domingo, 17 de novembro
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A depravação total dos pobres é uma boa notícia?

Muito semelhante à doutrina da eleição, a doutrina da depravação é mais uma doutrina mal compreendida, ridicularizada e muitas vezes criticada em muitas igrejas modernas. Aqui está uma definição geral:

A doutrina da depravação total afirma que as pessoas, por natureza, não são inclinadas e nem mesmo capazes de amar a Deus de todo coração, mente e força, mas todos são inclinados pela natureza a servir à sua própria vontade e desejos e a rejeitar o governo de Deus.

Agora, há algumas advertências quanto a essa definição. Em primeiro lugar, e mais importante, a crença nessa doutrina não significa que acreditamos que todo ser humano no mundo é mau em todas as partes. Afirmamos apenas que cada parte de nossa natureza humana foi corrompida pela queda de tal maneira que nenhum de nós é capaz de um comportamento e um pensamento verdadeiramente perfeitos. As pessoas são capazes de boas ações e atos de benevolência, mas, porque sua natureza humana é corrupta, isso significa que toda motivação é questionável. Às vezes, isso é ilustrado de modo útil com um copo de água que tem duas gotas de corante azul adicionadas a ele. Nem toda a água fica tingida de azul, mas todo o copo fica azul na medida em que ele é afetado pelas gotas. Essa é a natureza do pecado na humanidade. Embora nem todo o seu caráter seja pecaminoso, todo o caráter é afetado pelo pecado.

Agora, há muitas pessoas confusas nos círculos da igreja atual quando se trata dessa doutrina. Novamente, o analfabetismo bíblico e o emocionalismo têm dominado sobre o verdadeiro debate e entendimento. Acredito que a menos que possamos ter uma visão correta e biblicamente fundamentada sobre a raça humana (e a depravação total, em particular), isso terá um efeito negativo em cada área de nossa vida e serviço cristão. Isso afetará o modo como vemos nosso próximo e, de fato, matará a evangelização e tornará o evangelho uma “má notícia”.

O que quero dizer com isso? Considere a seguinte conversa:

Pastor: “A menos que levemos o evangelho a todas as nações, milhões morrerão sem ouvir sobre Cristo”.

Membro: “E o ‘inocente’ homem da tribo africana que nunca ouviu o evangelho? Ele vai para o céu ou para o inferno?

Pastor (se ele for inteligente): “É claro que ele vai para o céu”.

Membro: “Mas você acabou de dizer que ele iria para o inferno. Então, como será?

Pastor: “Sua pergunta é falaciosa. Todas as pessoas sem pecado e perfeitas (e, portanto, inocentes) irão para o céu. Isso é um fato. O que também é um fato é que não há inocentes em nosso mundo”.

A questão é que devemos tirar de nossas mentes o argumento errôneo do “bom selvagem” porque não existem tais pessoas. Nós sabemos isso POR UM FATO da Escritura. Paulo é claro a esse respeito em Romanos 1.18ss.

18 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; 19 porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. 20 Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; 21 porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. 22 Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos 23 e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. 24 Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; 25 pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! 26 Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; 27 semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. 28 E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, 29 cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, 30 caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, 31 insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. 32 Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem.

Se o nosso ponto de partida é que pessoas inocentes precisam ouvir as boas novas sobre Jesus a fim de serem salvas, NÓS ESTAMOS EM PROBLEMA SÉRIO. Porque, em vez de pessoas serem salvas pelo evangelho, elas são condenadas por ele! Considere o seguinte:

Ponto de partida: As pessoas “não são culpadas” até que tenham tido a chance de rejeitar a Jesus

Resposta cristã: Dê-lhes o evangelho

Bom selvagem: Rejeita o evangelho

Resultado: Inferno

Como essa situação muda se nosso ponto de partida for que pessoas culpadas detêm o conhecimento de Deus (por meio da revelação geral) e que elas precisam ouvir as boas novas para que sejam salvas? Considere isso:

Ponto de partida: As pessoas já são pecadores condenados

Resposta cristã: Traga-lhes o evangelho

Bom selvagem: Alguns aceitam

Resultado: A salvação chega a alguns

Para esclarecer, se o nosso ponto de partida for que as pessoas são inocentes, então o evangelho torna-se uma má notícia quando é trazido, porque alguns deles vão naturalmente rejeitá-lo. Se o nosso ponto de partida for que todas as pessoas estão sob a condenação de Deus, então o evangelho se torna uma boa notícia quando alguns respondem a ele e são salvos.

Algumas Conclusões

1. A depravação total do homem nos obriga a pregar a Cristo e a alcançar a todos com a notícia salvífica de Jesus Cristo. Isso garante que o evangelho realmente é uma boa notícia. POBRES NÃO TÊM UMA VANTAGEM SIMPLESMENTE PORQUE SÃO POBRES.

2. Uma má compreensão da depravação total eleva o homem a um estado de inocência que não tem fundamento nas Escrituras. Comete-se o erro de pensar que o homem é condenado como resultado de rejeitar as boas novas, quando, de fato, toda a raça humana nasce sob condenação. Em outras palavras, por causa de sua rebelião voluntária, obstinada e que nega a Deus, a rejeição das boas novas apenas o confirma em seu estado; ela não é o meio da sua punição eterna.

3. Devemos lembrar que o evangelho traz luz, não escuridão; esperança, não desespero; paz, não medo; cura, não dor; e reconciliação, não separação. A depravação total nos leva a buscar as pessoas com as BOAS NOTÍCIAS de Jesus Cristo em toda a sua glória.

Bênçãos a todos enquanto nós continuamos em nossa missão de levar as boas novas às almas perdidas.

Tradução: Camila Rebeca Teixeira

Revisão: André Aloísio Oliveira da Silva

Original: Why The Total Depravity Of The Poor Is Good News


Autor: Mez McConnell

É pastor sênior da Niddrie Community Church, Edimburgo, Escócia. É fundador do 20schemes, um ministério voltado para plantação de igrejas nos lugares mais difíceis da Escócia. Desde 1999, McConnell tem se envolvido com o ministério pastoral, tanto em plantação quanto revitalização.

Parceiro: 20schemes

20schemes
20schemes existe para edificar igrejas saudáveis centradas no evangelho para as comunidades mais pobres da Escócia.

Ministério: Ministério Fiel

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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