cruz. Embora as duas naturezas tenham permanecido unidas depois da ascensão de Cristo, devemos ainda distinguir as naturezas no que diz respeito ao modo de sua presença conosco. No que diz respeito à natureza humana de Cristo, ele não está mais presente conosco. No entanto, em sua natureza divina, Cristo nunca está ausente de nós.

A humanidade de Cristo era como a nossa. Ele se tornou um homem “por nós”. Cristo entrou em nossa situação para agir como nosso Redentor. Ele se tornou nosso substituto, tomando sobre si mesmo nossos pecados, a fim de sofrer em nosso lugar. E se tornou nosso advogado, cumprindo a lei de Deus em nosso favor.

Na redenção, há uma mudança dupla. Nossos pecados são imputados a Jesus. E a justiça de Jesus é imputada a nós. Ele recebe o julgamento devido à nossa humanidade imperfeita, enquanto nós recebemos a bênção em virtude da perfeita humanidade dele. Em sua humanidade, Jesus tinha as mesmas limitações comuns a todos os seres humanos, exceto pelo fato de ele ser sem pecado. Em sua natureza humana, Jesus não era onisciente. Seu conhecimento, embora verdadeiro e exato, não era infinito. Havia coisas que ele não sabia, como, por exemplo, o dia de seu retorno à terra. É claro que, em sua natureza divina, ele era onisciente, e seu conhecimento, sem limite.

Como um ser humano, Jesus era restringido por tempo e espaço. À semelhança de todos os seres humanos, ele não podia estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. Ele suou. Teve fome e chorou. Suportou dor. Ele era mortal e capaz de sofrer a morte. Em todos esses aspectos, Jesus era como nós.

1. João 1.14

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e

vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.

Esse é o clímax da reivindicação do prólogo. Para alguns dos contemporâneos de João, o espírito e o divino eram completamente opostos a matéria e carne. Outros criam que os deuses visitavam a terra disfarçados de seres humanos (At 14.11). Aqui, porém, um abismo é transposto: a eterna Palavra de Deus não se parece simplesmente com um ser humano, mas se fez carne em plena realidade. Ele tomou para si uma completa e genuína natureza humana.

“Habitou” significa “fincou sua tenda”. Isso indica não só a natureza temporária da moradia terrena de Jesus, como também guarda relação com um termo que lembra o antigo tabernáculo de Israel, onde Deus residiu no meio de seu povo (Êx 40.34-35).

Sua “glória” é contemplada, mesmo quando Deus estava no deserto (Êx 16.1-10; 33.18-23), no tabernáculo (Êx 40.34, 35) e, mais tarde, no templo (1Rs 8.1-11). Poderia também haver uma referência à transfiguração, já que João juntamente com Pedro e Tiago, deu testemunho dela (Mt 17.1-5). Moisés rogou que o Senhor o deixasse contemplar sua glória, mas só pôde vislumbrar suas costas (Êx 33.18-23). “Glória” se aplica supremamente a Deus, o Criador e Governante do universo, aquele diante de quem todos os joelhos hão de se dobrar. O Filho tem a glória divina por direito (17.5). Os reformadores declararam sua fé com o mote soli Deo gloria (glória somente a Deus).

A expressão “do unigênito do Pai” traduz uma palavra grega singular. Alguns estudiosos argumentam que a palavra grega significa “único” ou “um de um tipo”. Ver Hebreus 11.17, que se refere a Isaque como “unigênito” de Abraão ou filho “único”, ou seja, o filho da promessa, que era diferente no sentido dos demais filhos de Abraão. O termo aponta explicitamente para a eterna geração do Filho na Trindade (ver 3.16; e “o único [gerado] de Deus” em 1.18).

As palavras “cheio de graça e de verdade” correspondem aos termos do AT que descrevem a soberana misericórdia de Deus, que são traduzidos por “longanimidade e fidelidade” (Gn 24.27; Sl 25.10; 26.3; Pv 16.6). Quando Moisés viu a glória de Deus no Sinai, ouviu o Senhor proclamar seu próprio nome como o Deus compassivo, que é “clemente, longânimo e grande em misericórdia e fidelidade” (Êx 34.6), uma autodescrição divina que é reiterada na Escritura tardia (Ne 9.17; Sl 86.15; 103.8; 145.8; Jl 2.13; Jo 4.2). A Palavra se fez carne manifesta plenamente o gracioso caráter de Deus, que faz uma aliança e mantém essa aliança.

2. Hebreus 2.17–18

Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos

irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.

Somente aquele que foi provado de todas as maneiras como nós mesmos somos poderia ser o Sumo Sacerdote misericordioso (4.15; 5.2). Somente aquele que respondeu a cada teste com perfeita obediência poderia ser o Sumo Sacerdote misericordioso, sem pecado (4.15; 7.26), e valioso para oferecer a si mesmo como o sacrifício sem mácula (9.14).

A expressão “misericordioso e fiel sumo sacerdote” ecoa a profecia que pronunciou julgamento sobre a casa de Eli, da família de Arão, e que prefigurava a vinda de um Sumo Sacerdote que ministraria para sempre (1Sm 2.35). A fidelidade (3.6) e a misericórdia de Cristo (5.2) são explicadas no que se segue.

A expressão “fazer propiciação pelos” significa que Cristo suportou a ira e a maldição de Deus que estavam sobre o “povo” que pecou (Rm 3.25-26).

3. João 4.6

Estava ali a fonte de Jacó. Cansado da viagem, assentara-se Jesus junto à fonte, por volta da hora sexta.

Como um verdadeiro ser humano, Jesus experimentou fadiga e exaustão (Mt 8.24).

4. Mateus 24.36

Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.

A expressão “ninguém sabe” permanece verdadeiro e, após a sua ressurreição, Jesus reafirma a veracidade de que não é dado aos humanos o conhecimento dos “tempos ou épocas” que foram fixados pelo Pai (At 1.7). Embora esse discurso dê aos discípulos sinais pelos quais pudessem antecipar a queda de Jerusalém, “aquele dia e hora” (de sua segunda vinda) não podem ser preditos pelos humanos. Esse dia virá como um ladrão “numa hora em que não cuidais” (vv. 43, 44, 50; 1Ts 5.1-3; Ap 3.3). Por todo o NT, nosso Senhor e seus apóstolos censuram consistentemente as tentativas de se predizer o tempo de sua segunda ou vinda final. nem o Filho. Embora onisciente no que diz respeito à sua deidade, quanto à sua humanidade o conhecimento de Jesus é, respectivamente, finito e mutável (Lc 2.52). Misteriosamente, suas duas naturezas são unidas numa só pessoa, mas seus atributos distintos não se misturam nem se confundem.

5. João 11.33–36

Jesus, vendo-a chorar, e bem assim os judeus que a acompanhavam, agitou-se no espírito e comoveu-se. E perguntou: Onde o sepultastes? Eles lhe responderam: Senhor, vem e vê! Jesus chorou. Então, disseram os judeus: Vede quanto o amava.

A expressão externa de dor “agitou-se… e comoveu-se” não deixa Jesus insensível. Ele verte lágrimas (v. 35), movido pela compaixão quanto aos destituídos. “Comoveu-se profundamente” implica ultraje ou indignação — não direcionado aos entristecidos, mas à morte, a causa de sua tristeza.

O evangelho de João ensina, respectivamente, a deidade de Cristo (1.1, 18) e sua perfeita humanidade. Como o Mediador, Cristo age dentro dos limites de sua humanidade imaculada sem pôr de lado sua deidade. Ele experimenta emoções humanas e pode expressar ignorância acerca dos fatos.

6. Mateus 4.1–11

Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra.

Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto. Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram.

Embora Deus mesmo a ninguém tente (Tg 1.13), nossas tentações estão incluídas em seu soberano plano para nosso bem. Se vencermos, seremos fortalecidos; se sucumbirmos, deveremos reconhecer com mais clareza nossa necessidade de mais santificação e graça. A tentação de Jesus (vv. 1-11) faz paralelo com a prova de Israel no deserto. Os quarenta dias correspondem aos quarenta anos de peregrinação (cf. Nm 14.34). Sua tentação evoca Deuteronômio 8.1-5, passagem que ele cita em resposta a uma das tentações. A experiência de Israel no deserto foi o tipo ou a sombra da tentação de Jesus no deserto depois de seu batismo.

As tentações apelam para as motivações comuns: impulsos físicos, orgulho e anseio por posses (1Jo 2.16). Mas cada uma tem por alvo especialmente o Messias. Satanás desafia Jesus a provar a veracidade das palavras do Pai em seu batismo: “Se és o Filho de Deus” (vv. 3, 6; cf. 27.40). A terceira tentação oferece a Jesus um passo rumo à realeza que evita a cruz. Jesus foi tentado de todas as formas, justamente como somos (Hb 4.15), porém não pecou. Ele nos representa diante de Deus como “misericordioso e fiel” (Hb 2.17), aquele que sabe, através de sua natureza humana, o que é suportar a tentação.

Em Deuteronômio 8.3 “de toda palavra” se refere à palavra de Deus de orientação no deserto e sua provisão de maná. Jesus não desistirá de sua confiança em que Deus lhe fará provisão. Jesus responde a cada uma das tentações de Satanás com uma referência à Escritura. A “espada do Espírito” é a Palavra de Deus (Ef 6.17), e Jesus confia na Escritura para a vitória em sua luta espiritual.

O “pináculo do templo” é parte do muro do templo voltada para o Vale Cedrom, que leva a uma vertiginosa descida do topo do muro do templo até o fundo do vale.

Satanás cita a Escritura (4.6), porém usa Salmos 91.11, 12 de uma maneira exatamente oposta ao significado original. Salmos 91 constitui uma exortação à confiança em Deus; Satanás tenta substituir a confiança com um teste, lançando dúvida acerca da fidelidade de Deus. Presunção não é uma marca de grande fé, mas, sim, a evidência de nenhuma fé. Ver nota teológica “Satanás”, na p. 760. Estrategicamente, o tentador evita Salmos 91.13 (“calcarás aos pés a serpente”), alusão ao anúncio mais antigo na Escritura sobre a derrota da “antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo” (Ap 12.9; cf. Gn 3.15).

Jesus rejeita a idolatria com todo o zelo do culto genuíno, citando Deuteronômio 6.13. Ele ordena que Satanás se afaste, tendo vencido o “valente” (12.29).

7. Filipenses 2.5–11

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.

O versículo 2.5 conecta as exortações (vv. 1-4) com o hino a respeito de Cristo (vv. 6-11). Dirigindo-se ao orgulho que está na raiz da discórdia dos filipenses (1.27–2.4), Paulo mostra Cristo como o supremo exemplo de humildade. Mas Cristo é não somente um exemplo (Rm 15.1-3; 2Co 10.1); ele é, antes e acima de tudo, Senhor e Salvador (v. 11; 3.20).

Esse “Hino para Cristo” (2.6-11) pode ser dividido em seis estrofes. As três primeiras (vv. 6-8) celebram a humilhação de Cristo, enquanto as três últimas (vv. 9-11) celebram sua exaltação.

A palavra “forma” refere-se à realidade subjacente, e não à aparência. Ser Jesus na “forma de Deus” significa que ele é divino, como o ato de assumir a “forma de servo [escravo]” envolveu o ato de abraçar humildemente essa identidade em sua encarnação (v. 7).

A figura de linguagem “não… usurpação” significa que algo desejável era realmente possuído, mas Cristo não o utilizou em vantagem pessoal. Ao contrário de Adão no jardim, Cristo não tentou tornar-se Deus, nem se aproveitou dos privilégios que sempre foram dele, movido por interesse próprio.

A expressão “a si mesmo se esvaziou” não diz que Cristo removeu de si mesmo ou sua deidade ou sua identidade como Deus. Em vez disso, o Filho de Deus acrescentou à sua pessoa a natureza humana, sem renunciar a qualquer de seus atributos divinos. A expressão significa que ele humilhou a si mesmo (v. 8), não perdendo seu ser divino, mas abraçando desonra ao se tornar humano. O caráter de seu “autoesvaziamento” é definido em três expressões que se seguem (“assumindo… tornando-se… reconhecido em”).

“A forma de servo” ou seja, de um escravo. Essa linguagem expressa vividamente a disposição de Cristo em se privar do gozo da glória de seu status e identidade divinos (v. 6, nota). Embora continuasse a ter essa glória, chegando até mesmo a revelar seu esplendor aos discípulos de vez em quando (por exemplo, Mt 17.1-8), Cristo a ocultou em carne humana durante seu ministério terreno, a fim de salvar seu povo dos pecados deles.

Cristo é verdadeiramente humano “em semelhança de homens”. “Semelhança” significa mais do que similaridade. Para morrer (v. 8), ele tinha de ser completamente humano. Ao mesmo tempo, Paulo faz uma distinção importante entre Cristo e outros seres humanos. De uma forma diferente deles, Cristo não tem pecado (2Co 5.21; cf. Rm 8.3). E, no que diz respeito à sua natureza divina, ele permanece transcendente sobre a realidade criada. Não pode e não deixará de ser uma pessoa divina, com uma natureza divina, mesmo em sua humilhação. em figura humana. A aparência de Cristo como homem não era uma ilusão. Ele se revelou por meio de uma natureza humana genuína e completa, unida com sua natureza divina em uma única pessoa.

Ele possui todos os atributos essenciais da humanidade, embora, diferentemente de nós, nunca tenha pecado (cf. 1Pe 2.21-25).

“A si mesmo se humilhou” a linguagem é análoga à expressão “a si mesmo se esvaziou”, no v. 7. Cada ato decorre do livre exercício da vontade de Cristo.

Submissão à vontade do Pai (Hb 10.5-9) é mais importante para aquele que é igual ao Pai (v. 6) do que para qualquer outra pessoa. As palavras de Paulo abrangem toda a vida de obediência de Cristo, ao mesmo tempo que enfatizam a suprema expressão de obediência: sua morte.

A essa altura, a ênfase está na disposição de Cristo em sofrer a mais vergonhosa das mortes “de cruz”, e não na importância expiatória do evento (cf. Rm 3.21-26).

O ato do Pai “pelo que também Deus” é uma resposta direta à obediência de Cristo (At 2.24, 32-36).

Cristo é restaurado ao status glorioso que tinha no princípio “o exaltou sobremaneira” e que escolheu voluntariamente não exercer por algum tempo, a fim de se tornar servo humano (Jo 16.28; Hb 2.9, 14). o nome que está acima de todo nome.

Esse é o “nome” — ou seja, o título — “Senhor” dado a Jesus, o Messias, em sua exaltação, em reconhecimento à sua obediência completa em sua missão redentora da parte do Pai (At 2.36; Ef 1.21). Aqui, mostra-se que o Deus-homem é mais do que digno de ser chamado Senhor, porque realizou, com sucesso, a missão de trazer salvação e, por isso, sua humanidade compartilha a glória e a honra que lhe são devidas.

Isso pode significar “ao nome que pertence a Jesus”, ou seja, “Senhor” (v. 11). Paulo talvez queira dizer que a revelação de Jesus como o “Senhor” é o sinal de que “todo joelho” deve dobrar-se para oferecer adoração e de que toda língua deve aclamá-lo como Senhor. Paulo alude a Isaías 45.14-25, em que o dobrar-se de todo joelho e a confissão de toda língua (Is 45.23) são dirigidos ao Soberano da aliança de Israel, o Senhor (Yahweh), o único que é Deus e pode salvar (Is 45.22).

A humildade obediente de Cristo resultou em sua glória (cf. Mt 23.12). Na Septuaginta, “Yahweh”, o nome pactual de Deus, é representado pelo título “Senhor” (do grego kyrios), que aparece nas versões em português como “Senhor”. Agora, Jesus é identificado com o Senhor de Isaías. Na consumação da restauração de Israel profetizada por Isaías, em Isaías 45.23-25 (cumprida na Igreja, que, pela união com Cristo, é o verdadeiro Israel), no fim do tempo, todos se sujeitarão a Jesus, porque ele é o Senhor divino e soberano. Agora, Cristo é aclamado como aquele que ele sempre foi, o verdadeiro Deus (1Jo 5.20), sendo, portanto, adorado como tal. A atribuição de louvor envolve tanto a humanidade (“Jesus”) como a divindade (“Senhor”) de Cristo. Ele é reconhecido como Deus-homem, exaltado e entronizado. 

Jesus Cristo é o Filho do Pai. Tão unidas são as pessoas da Divindade que o ato de adorar o Filho glorifica o Pai. Embora Paulo faça isso em outras passagens (Rm 8.3. Gl 4.4), em Filipenses ele não se refere explicitamente a Jesus como o Filho de Deus.

8. 1 João 4.2–3

Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo.

João distingue o evangelho do erro docético de que Jesus não era verdadeiramente humano. A humanidade de Cristo era essencial se ele tinha de morrer como um representante verdadeiramente humano em favor de pecadores humanos.

9. 2 Coríntios 5.21

Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.

Um resumo importante da mensagem do evangelho no versículo 2.10 explica como Deus imputou nosso pecado a Cristo. Como juiz, Deus atribuiu a responsabilidade de nosso pecado a Cristo, tornando possível que ele recebesse justamente a punição que merecemos pelo pecado (Is 53.6; 1Pe 2.24). Esse versículo mostra que Cristo foi nosso substituto, aceitando a penalidade do pecado em nosso lugar.

Deus não somente imputou nosso pecado a Cristo. Também imputou a perfeita justiça de Cristo a nós “para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (ou seja, ele a considerou pertencente a nós – Fp 3.9). Essa imputação precede a realização da justiça de Deus em nosso caráter moral por meio da santificação. Todo cristão possui legalmente a perfeita justiça de Cristo imputada por Deus e recebida somente pela fé.

10. João 19.28–30

Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede! Estava ali um vaso cheio de vinagre. Embeberam de vinagre uma esponja e, fixando-a num caniço de hissopo, lha chegaram à boca. Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, frendeu o espírito.

A experiência mais profunda, de suportar no lugar de seu povo a ira de Deus contra o pecado (Mt 27.46; Mc 15.34), parece chegar ao fim. para se cumprir a Escritura. Tanto a intensa sede de Jesus (Sl 42.2; 63.1) como o vinagre oferecido para fazê-la cessar (Sl 69.21) constituem cumprimentos da Escritura. No início da tarde, ele havia rejeitado beber vinho, o que teria anestesiado sua dor (Mt 27.34); agora ele aceita um gole de um vinho diferente e não anestésico em preparação para seu grito final de vitória: “Está consumado!” (v. 30).

Lucas 23.46 registra o ato de Jesus render seu espírito nas mãos do Pai, ecoando as palavras de Salmos 31.5. Sua decisão de morrer naquele momento demonstra que, voluntariamente, ele entrega sua vida, em vez de outros a arrebatarem dele (10.17, 18).


Autor: Editorial online do Ministério Fiel

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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