segunda-feira, 7 de julho
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A identidade da mulher em Cristo

Quando perguntam: “Quem é você?”, quais palavras você utiliza para responder?

É muito comum respondermos sobre nossa formação acadêmica, função no trabalho remunerado, estado civil ou até mesmo pelo número de filhos. As mulheres têm grande facilidade de buscar a afirmação de sua identidade nas coisas que são aqui da terra. Muitas vezes, pensam que seu valor está nas roupas que vestem, no diploma que têm, no lugar em que moram ou na aparência física. Porém, segundo a perspectiva do Reino, isso tudo é passageiro (Ec 2.11).

Em um mundo que, com frequência, define valor e identidade com base na aparência, nas realizações ou na aprovação social, a Palavra de Deus nos chama a encontrar nosso valor naquilo que Cristo fez por nós. Em Efésios 2.10, lemos: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que andássemos nelas”. Esse versículo nos lembra que nossa identidade está enraizada em Cristo e em sua obra redentora.

A verdadeira identidade da mulher, portanto, está fundamentada em verdades inabaláveis da Palavra de Deus:

• Somos amadas por Deus (Rm 5.8).

• Somos filhas de Deus (Gl 4.4-7).

• Somos chamadas para viver uma vida de santidade (1Pe 1.15-16).

O Senhor vê nosso coração (1Sm 16.7). Nosso valor está em quem nós somos aos olhos de Deus, e não aos nossos próprios olhos. Cristo redefine nossa identidade e nos liberta para viver de acordo com sua perspectiva eterna: “[…] não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28). Isso significa que, em Cristo, a dignidade e o valor da mulher não dependem de sua condição social, estado civil ou conquistas terrenas, mas de sua união com o Salvador. A mulher cristã é uma filha amada de Deus (1Jo 3.1), chamada para viver em santidade e desfrutar um relacionamento pessoal com ele.

Há, no entanto, uma vulnerabilidade que pode levar ao esquecimento de quem a mulher é em Cristo. Isso a torna suscetível a ouvir muitas mentiras de Satanás (Cl 2.4), permitindo que pense não ser suficiente. Esse tipo de pensamento intensifica a frustração com as próprias expectativas de desempenho — seja pessoal ou profissional —, e a consequência é um sentimento de culpa pelos fracassos, reais ou imaginários. Há uma necessidade premente de vigiar e não ouvir o próprio coração, que é desesperadamente enganoso (Jr 17.9). Por isso precisamos falar a verdade para nós mesmas todos os dias. E a verdade é a Palavra de Deus (Jo 17.17).

Assim, para lavarmos nossas mentes com a verdade, vejamos, abaixo, aspectos importantes de nossa identidade, que está firmada em Cristo:

1. Justificadas do pecado: Gratuitamente, fomos feitas justiça de Deus (Rm 3.24; Rm 6.7; 2Co 5.21).

2. Escolhidas antes da fundação do mundo: Para sermos santas e irrepreensíveis (Ef 1.4).

3. Redimidas e perdoadas: Por meio do sangue de Cristo (Ef 1.7).

4. Sem condenação: Não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Cristo (Rm 8.1).

5. Livres: Da lei do pecado e da morte; livres em Cristo (Rm 8.2; Gl 2.4).

O projeto de Deus para as mulheres

6. Aceitas em Cristo: Para dar glória a Deus (Rm 15.7).

7. Filhas de Deus: E não mais escravas (Gl 4.7).

8. Unidas em Cristo: Somos uma só, sem distinção de sexo, cultura ou posição (Gl 3.28).

9. Reconciliadas com Cristo: Apresentadas diante dele em santidade (Cl 1.22).

10. Vivificadas em Cristo: Ganhamos vida por meio dele (1Co 15.22).

11. Novas criaturas: Transformadas pelo poder de Cristo (2Co 5.17).

12. Seladas com o Espírito Santo:  A garantia da nossa herança (Ef 1.13).

13. Abençoadas com toda a sorte de bênçãos espirituais: Em Cristo (Ef 1.3).

A querida irmã Minka Lopes, em seu livro Eu sou quem Deus diz que sou, descreve nossa identidade como pessoas criadas, caídas e redimidas. Ela reforça que “a base para o estudo da identidade do cristão é a palavra de Deus”.[i] Assim, quando nos alinhamos com o que Deus diz sobre nós em sua Palavra, podemos enfrentar os desafios, como a ansiedade e a insegurança, de maneira que encontramos coerência interna e confiança para viver de acordo com o propósito do nosso Criador. Isso só é possível quando há o que ela chama de “troca de identidade” — ou seja, o abandono da nossa antiga natureza e o abraçar da nossa nova vida em Cristo. Esse processo implica uma transformação profunda, em que abandonamos as trevas e as mentiras que antes nos definiam, permitindo que a verdade de Deus molde nossa percepção e nosso propósito de vida.

Confirmando o que a Minka disse com tanta propriedade, a autora Jackie Hill Perry enfatiza que, somente depois de ter conhecido Cristo, entendeu que sua verdadeira identidade não estava fundamenta na sexualidade, nas escolhas passadas ou na cultura ao redor, mas no que Deus diz sobre quem ela é em Cristo: “Se a sexualidade fosse a sua (e a nossa) principal identidade, esse seria nosso chamado principal, mas, em última análise, nós não fomos feitos para o sexo; fomos feitos para Deus e para sua glória somente (Cl 1.16).” 4[ii]

Jackie destaca ainda que a nossa identidade em Cristo é um chamado para abandonar a identidade que tentamos construir por nós mesmas e abraçar o que Deus revelou sobre seus filhos. Isso significa confiar que a Palavra é suficiente para moldar quem somos, independentemente de como nos sentimos ou do que pensamos sobre nós mesmas.

A identidade em Cristo não se resume a mudanças externas ou comportamentais, mas diz respeito a um coração transformado, que encontra satisfação e propósito em Deus. Essa transformação ocorre ao reconhecermos que pertencemos a ele, somos amadas por ele e temos um propósito maior do que qualquer coisa que o mundo possa oferecer: refletir sua glória.

Assim, nossa identidade não está baseada em nossos desejos ou pecados, mas na obra redentora de Cristo. Somos redefinidas por sua graça. Quando estamos em Cristo, somos feitas novas criaturas (2Co 5.17). Entender quem somos em Cristo é compreender em profundidade sobre o amor incondicional de Deus por nós.

Este artigo é um trecho adaptado do livro Discipulado na prática: mulheres cuidando de mulheres na igreja local, de Renata Gandolfo e Luciana Sborowski (em breve pela Editora Fiel).


[i] Minka Lopes. Eu sou quem Deus diz que sou (São José dos Campos, SP: Fiel, 2024), p. 17.

[ii] Jackie Hill Perry. Garota gay, bom Deus: a história de quem eu era e de quem Deus sempre foi (São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2020), p. 203. Nesse livro, a autora compartilha de que forma sua identidade foi radicalmente redefinida quando se submeteu à verdade do evangelho.


Autor: Renata Gandolfo

Renata Gandolfo é membro da Igreja Batista da Graça, serve no editorial feminino online do Ministério Fiel. Renata participa, desde 2015, das Conferências de Treinamento em Aconselhamento Bíblico da ABCB (Associação Brasileira de Conselheiros Bíblico), é licenciada em Letras, Especialista em Aconselhamento Bíblico pelo CETEVAP e escreve regularmente na coluna Vida de Ovelha, do Voltemos Ao Evangelho.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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