A monarquia de Israel desencadeou não somente uma era de louvores poéticos por meio do rei Davi, para a glória do nome de Deus, mas também a edificação de um templo, por meio do rei Salomão, cujo propósito era a exaltação do nome de Deus no ato de experimentar da misericórdia divina.
De uma forma maravilhosa e talvez ainda mais óbvia, sem a existência de uma monarquia em Israel — não importando quão ímpia tenha chegado a ser —, não haveria um reinado final de Jesus, o Messias. Não haveria um clamor “Tem compaixão de nós, Filho de Davi!” (Mt 9.27), nem a confissão de Natanael: “Tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!” (Jo 1.49), tampouco um rei entrando em Jerusalém humilde e montado num jumento (Mt 21.5), um Salvador crucificado com uma placa acima de sua cabeça dizendo: “REI DOS JUDEUS” (Mt 27.37) ou um soberano vindouro chamado “Rei dos reis” (1Tm 6.15).
Em outras palavras, todas as dimensões reais da encarnação do Filho de Deus, como o Messias, estavam em formação quando Deus ordenou o estabelecimento da monarquia em Israel. E, como veremos, quase tudo sobre a obra real de Jesus na terra e no céu foi planejado para manifestar e exaltar a glória de seu Pai, especialmente a glória de sua graça.
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. – João 1.14
Essa revelação final e decisiva da glória da graça de Deus — a revelação da encarnação de Cristo, o ungido Filho de Davi — foi o desígnio supremo da monarquia de Israel. Foi supremo se incluirmos, na revelação da glória do Rei Jesus, a experiência de seu povo ver essa glória, provar essa glória e refletir essa glória.
O objetivo supremo da providência ao estabelecer uma monarquia em Israel não será atingido até que o povo redimido do Rei Jesus veja nessa monarquia a sua perfeição e a perfeição dele. Isso foi o que Jesus orou em João 17.24: “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória”. Sim. Mas nem mesmo ver a glória dele é o objetivo supremo. O objetivo supremo é vê-la com alegria. Quando Jesus nos receber na presença de sua glória final, ele dirá: “Entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25.21). Quando o gozo do Senhor se tornar o gozo de seu povo aperfeiçoado, a alegria deles será completa (Jo 15.11). E eles serão transformados na semelhança daquele que eles vêem com alegria completa (1Jo 3.2; 2Co 3.18).
O propósito supremo da monarquia de Israel será realizado finalmente quando Jesus sentar-se no “trono de Davi, seu pai” (Lc 1.32-33) e reinar não somente sobre um Israel redimido, mas também sobre um reino de adoradores de todas as nações (Ap 5.10). Eles o verão exaltado como o “Senhor dos senhores e o Rei dos reis” (Ap 17.14). E ficarão satisfeitos sob seu governo gracioso:
Aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima. – Apocalipse 7.15-17
E, em sua alegria, eles “resplandecerão como o sol, no reino do seu Pai” e “do seu Cristo” (Mt 13.43; Ap 11.15). Nessa semelhança com Cristo jubilosa e transformada, a glória do “Rei eterno” (1Tm 1.17) encherá toda a criação.
Este artigo é um trecho adaptado com permissão do livro Providência, de John Piper, Editora Fiel.