Jesus ensinou seus discípulos em Mateus 28.20 a continuarem ensinado tudo o que eles haviam aprendido com o seu Mestre e Senhor. Os cristãos devem aprender com Jesus e ensinar o que ele ordenou. Ensinar a Bíblia é algo importante para a vida cristã. Separamos 10 versículos-chave sobre o ensino da Bíblia com comentários adaptados da nossa Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância.
2 Timóteo 4.1–4
Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.
Retornando ao propósito pelo qual ele deixou Timóteo em Éfeso (1.3-20), Paulo prossegue com seu ataque contra os falsos mestres e seus ensinos.
Talvez uma revelação específica que o Espírito Santo tenha dado a alguém, talvez a Paulo mesmo (At 20.22-31; cf. 21.11).
“Nos últimos tempos” não se trata de um período futuro antes da segunda vinda de Cristo. Em vez disso, em harmonia com a perspectiva geral do Novo Testamento, é a era inaugurada pelo primeiro advento de Cristo e consumada em seu retorno (At 2.17; Hb 1.2; 1Pe 1.20; 1Jo 2.18; cf. 2Tm 3.1). A tribulação do fim do tempo teve início (2Ts 2.7; 1Jo 2.18) e ficará pior quando o próprio fim se aproximar (2Ts 2.3, 4).
“Alguns apostatarão… demônios” é uma referência aos falsos mestres que surgiram dentro da igreja. Aqui, o aspecto específico da tribulação dos últimos dias é falsa doutrina e engano.
Os falsos mestres promoviam um estilo de vida rigoroso (cf. Cl 2.20-23), proíbiam o casamento e exigiam abstinência de alimentos. Alguns argumentavam que, se o mundo material era mau, o indivíduo espiritual deveria evitá-lo. Outros inferiam, da mesma visão negativa da realidade material, que satisfazer os desejos sensuais não surtia nenhum efeito na condição, identidade e posição espiritual de uma o desfrute prazeroso e santo dos dons materiais de Deus como abusar desses dons de maneira contrária à Palavra de Deus.
O argumento seguinte está focado em alimentos – alimentos que Deus criou. Paulo já havia afirmado o casamento em 3.2, 12.
Ao contrário dos falsos mestres, o cristão afirma a bondade essencial da Criação de Deus (Gn 1) – tudo que Deus criou é bom – e, por isso, usa as coisas criadas como Deus ordena que sejam usadas.
Romanos 12.4–8
Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo; ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria.
Como em 1 Coríntios 12, Paulo faz uso da analogia do corpo e de suas várias partes para ilustrar a natureza da Igreja. Ele enfatiza a unidade (v. 5) e a diversidade da Igreja (v. 6), bem como a necessidade de reconhecer os dons pessoais e usá-los diligente e adequadamente em serviço dos outros (vv. 6-8).
Profetizar é, em sua origem, falar a palavra de Deus por inspiração e chamado do Espírito Santo. Nesse sentido, a profecia do Novo Testamento é idêntica a do Antigo. Aqui e em outras passagens, distingue-se entre profecia e ensino (v. 7; cf. At 13.1; 1Co 12.29; Ef 4.11), porque é um dom revelador (At 13.1-3; 21.10, 11).
Alguns intérpretes veem “fé” como o próprio profeta mostrando fé (cf. vv. 3, 6). De modo menos plausível, outros entendem que a “fé” significa o conteúdo de verdade do evangelho como o padrão e a medida de cada declaração profética (cuja referência na teologia é “analogia de fé”), um critério vital para testar se a declaração se conforma com “o padrão das sãs palavras” (2Tm 1.13).
Paulo reconhece a ampla variedade e praticidade desses dons (do grego charismata), bem como o entrelaçamento dos talentos naturais com eles. Em toda essa passagem, é claro que a benção daqueles que são objetos desses ministérios é a consideração primordial no uso dos dons.
Gálatas 6.6
Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui.
Embora Paulo nem sempre reforçasse esse direito de receber apoio financeiro daqueles que são instruídos, argumentava que é apropriado que “os que pregam o evangelho (…) vivam do evangelho” (1Co 9.3-14).
Colossenses 3.16
Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.
Porque os crentes estão unidos a Cristo (3.3, nota), não somente a “palavra de Cristo”, mas também o próprio Cristo, vive no coração deles (Gl 2.20; Ef 3.17; cf. Rm 8.9). Com a sabedoria de Deus presente dessa maneira (3.3; cf. 1Co 1.30), as exigências éticas do amor cristão podem ser vivenciadas em cada parte da vida, incluindo as responsabilidades diárias, que são revistas em 3.18–4.6.
A primeira metade deste versículo é uma reminiscência de 1.28. No ministério dos colossenses uns para os outros, a palavra de Cristo será tão eficiente quanto a presença do próprio apóstolo.
Na Septuaginta, os três substantivos – salmos, e hinos, e cânticos espirituais – usados nesta frase são frequentemente sinônimos. É improvável que, em Colossenses, eles designem três tipos distintos de canção (Ef 5.19). Ver artigo “Adoração”, na p. 2383.
2 Timóteo 2.15
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
“A palavra da verdade” é todo o conselho de Deus, com ênfase no evangelho (2.8, 9; 4.2).
Tiago 3.1
Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo.
Tiago faz uma advertência solene sobre a responsabilidade dos mestres. Os mestres exercem influência sobre os alunos crédulos, um relacionamento que torna os discípulos vulneráveis a erros sérios. O mestre é estritamente responsável pelo que ensina. Esse juízo severo deve restringir os mestres de palavras descuidadas. A língua do mestre pode ser um perigo devastador. A Igreja primitiva considerava muito importante o ofício de mestre (Mt 5.19; 18.6; cf. Rm 14.10-12).
Mateus 28.19–20
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.
A Grande Comissão é dada sob a autoridade mediadora de Cristo. Visto que o domínio de Cristo é universal, o evangelho deve espalhar-se pelo mundo inteiro. Esse mandamento constitui a razão primária para o evangelismo e as missões.
Como indicam os verbos “batizando” e “ensinando”, o processo de fazer discípulos inclui, respectivamente, o evangelismo dos incrédulos — quando sã chamados ao arrependimento e à fé, bem como à submissão ao batismo, o sinal de inclusão na nova aliança — e a instrução dos crentes em uma vida conformada aos mandamentos de Jesus, em resposta à sua graça salvífica.
A mesma palavra grega para “nações” costuma ser traduzida por “gentios”. A grande promessa de que, em Abraão, todas as nações serão abençoadas (Gn 12.3) está em processo de se cumprir de se cumprir (Mt 1.1; 11.8).
Os que se tornam discípulos são batizados em (literalmente, “para”) nome do Deus trino. Há um só nome (não “nomes”) e um só batismo: Pai, Filho e Espírito são três pessoas distintas na Deidade, e as três constituem um só Deus. Os discípulos são batizados nesse nome, porque pertencem a Deus, tendo sido introduzidos na nova aliança, que expressa a vontade do Deus trino. Ver nota teológica “Os Sacramentos”.
Os discípulos não são apenas ensinados a crer, mas também a obedecer. Jesus ensinava a santidade prática, como Mateus mostra no Sermão do Monte (caps. 5-7), na instrução sobre os relacionamentos entre os crentes (cap. 18) e em outros lugares.
Em seu nascimento, Jesus foi chamado Emanuel (“Deus conosco”) e, agora, ele promete estar com seus discípulos até a consumação do século, assim como o Senhor prometera sua presença a figuras do AT, tais como Jacó (Gn 28.15) e Josué (Js 1.5-9), e a Israel como um todo (Is 43.5). Ele está com eles especificamente na responsabilidade de ensinar sua vontade ao mundo.
Como a promessa da presença de Cristo se estende além da vida terrena dos apóstolos, a comissão de fazer discípulos, inicialmente dirigida aos Onze, agora é confiada à igreja, a qual está fundada na confissão dos apóstolos (16.16-18).
2 Timóteo 2.1–2
Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.
Paulo exorta, de novo, Timóteo a ser fiel, começando com três analogias da vida cotidiana que enfatizam dedicação sincera à obra.
A afirmação “muitas testemunhas” pode referir-se à ordenação de Timóteo por meio da imposição de mãos de Paulo e de um grupo de presbíteros (1.6; 1Tm 1.18; 4.14).
Os homens fiéis e também idôneos para instruir a outros, talvez bispos (supervisores),
ou seja, presbíteros (1Tm 3.1, nota; 5.17; cf. Tt 1.7, nota).
Deuteronômio 6.4–7
Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
Com frequência chamado o Shemá – Ouve, Israel –, da palavra hebraica inicial que significa “ouvir”, esse versículo constituía a grande confissão da fé monoteísta de Israel e, até hoje, é recitado pelos judeus pela manhã e à tarde (cf. Mc 12.29). Ver nota em 5.1.
Ainda que o hebraico possa ser traduzido de diversas maneiras (ver nota do texto), deve-se entender o versículo – o Senhor… é o único Senhor – como uma afirmação tanto da unicidade como da unidade ou singularidade de Deus — o único Deus é “uno”
(Mc 12.29). Todavia, como o AT ensina implicitamente e o NT, explicitamente, há uma diferenciação de pessoas dentro da unidade da Deidade. Ver nota teológica “A Triunidade de Deus”, na p. 1204.
A expressão “de toda a tua força” no hebraico expressa totalidade. Por essa razão, algumas vezes o NT traduz como “mente e força” (Mc 12.30). Essa é a linguagem de devoção. Deus não exige mera obediência externa aos seus mandamentos, mas também amor profundo e compromisso pleno da pessoa inteira (Pv 23.26).
Tito 2.1–8
Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na constância. Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a Quanto aos moços, de igual modo, exorta-os para que, em todas as coisas, sejam criteriosos. Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito.
A palavra “sã” dá a entender que a verdadeira doutrina preserva e promove saúde espiritual (ver 1.9). Ver nota em 1 Timóteo 1.10.
Como em 1 Timóteo 5.1-2, Paulo prescreve instruções que devem ser dadas a vários grupos (homens idosos, mulheres idosas, mulheres jovens, moços e servos referentes a virtudes e comportamento que constituem uma resposta apropriada, para cada grupo, a graça do evangelho.
A qualidade de sensatez predomina no conselho de Paulo nesta seção (vv. 4-6, 12; 1.8 e nota).
As mulheres idosas devem exibir a maturidade espiritual apropriada ao seu papel de ensino e devem também ser, para as mulheres jovens, exemplo de seus papéis como esposas e mães cristas.
As mestras do bem, talvez, como sugere o versículo seguinte, no sentido do seu viver no lar.
“Instruírem”, ou seja, “trazerem-nas ao seu senso”. Trata-se de uma forma verbal do adjetivo traduzido por “sensatos” (v. 2) e “sensatas” (v. 5) nesta seção. Paulo talvez tivesse em mente os tipos de problemas que algumas das viúvas mais novas enfrentavam em Éfeso (1Tm 5.11-13).
2.5 sensatas. Literalmente, “mentes sadias” (vv. 2, 4, 6, 12; 1.8, nota).
Boas donas de casa ou “ocupadas no lar”. Isso não proíbe a sua atividade em outros lugares. Paulo está interessado em prevenir essas mulheres da ociosidade e de serem intrometidas em coisas alheias. Contraste o comportamento de algumas
das viúvas mais novas em Éfeso (1Tm 5.13).
Uma parte de serem “sensatas” é abraçarem a ordem que Deus estabeleceu para o lar. Ver nota em 1 Timóteo 2.11.
O interesse supremo de Paulo em toda esta seção é que o comportamento dos cristãos reflita positivamente o evangelho (vv. 8, 10; ver 1Pe 3.1-6).
“Torna-te… padrão” Paulo dá um conselho semelhante a Timóteo (1Tm 4.12, nota).
Um dos principais temas de Paulo nesta carta daqui em diante são boas obras (v. 14; 3.1, 8, 14). É principalmente por fazerem boas obras que os crentes recomendam o evangelho aos não cristãos.
Este artigo faz parte da série Versículos-chave.
Todas as seções de comentários adaptadas da Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância, Editora Fiel.