sexta-feira, 12 de dezembro
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O gênero e a estrutura literária de 1 Reis e 2 Reis

Este artigo faz parte da série Gênero e Características literárias dos livros da Bíblia, que são artigos retirados e adaptados com permissão da Bíblia de Estudo da Fé Reformada, Editora Fiel.


O conhecimento do gênero literário de um livro bíblico visa conduzir o leitor ao melhor entendimento das Escrituras, já que a Palavra de Deus é inspirada e que o próprio Deus planejou a escrita de cada gênero para um determinado fim. Esperamos que conhecer o gênero e a estrutura literária de cada livro ofereça ao leitor uma leitura e estudo bíblico mais profundo e proveitoso.

Os livros de 1 e 2 Reis

Gênero e estrutura literária

Os livros de 1 e 2 Reis apresentam a história da monarquia de Israel e Judá sob a perspectiva do verdadeiro Rei: o Senhor. Este artigo destaca o gênero narrativo e as principais características literárias dessas obras, revelando como Deus conduz a história do seu povo para cumprir seus propósitos eternos.

Gênero

O estilo literário dominante de 1 e 2 Reis é a narrativa e a prosa históricas. Todavia, tal como ocorre em outros livros da Bíblia, os livros de Reis entretecem vários outros estilos literários de composição dentro da estrutura global de narrativa histórica. Por exemplo, o autor emprega história curta (1Rs 3.16-28), oração (1Rs 8.22- 53; 2Rs 19.14-19), bênção (1Rs 8.54-61), intriga palaciana (1Rs 11.14-40), profecia (1Rs 13.1-3; 2Rs 19.20-28), elogio (1Rs 14.19-20) e relato de milagres (1Rs 17.17-24). O cerne dos livros é uma história da monarquia de Israel e Judá que demonstra que Deus é o verdadeiro rei sobre todas as coisas.

Característica literárias

Após registrar o reinado de Salomão (1Rs 1.28 – 11.43), o autor bíblico traz uma descrição detalhada da divisão da monarquia (1Rs 12.1–14.31). Desse ponto em diante, boa parte do material nos dois livros se debruça sobre a história dos dois reinos, Israel (norte) e Judá (sul). O escritor alterna entre os dois reinos para sublinhar que, na realidade, está apresentando a história de um povo — o povo de Deus. Esse ciclo entre os reinados do norte e do sul continua até que o reino do norte seja capturado e levado para o exílio pelos assírios, em 721 a.C. (2Rs 17.6-41). Então, o autor traça a história do reinado de Judá até a queda daquela nação, em 586 a.C. (2Rs 18.1–25.30).

O relato dos reinados de reis individuais aparece nos livros numa estrutura (ou arcabouço) invariavelmente consistente. Normativamente, um reinado tem uma seção introdutória que começa com a data em que um rei ascende ao trono, com base no ano de um rei contemporâneo no outro reino. Assim, por exemplo, lemos: “No décimo oitavo ano do rei Jeroboão, filho de Nebate, Abias começou a reinar sobre Judá” (1Rs 15.1). Algumas vezes, a isso se segue a idade do rei quando ascende ao trono, tal como “Era Josafá da idade de trinta e cinco anos quando começou a reinar” (1Rs 22.42). Então, inclui-se a extensão do reinado do rei. Seu ancestral aparece a seguir: para os reis da Judeia, em geral o nome da mãe é acrescentado; para os reis israelitas, normalmente é o nome do pai. Por fim, a seção introdutória provê um resumo teológico da natureza do reinado do rei. Essa avaliação teológica tem o aspecto de fórmula: para os reis do reino do norte, normalmente a avaliação moral é lida como: “fez o que era mau aos olhos do Senhor”. E, com frequência, o rei em questão é comparado ao padrão de perversidade monárquica em Israel, ou seja, Jeroboão I. Sobre o rei, o autor diz que “andou no caminho de Jeroboão” (p. ex., 1Rs 15.26, 34; 16.19, 26; 22.52; 2Rs 10.29; 13.2, 11). Todos os reis do reino do norte recebem uma avaliação negativa. Igualmente, alguns reis do sul também recebem uma avaliação negativa (p. ex., 1Rs 15.3). Alguns reis recebem aprovação restrita, fazendo o que é reto aos olhos do Senhor, porém não removendo os lugares altos (p. ex., 1Rs 15.11-14). Somente dois reis receberam aprovação irrestrita: Ezequias (2Rs 18.3-4) e Josias (2Rs 22.2). O paradigma da bondade para os reis do sul é Davi (1Rs 15.11; 2Rs 18.3; 22.2).

Os reinados de alguns reis também contêm observações conclusivas estereotipadas. Em geral, provê-se um obituário no qual a morte do rei é relatada. Para os reis de Judá, algumas vezes se traz mais informação, como, por exemplo, o lugar de sepultamento, o qual às vezes é “na Cidade de Davi” (1Rs 15.24; 2Rs 14.20; 15.7, 38; 16.20). Além disso, aparece uma nota de sucessão, designando o filho régio específico que ascendeu ao trono ou, se aplicável, o nome do usurpador que se apoderou do trono (p. ex., 1Rs 15.8, 24; 16.28; 2Rs 10.35; 12.21; 13.9).

As fórmulas introdutória e conclusiva agrupam os eventos e incidentes que o autor bíblico registra acerca daquele rei. Cada monarca é lembrado pelo menos por um episódio maior durante seu reinado, embora certos reis recebam tratamentos mais extensos.

Edição por Renata Gandolfo.

Este artigo foi retirado e adaptado com permissão do material de estudo da Bíblia de Estudo da Fé Reformada, Editora Fiel e Ligonier.

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Autor: Editorial online do Ministério Fiel

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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