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10 versículos-chave da Bíblia sobre Família

A família ocupa um lugar central no propósito de Deus desde a criação. Em toda a Escritura, encontramos orientações claras, advertências amorosas e promessas preciosas sobre como viver para a glória de Deus no contexto do lar. Este artigo reúne dez versículos-chave — acompanhados de comentários selecionados da Bíblia de Estudo da Fé Reformada — que revelam a sabedoria do Senhor para esposos, esposas, pais, filhos e para todos que desejam honrar a Cristo em suas relações familiares. Que esta breve seleção sirva como guia, encorajamento e fundamento para famílias que buscam edificar sua casa sobre a rocha firme da Palavra de Deus.

Confira 10 versículos bíblicos sobre família, acompanhados de comentários da nossa Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância, que ajudam a perceber como essa temática percorre toda a Escritura:

Gênesis 1.28

E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.

As genealogias dos capítulos 5, 9, 11, 25, 36 e 46 dão testemunho do cumprimento dessa bênção. Ver v. 22; 9.1 e notas.

Sob a bênção divina, os humanos cumprem seu mandato cultural (v. 26 e nota), nomeando e cuidando da criação (2.19, 20; cf. v. 5). Essa atividade expressa a manutenção da imagem do Rei criador. Entretanto, a raça caída frequentemente distorce essa atividade para sua própria deificação e abusa da criação.

Êxodo 20.12

Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá.

Com esse quinto mandamento, o Decálogo se volta para as relações humanas, a começar pela família. A honra para com os pais é a âncora da sociedade, e junge os filhos aos pais na comunidade da fé. A promessa e a advertência implícitas nesse mandamento são singulares nessa série. O desrespeito em relação aos pais é uma questão muito séria, pois também desonra o Senhor.

Gênesis 2.24

Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.

No matrimônio, as prioridades do homem mudam. As obrigações para com sua esposa assumem precedência.

“E se une” é a linguagem do compromisso pactual. Os humanos nunca são como o Deus fiel à aliança mais do que quando eles mesmos comprometem-se em aliança um com o outro. O matrimônio retrata a relação de Deus com seu povo

(Os 2.14-23; Ef 5.22-32).

“Uma só carne” é uma frase apropriada à profunda solidariedade da relação matrimonial. O singular e pleno comprometimento envolvido indica que Deus, desde o princípio, tencionava que o matrimônio fosse monógamo.

Marcos 10.2–12

E, aproximando-se alguns fariseus, o experimentaram, perguntando-lhe: É lícito ao marido repudiar sua mulher? Ele lhes respondeu: Que vos ordenou Moisés? Tornaram eles: Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar. Mas Jesus lhes disse: Por causa da dureza do vosso coração, ele vos deixou escrito esse mandamento; porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe [e unir-se-á a sua mulher], e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.

Em casa, voltaram os discípulos a interrogá-lo sobre este assunto. E ele lhes disse: Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela. E, se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.

A pergunta: “É lícito… repudiar” – é vaga, porque Deuteronômio 24.1-4 já indica que a resposta depende das circunstâncias. Talvez os fariseus quisessem arrastar Jesus ao debate sobre Herodes Antipas e sua esposa ilegítima (6.17, nota). As duas principais escolas rabínicas daqueles dias estavam em desacordo sobre o significado da palavra “coisa indecente”. A escola que seguia o rabino Shamai limitava essa base à infidelidade sexual, enquanto a escola do rabino Hillel endossava uma ampla gama de razões para uma esposa “agradável” aos olhos de seu esposo (Dt 24.1). Se os questionadores de Jesus visavam que ele tomasse partido nesse debate, sua conclusão se aproxima mais do ponto de vista de Shamai, porém Jesus expande a discussão, colocando o próprio matrimônio no contexto do desígnio criacional de Deus, revelado em Gênesis 1.27; 2.24.

Usualmente, o argumento de Jesus – desde o princípio – não se baseia na tradição (7.1-13, nota), mas busca a intenção da Escritura e de seus reais requerimentos (veja Mt 5.20-22, 27-32). No que diz respeito ao matrimônio, Jesus mostra que, no tempo da nova aliança, apesar da presença contínua do pecado, as ordenanças advindas da criação continuam a servir de norma para a vida e a conduta humanas (ver Ef 5.22-33).

A ordem da criação deve ser mantida – uma só carne – o casamento monogâmico deve ser fomentado e preservado.

Quem repudiar – esse é um mandamento básico sobre a inviolabilidade do matrimônio. Entretanto, aqui Jesus especifica uma base válida para o divórcio: a infidelidade conjugal (Mt 5.32; 19.9). Paulo dá outras bases (1Co 7.12-16).

Efésios 6.1–4

Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra.

E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, umas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.

Na igreja, os filhos têm a responsabilidade de viver como discípulos do Senhor Jesus Cristo. Para Paulo, parte do que caracteriza a cultura gentia que está sob o juízo de Deus é ser marcada pela desobediência dos filhos a seus pais (Rm 1.30; 2Tm 3.2).

“O primeiro mandamento com promessa” – A lei de Deus perdeu seu poder de condenar aqueles que estão em Cristo (Cl 2.13, 14), e a observância da lei cerimonial foi ab-rogada depois de seu cumprimento em Cristo (2.15; Cl 2.16-17). No entanto, os “preceitos mais importantes da Lei” (Mt 23.23) são a revelação do caráter de Deus e fornecem princípios éticos permanentes, encontrados no Decálogo, que Paulo cita aqui (Êx 20.12) e que definem o chamado cristão para responder a graça divina com amor a Deus e aos outros, pelo que eles cumprem a lei (Rm 13.8-10; Gl 5.13, 14). Um desses princípios é que os filhos devem honrar seus pais.

A promessa – “sejas de longa vida sobre a terra” – que apoia o quarto mandamento antecipa as bençãos pactuais oferecidas a Israel por ocasião de sua entrada na Terra Prometida (Dt 28.1-14). A residência de Israel nessa terra prefigurava a nova aliança de vida eterna dos crentes na “pátria celestial”, na nova Criação pela qual os patriarcas esperaram (Hb 11.10, 13-16; 13.14; Rm 4.13) — o dom da graça de Deus recebido por fé perseverante.

Por outro lado, Paulo enfatiza para os pais a responsabilidade dos que estão em autoridade.

“Criai-os” – O texto grego sugere a ideia de nutrir e ajudar a florescer (cf. 5.29). Aos pais, são confiados a mente, os sentimentos e o corpo de tenros portadores da imagem de Deus. De acordo com isso, os filhos não existem para os pais, e sim os pais para os filhos — com vistas a ajudá-los a chegar a sua própria personalidade diante de Deus.

A disciplina é modulação da vontade por meio de treinamento e correção.

A admoestação é a modelação da mente por meio de ensino e reprimenda.

Colossenses 3.20-21

Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é grato diante do Senhor. Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não fiquem desanimados.

Ver notas em Efésios 6.1-3, 4.

Salmo 127.3–5

Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão.

Como flechas na mão do d guerreiro, assim os filhos da mocidade.

Feliz o homem que enche deles a sua aljava; não será envergonhado,

quando pleitear com os inimigos e à porta

Essa sábia oração encaixa duas partes relacionadas. A primeira estrofe (vv. 1, 2) expressa a convicção de que o esforço humano não tem valor apartado de Deus (com a passagem paralela de Eclesiastes), seja na edificação de uma casa, seja na defesa de uma cidade, seja ainda em ganhar a vida. A segunda estrofe (vv. 3-5) enfatiza outro significado de construção, a saber, criar filhos. Os filhos são uma dádiva de Deus. 

Um pai poderia ser sustentado durante a velhice pelos filhos fortes e jovens. Os filhos redundavam no cumprimento da promessa feita a Abraão de que o povo escolhido se tornaria uma nação grande e numerosa (Gn 12.1-3). O foco último da promessa abraâmica de muitos descendentes é posto em Jesus Cristo. Na atualidade, o salmo expressa a alegria dos pais cristãos quando ponderam sobre a dádiva divina de filhos e sua promessa feita a eles (At 2.39).

Esses versículos (3-5) ensinam a produtividade do esforço humano acompanhado pela agência divina.

Literalmente, “filhos” do sexo masculino. Embora o hebraico para “filhos” possa referir-se, em alguns contextos, a “crianças” de uma forma geral, como, por exemplo, 128.3, aqui estão em pauta filhos do sexo masculino que defenderão o pai idoso.

“Enche deles a sua aljava” – Diferente de algumas traduções que usam a voz passiva nessa passagem, no original em inglês a ESV usa corretamente a voz ativa.

Os segmentos do pátio formal – à porta – eram mantidos nas cercanias das portas da cidade. Os filhos atuariam como defensores do pai idoso.

Provérbios 17.6

Coroa dos velhos são os v filhos dos filhos; e a glória dos filhos são os pais.

O desejo natural de todos os pais de terem netos era proeminente em Israel, onde as bênçãos plenas da aliança, que estavam no futuro, seriam possuídas pelos descendentes (Sl 127.3; 128.1-6).

“Glória dos filhos são os pais” – Ver Êxodo 20.12.

Os pais são os guardiães e os mais influentes professores da verdade divina para os filhos.

1 Timóteo 5.4

Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar a seus progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus.

Aquelas que eram verdadeiramente viúvas necessitadas não tinham família da qual pudessem receber sustento (vv. 8, 16).

Lucas 8.19-21

Vieram ter com ele sua mãe e seus irmãos e não podiam aproximar-se por causa da concorrência de povo. E lhe comunicaram: 

— Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te.

Ele, porém, lhes respondeu: 

— Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam.

Os que creem que Maria permaneceu virgem durante toda a sua vida consideram esses [irmãos] primos ou filhos de José nascidos de um primeiro casamento. Mas não há

evidência que corrobore esse ponto de vista e, em outro lugar, faz-se menção aos irmãos e às irmãs de Jesus (Mc 6.3).

As palavras de Jesus não significam que ele repudie sua família terrena. Ele era cuidadoso com Maria, mesmo enquanto pendia da cruz (Jo 19.26, 27). Sua tese é que o serviço de Deus e sua obra como Messias são mais importantes do que qualquer relação natural (14.6). Os que ouvem e atentam para a Palavra de Deus pertencem à família de Jesus, não importando sua linhagem ou seus antecedentes.

Edição por Renata Gandolfo.


Este artigo faz parte da série Versículos-chave.

Todas as seções de comentários adaptadas da Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância, Editora Fiel.


Autor: Editorial online do Ministério Fiel

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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