terça-feira, 28 de janeiro
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A Igreja Católica é mesmo infalível?

Roma locuta est: causa finita est (Roma falou: a causa está encerrada)?

As duas principais reivindicações em que a igreja romana apoia seu sistema são a Infalibilidade e a Imutabilidade.

No que diz respeito à infalibilidade, afirma que é guiada e dirigida em todas as suas deliberações pela presença do Espírito Santo. Até hoje não se conseguiu provar claramente a existência dessa Infalibilidade; nem mesmo até o ano de 1870 os membros dessa igreja puderam concordar sobre o ponto onde ela residia, ou quem fosse o órgão oficial desse atributo divino. Estabelece o princípio, e basta. Sua máxima é:

Roma locuta est: causa finita est. (Roma falou: a causa está encerrada.)

No que diz respeito à Imutabilidade, a Igreja alega ser absolutamente imutável. Afirma que suas doutrinas e sua disciplina essencial foram sempre as mesmas em todos os tempos e em todos os lugares. Sua máxima e princípio é:

Semper eadem! (Sempre a mesma!)

Reivindicando esses dois atributos para sua igreja, não nos surpreende que os doutores do Concílio de Trento baseassem todos os seus decretos sobre supostas verdades fundamentais dos tempos antigos, reconhecidas como existentes desde o estabelecimento do Cristianismo.

Declaram os referidos doutores que todas as doutrinas e práticas, que nesse Concílio definiram como verdadeiras e obrigatórias, tinham sido sempre recebidas pela igreja católica em todas as épocas, sem a menor alteração, desde o tempo de Cristo e seus apóstolos, a quem todas essas mesmas doutrinas tinham sua origem divina, havendo sido transmitidas por uma ininterrupta tradição até a época do chamado Concílio Geral da Igreja. Afirmaram esses doutores que não faziam mais do que declarar aquilo que anteriormente havia sido considerado matéria de fé. Não se diziam inventores de qualquer doutrina nova, mas simplesmente definiam e declaravam qual havia sido a doutrina da igreja desde o tempo dos apóstolos até a reunião do Concílio.

Citamos aqui algumas frases que se encontram de contínuo nas atas do Concílio Tridentino:

“Semper haec fides in Ecclesia Dei fuit”. Sess. XIII. cap. 3. (Está fé reinou sempre na igreja de Deus.)

“Ideo persuasum semper in Ecclesia Dei fuit, idque nune denuo Sancta hæc Synodus declarat”. Sess. XIII. cap. 4. (Por isso se creu sempre na Igreja de Deus, e agora o declara novamente este Santo Sínodo.)

“Pro more in Catholica Ecclesia semper recepto”. Sess. XIII, cap. 5. (De acordo com o costume sempre aceito na Igreja Católica.)

“Universa Ecclesia semper intellexit”. Sess. XIV. cap. 5. (A Igreja Universal entendeu sempre.)

“Persuasum semper in Ecclesia Dei fuit: et verissimum esse Synodus hæc confirmat”. Sess. XV. cap. 7. (Creu-se sempre na Igreja de Deus, e este Sínodo confirma ser muito verdadeiro.)

“Sacræ litteræ ostenduut et Catholicæ Ecclesiæ traditio semper docuit”. Sess. XXIII, cap. 4. (A Escritura Sagrada manifesta, e a tradição da Igreja Católica ensinou sempre.)

“Cum Scripturæ testimonio, Apostolica traditione, et patrum unanimi consensu perspicuum sit: dubitare nemo debet”. Sess. XXIII. cap. 3. (Tendo este ponto por seu lado o testemunho da Escritura, a tradição apostólica e o unânime consenso dos Padres, a ninguém é permitido duvidar.)

“Cumigitur, Sancti patres nostri, Concilia, etuniversalis Ecclesiæ traditio semper ducuerunt: Sancta et universalis Synodus prædictorum Schismaticorum hæreses et errores, exterminandos duxit”. Sess. XXIV. (Firmado, pois, no ensino de nossos Santos Padres, dos Concílios e da Tradição universal da Igreja, o santo e universal Concílio foi de parecer que as heresias e erros provenientes das pregações cismáticas deviam ser exterminados.)

Vejam-se também as Sessões V e XVIII.

Em perfeita harmonia com essas ideias, tão aberta e decididamente proclamadas pela Igreja do Papa, um prelado católico romano afirmou há alguns anos, num país vizinho, por ocasião de uma solenidade extraordinária, que não representava nesse país um sistema novo de religião, nem tampouco ensinava novas doutrinas.

Uma tal afirmativa levou o autor destas linhas a recompilar os elementos que constituem o presente volume, sob o título de Novidades ou Inovações do Romanismo, como réplica às declarações tão positivas da igreja romana. O autor crê que é agora, pela primeira vez, que se colecionaram os citados fatos, de maneira a poder-se traçar o começo, progresso e desenvolvimento de cada inovação sucessiva dessa igreja, feita por sua ordem cronológica, e livre de todo espírito de controvérsia.

Dividimos este livro em três partes.

Na primeira parte, apresentam-se simplesmente alguns argumentos para provar que são novas as doutrinas de que se trata. Não entrou na mente do autor refutar as doutrinas de que faz menção: julgou-o desnecessário, uma vez que se prova que são de invenção moderna.

Na segunda parte, seguindo a ordem cronológica, o autor aponta, no decorrer de cada século, o desenvolvimento dos erros e superstições romanas, bem como a desmedida arrogância eclesiástica e as estultas pretensões sacerdotais.

Na terceira parte, faz-se o contraste entre o simples credo bíblico da igreja primitiva e o credo do romanismo, tal qual o Concílio de Trento o confeccionou e obrigou a professar.

Ao passo que o autor não reivindica para seu trabalho mais do que o mérito de uma simples compilação, alenta, todavia, a esperança de que as presentes linhas serão profícuas para alguns de seus leitores, os quais encontrarão aqui um conjunto de fatos e materiais que lhes podem servir muito em qualquer questão ou discussão das doutrinas da moderna Igreja de Roma.

Este artigo é um trecho adaptado com permissão do livro Inovações da Igreja Católica Romana, de Carlos H. Collette. Uma publicação da Editora Fiel em parceria com a João Calvino Publicações (em breve).

CLIQUE AQUI para ler os demais artigos que são trechos deste livro.


Autor: Carlos H. Collette

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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