Trecho do livro Isso Muda Tudo, de Jaquelle Crowe, Editora Fiel.
A história de Deus começa há muito, muito tempo, antes mesmo de o tempo existir; na verdade, antes do espaço, do respirar e das estrelas. Tudo começou com Deus. Deus, o ser triuno (três em um) – Pai, Espírito e o Filho –, é eterno (Cl 1.15–17). Ele nunca teve um princípio e nunca terá um fim (Rm 1.20). É impossível compreender essa ideia em sua inteireza. Ele não está limitado ao tempo; ele é o Criador do tempo e trabalha dentro dele (Tt 1.2). E há milhares de anos, quando nada existia, exceto Deus, ele soberanamente escreveu uma história de gloriosa redenção. Tudo começou com a luz.
Disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas. Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia (Gn 1.3–5).
Ao longo de seis dias, Deus criou o mundo inteiro em que vivemos por meio de palavras. Ele criou tudo a partir do nada, ex nihilo, como diz a expressão em latim. Ele começou do zero. Ele criou o sol, o céu, os oceanos, a lua, os formigueiros, os pinheiros, as esmeraldas, as pombas, as nuvens cúmulos-nimbo, a lava, as melancias e os cangurus. E, no sexto dia, Deus criou o auge de sua criação, o ser humano. Do pó da terra, Deus formou o primeiro homem, Adão (Gn 2.7) e, literalmente, soprou vida nele.
Depois, Deus fez Adão cair em sono profundo, tirou uma das costelas de Adão e formou uma mulher daquela costela, Eva. Uma mulher! Não deixe de perceber quanto isso é impressionante. Não deixe que as pinturas da escola dominical ofusquem quanto isso é surpreendente e maravilhoso. Primeiro, Deus falou e toda a natureza veio a existir. Depois, ele criou uma mulher (um novo gênero, totalmente diferente de Adão) a partir de um osso que ele tirou do homem, a quem ele criou do pó. Isso é impressionante!
Adão e Eva tinham uma comunhão perfeita e pura com Deus e entre si. Eles foram criados sem pecado ou defeito e receberam de Deus a tarefa de governar o jardim criado para eles, o Éden (Gn 2.15). Deus deu muita liberdade aos seres humanos, mas também estipulou uma única regra: não comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal (Gn 2.16–17). Eles tinham muita liberdade, mas uma limitação. Desde o começo da história, Deus deixou claro: Obedeça-me e você será feliz. Desobedeça-me e haverá consequências terríveis.
Sinclair Ferguson traduz o mandamento de Deus da seguinte maneira. Ele lhes disse: “Eu não estou pedindo para você fazer isso porque a árvore é feia – na verdade, é tão atraente quanto as outras árvores. Eu nunca crio nada feio! Você não poderá olhar para a fruta e dizer: ‘Deve ter um gosto horrível!’ É uma bela árvore. Então, é simples. Confie em mim, me obedeça, me ame por quem eu sou e porque você está desfrutando do que lhe dei. Confie em mim, me obedeça e você crescerá”. Até então, Adão e Eva obedeciam ao Pai e tudo era muito bom (Gn 1.31).
Então, o Pecado Entrou na História e Isso Foi Ruim
Mas essa parte não termina com “felizes para sempre”. Satanás, um ser criado por Deus que escolheu se rebelar contra o bom Criador, entrou no Éden na forma de uma serpente e tentou Adão e Eva a comer da árvore proibida. Ele os encorajou a duvidar da fidelidade, da confiabilidade, da clareza e da bondade de Deus (Gn 3.1–5). “Deus realmente disse isso?”, sugeriu ele maliciosamente. “Deus não está realmente preocupado com vocês. Ele sabe que, se vocês comerem da árvore, vão se tornar como ele. E ele é tão egoísta, tem tanta fome de glória, que está só tentando se proteger do poder que vocês poderiam ter. Comam do fruto e vocês serão como Deus. Não haverá mais regras. Vocês serão livres.”
Como todos sabemos, Adão e Eva creram naquela tentação sagaz e desobedeceram ao mandamento de Deus. É difícil imaginar o que mudou depois daquela primeira mordida do fruto proibido, mas deve ter sido como uma queda de energia no meio do inverno. A luz calorosa da presença perfeita de Deus desapareceu e um frio terrível deve ter tomado conta do lugar. Algo estava muito errado.
De repente, pecadores assustados, Adão e Eva, tentaram esconder-se de Deus, muito envergonhados. Mas ninguém consegue se esconder de Deus. Seu criador os encontrou e os castigou. Havia consequências para o seu pecado, exatamente como ele dissera. E, por causa desse pecado, dessa rebelião da humanidade contra o seu criador, toda a humanidade foi amaldiçoada (Rm 5.18). O teólogo holandês Herman Bavinck expressou isso da seguinte maneira: “Em Adão, todos pecamos e, assim, o pecado se tornou o destino de todos nós”. Adão e Eva, você e eu, a humanidade inteira alienou-se de Deus e foi banida do Paraíso. Fomos amaldiçoados com a dor física e a morte (Gn 3.17–19), porém o mais significativo foi a morte espiritual. Paulo, o teólogo hábil, explicou com mais profundidade: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).
Agora, a nossa comunhão com Deus foi rompida, o nosso relacionamento ficou abalado e nós não tínhamos um meio de voltar para o Éden e para o nosso criador. Em meio a essa queda catastrófica, Deus prometeu um herói, alguém que viria para consertar o que a humanidade quebrou.
Quando Deus amaldiçoou Satanás, disse à serpente: “Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida” (Gn 3.14– 15). A promessa foi que um descendente de Eva nasceria de mulher e seria ferido por Satanás, mas a vitória final seria dele, pois ele esmagaria a Serpente. A esperança estava viva, e esse foi só o começo da história.