quarta-feira, 12 de novembro
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A boa autoridade que transforma vidas

A submissão bíblica e a liderança semelhante à de Cristo

Nos primeiros anos de casados, Tommy e Tammy foram membros de algumas igrejas problemáticas. Com o passar do tempo, porém, passaram a fazer parte de uma igreja saudável e, depois, de outra. Em ambas, os líderes exerciam autoridade de forma responsável. Tammy, junto com seu marido, atribui aos pastores dessas duas igrejas um papel fundamental em ajudá-la a crescer e tornar-se a mulher que ela hoje é:

Algo que nos chamou a atenção nas duas últimas igrejas que frequentamos foi a seriedade com que os presbíteros e pastores dessas igrejas lideram o corpo de Cristo, algo que Tommy e eu não tínhamos experimentado em igrejas anteriores. Estávamos acostumados com líderes egoístas e dominadores, que só se importavam em usar sua autoridade para servirem a si, não a Deus e aos outros. Eles diziam coisas como: “Eu sou o pastor; você precisa fazer o que eu digo”; ou: “Eu conheço a Bíblia melhor do que você, então você não pode questionar o que eu digo ou as decisões que eu tomo.” Essa também era a atitude do meu padrasto. Ninguém nunca podia desafiá-lo sem consequências.

O que era diferente nessas duas igrejas?

Uma submissão genuína ao senhorio de Cristo entre os líderes. Esses homens levam a sério a obediência à Palavra de Deus. Tommy e eu ficamos chocados. Eles realmente se importaram conosco, e isso ficou evidente em seus repetidos atos de serviço à nossa família, muitas vezes à custa de seu próprio conforto ou conveniência.

Lembro-me do pastor P., que ajustou sua agenda quando meu marido começou a trabalhar à noite e queríamos participar de um pequeno grupo. Lembro-me dele levando sua filha para a faculdade em outro estado e, logo após voltar, vindo prontamente nos ajudar com a mudança. Ele também me ajudou a entender que submissão bíblica não significa silêncio, mas usar minha voz para refletir Cristo ao apoiar e encorajar a liderança das autoridades sobre mim, como meu marido, pastor ou governo. Ele ainda dizia que qualquer líder que não escuta e valoriza as contribuições de quem lidera é, na verdade, um tolo.

Lembro-me do pastor L., que conversou comigo sobre minhas dificuldades com a autoridade em meu casamento, guiando-me pelas Escrituras e me trazendo à memória que minha ira era insignificante quando comparada à ira de Deus.

Lembro-me do pastor M., que esteve ao nosso lado quando meu avô materno faleceu. Ele esteve conosco em todo o processo, do início ao fim, sempre reafirmando que era nosso pastor e que sua missão era nos servir.

Esses são apenas alguns exemplos, mas há mais. Esta é a liderança semelhante a Cristo: autoridade que busca nutrir, proteger, amar, servir e se sacrificar pelas pessoas a quem lidera, e tudo para a glória de Deus. Eles não dominam os outros, mas lideram e servem as pessoas voluntariamente, como um exemplo semelhante ao de Cristo.

Tammy concluiu:

Embora seja verdade que o Senhor usou Tommy e sua liderança para me ajudar a passar por muita coisa, também é necessário apontar para a bondade do Senhor para conosco em nos conceder igrejas comprometidas com o ensino bíblico sólido, em exaltar Cristo e seu senhorio, e com uma liderança que exemplifica autoridade semelhante à de Cristo. É por causa desses meios de graça que eu e Tommy somos quem somos hoje.

Retratos do antes e do depois

Como mencionei, os primeiros anos de casamento de Tammy e Tommy foram desafiadores. A situação, porém, começou a mudar por volta dos dez anos. Tammy passou a confiar mais em seu marido e a confrontá-lo com menos frequência, desenvolvendo um controle cada vez maior da sua língua. Também passou a desejar ser gentil para com os filhos, ao passo que antes era “verbalmente abusiva”. Tammy tem amadurecido na graça e se transformou na mulher que eu e minha esposa conhecemos hoje: piedosa, confiante, humilde, sempre pronta a oferecer uma palavra bíblica de encorajamento. Pedi-lhe que descrevesse algumas imagens de “antes” e “depois”, e ela compartilhou várias:

Antes, eu não confiava na liderança e autoridade de Tommy. Hoje, tendo aprendido sobre a soberania de Deus, confio mais nas decisões de Tommy.

Antes, era muito iracunda. Esperava que os líderes dissessem: “O líder aqui sou eu; fique quieta!”; e, por isso, começava as conversas de forma combativa.

Contudo, Tommy não é esse tipo de líder. Hoje, começo os diálogos de forma respeitosa, não buscando meu próprio ganho, mas procurando ser uma voz para o meu marido e deixando Deus determinar se Tommy a escuta ou não.

Antes, eu era muito competitiva com Tommy. Hoje, procuro complementar e encorajar sua liderança.

Antes, eu era verbalmente abusiva com meus filhos. Eles têm memórias disso. Hoje, sou muito cuidadosa na forma como me comunico. Tento não deixar nenhuma palavra prejudicial sair da minha boca, mas falo apenas para transmitir graça. Recentemente, um sermão me convenceu de um pecado. Minha filha se inclinou e tentou me encorajar, dizendo: “Você não é mais como costumava ser”. O que aprendi é que meus filhos não precisam ver uma mãe perfeita, mas uma mãe crescendo na graça e no poder do evangelho. Eles não precisam ver minha perfeição, mas minha direção.

Antes, eu tinha uma postura crítica e julgadora. Hoje, embora ainda não seja uma grande encorajadora e tenha facilidade em perceber e apontar o que está errado, esforço-me para agir com graça e oferecer palavras de ânimo. Procuro não retribuir o mal com o mal, mas responder com uma bênção.

Antes, eu criava meus filhos com o objetivo único de fazer com que eles me obedecessem e me respeitassem. Hoje, quero que eles aprendam a amar a Deus e se submeter à sua autoridade — isso inclui me obedecer, sim, mas ele é o foco, e não eu.

Antes, meu relacionamento com minha filha mais velha era complicado, pois eu mesma nunca tive uma conexão real com minha mãe. Às vezes, minha filha queria um abraço, e eu respondia de forma fria e automática, porque eu mesma não conhecia o calor do afeto materno. Hoje, ela entende essa parte da minha história e me trata com muita graça. Ela gosta de atividades mais femininas; eu não. Mesmo assim, lá vamos nós: fazer compras, experimentar maquiagem! Eu gosto de vê-la aproveitando experiências que eu mesma não tive na infância.

Conclusão

Tammy cresceu em um lar terrível. Ela precisava de resgate — e Deus enviou uma agência governamental e o pai de uma amiga. Precisava também de salvação e perdão — e Deus enviou um evangelista. Precisava ainda de treinamento e crescimento na piedade — e Deus enviou um marido, duas igrejas e alguns pastores. Hoje, Tammy é mais um exemplo do minucioso trabalho de Deus, criada para realizar boas obras e exibir a glória dele.

A vida dela nos ensina que a solução para a má autoridade não é nenhuma autoridade, mas uma boa autoridade. Essa também é a lição do evangelho, uma palavra que significa “boas-novas”. Refere-se às boas-novas de Jesus, o qual morreu na cruz pelos pecadores e ressuscitou para a nossa salvação. A questão é que os cristãos pensam no evangelho como bom, mas na submissão como ruim; pelo menos esse é, em geral, nosso instinto.

Este artigo é um trecho adaptado e retirado com permissão do livro Autoridade redimida, de Jonathan Leeman, Editora Fiel (em breve).



Autor: Jonathan Leeman

Jonathan Leeman (PhD, University of Wales) é presidente do 9Marks, um dos pastores na Cheverly Baptist Church, professor em seminários e autor de livros de eclesiologia, entre eles Autoridade (Editora Fiel).

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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