segunda-feira, 20 de outubro
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A coragem do justo: quando não precisamos mais fugir

Em Cristo, a culpa é removida e a coragem renasce

Fogem os perversos, sem que ninguém os persiga; mas o justo é intrépido como o leão. (Pv 28.1)

Esse versículo tem uma longa história em minha vida. Deus usou essa passagem para me ensinar muito sobre coragem — e sobre o temor aos homens. Por um período da minha vida, eu era, digamos… um pouco “fujo-

na”. Não gostava de me expor a situações desconfortáveis. Preferia ficar em casa a correr o risco de encontrar alguém com quem tivera algum atrito no passado. Com isso, organizava minha vida de forma a evitar qualquer possibilidade de confronto. Era mais fácil fugir.

Foi nesse contexto que, um dia, lendo Provérbios, esse versículo me paralisou. E é curioso como, mesmo depois de ler o mesmo capítulo várias vezes, a Palavra continua viva. Às vezes, parece que um versículo “salta” do texto como se nunca tivesse estado ali antes: “Fogem os perversos, sem que ninguém os persiga; mas o justo é intrépido como o leão” (Pv 28.1).

Fugir, diz o texto, é para quem deve. Para quem tem culpa ou carrega algo escondido. E, por mais óbvio que isso pareça, essa verdade me confrontou profundamente. A pergunta que martelava em meu coração era: por que estou fugindo, se fui perdoada? Se, em Cristo, sou declarada justa, limpa e livre do peso da culpa, o que me impede de andar com coragem?

A partir disso, passei a refletir sobre três tipos de situação a que esse versículo se aplica.

Primeira: quando eu errei. Pisei feio na bola. Disse o que não devia, agi com dureza ou orgulho, falhei em algum relacionamento. Acontece, não é? Nessas horas, a tendência é evitar o confronto, esconder-se, fingir que nada aconteceu. Mas, se houve arrependimento, confissão e perdão diante de Deus, não há mais o que temer. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9). Perdoada, eu posso (e devo) andar com a cabeça erguida. Fugir revela que ainda temo aos homens, e não a Deus. Segunda: quando foi o outro que errou comigo. Fui ferida, frustra-

da, deixada de lado. A tentação, então, é evitar o contato, levantar muros, sair pela tangente. Mas, se não fiz mal algum e ando com integridade diante de Deus, por que me esconder? Fugir de alguém que me feriu, mas que não tem mais poder sobre mim, é atribuir a essa pessoa um lugar que pertence apenas ao Senhor. O justo não foge. Ele é intrépido como um leão.

Terceira: quando ainda estou em pecado. Aí, sim, faz sentido a fuga. A culpa pesa, a consciência acusa, a coragem desaparece e o coração vive em tensão. Essa talvez seja a mais séria das situações. Se estou fugindo, me escondendo ou me justificando o tempo todo, talvez aquilo de que eu precise não seja mais coragem, mas arrependimento. E a boa notícia é que ainda há tempo. O mesmo Deus que nos chama à coragem é o que nos chama ao quebrantamento.

Leia o Salmo 32 e veja o que acontece com quem confessa e abandona seu pecado: encontra alívio. E pode voltar a andar com ousadia.

Esse provérbio fala diretamente sobre o temor aos homens. Muitas vezes, vivemos mais preocupadas com o que os outros vão pensar do que com o que Deus pensa. Nossa vergonha, nosso desconforto e nossas fugas constantes são sintomas de um coração que precisa se lembrar de que, em Cristo, somos livres. Justificadas. Perdoadas. E, por isso, não temos de que nos esconder.

A coragem do justo não vem de sua própria força, mas da certeza de que sua culpa foi removida — e de que, agora, ele pode viver em liberdade diante de Deus e das pessoas. Como um leão! Não um leão agressivo, mas um leão firme, estável e convicto.

Esse versículo foi um divisor de águas para mim. Ainda luto, às vezes, com a tentação de evitar conversas, desconversar encontros ou fingir que certas histórias não aconteceram. Mas hoje sei: isso não é sinal de prudência. É sinal de temor ao homem. E Deus nos chama a temê-lo acima de tudo.

Talvez esse lembrete sirva para você também. Que você se lembre de que, por mais que tenha errado ou sido ferida, em Cristo você pode andar sem fugir. A justiça dele é sua. A força dele é sua. E o perdão dele é suficiente.

Pense nessas coisas:

Em quais situações você tem reagido com fuga, quando Deus a chama a permanecer com coragem? O que isso revela sobre quem — ou o que — tem ocupado o lugar de temor em seu coração?

Este artigo é um trecho adaptado e retirado com permissão do livro Pensem nessas coisas: meditações inspiradas em Filipenses 4.8, Naná Castillo, Editora Fiel.


Autor: Naná Castillo

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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