quarta-feira, 13 de agosto
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A igreja deve fazer apologética em amor

Na primeira vez que a palavra igreja é mencionada no Novo Testamento, ela vem dos lábios de Jesus. Para um grupinho de apóstolos, ele declarou: “eu edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16.18). Com essas palavras, Jesus definiu um rumo para mudar o mundo. O erudito do século 20 Alfred North Whitehead uma vez sugeriu que o desenvolvimento do pensamento ocidental é uma série de notas de rodapé em Platão. Enquanto a proeminência do famoso filósofo grego é inegável, a asserção de Jesus chega ainda mais longe. Toda a história do mundo é um desenvolvimento da afirmação de Jesus sobre construir a igreja dele em território hostil.
Algumas observações sobre os comentários de Jesus são dignas de serem consideradas. Em primeiro lugar, Jesus prometeu edificar a sua igreja. Em seu nível mais básico, a igreja representa uma reunião de pecadores comprados por sangue, os quais pertencem a Jesus.

Em segundo lugar, a edificação da igreja é plano de Deus, cristalizado na Grande Comissão, para a salvação do povo dele através da história e ao redor do mundo. Em terceiro lugar, a igreja existirá em meio a uma impiedade inimaginável, tanto dentro quanto fora de suas fronteiras. Mesmo assim, nenhum poder das trevas – heresia ou pessoas endiabradas, morte ou divisão, pecado ou Satanás – será capaz de atingi-la. A vitória final já foi assegurada para a igreja de Cristo na morte e ressurreição de Jesus.

Dado que Jesus é o dono, edificador e defensor da igreja, os seguidores de Cristo são deixados com uma pergunta fundamental: o que deve ser a marca distintiva dos cristãos quando eles se reúnem para adorar ao Deus triúno, levar o trabalho das atividades ministeriais cotidianas e se engajar nas dificuldades da apologética e evangelismo? Elaborado de forma sucinta: como, então, nós devemos viver como a igreja de Cristo?

Uma resposta pode ser encontrada no Discurso da Sala Superior, no evangelho de João. Logo depois da saída de Judas para trai-lo, Jesus oferece uma exortação de despedida aos discípulos exauridos dele, a fim de prepará-los para a sua crucificação: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13.34-35). Para vencer um mundo vandalizado pela traição e pela morte, Jesus direciona os seguidores dele a amar uns aos outros. À primeira vista, o chamado de Jesus para amar pode soar oco. Em nossos dias, o amor é influente, mas impotente. Tristemente, muitos pensam no amor em termos de gratificação de si mesmo ao invés de sacrifício de si mesmo. Para eles, o amor é apenas um sentimento que deve ser protegido e acomodado. Como um resultado disso, amor em nossa cultura é uma comodidade para ser usada, não um compromisso para ser cultivado. Para Cristo, entretanto, amor é mais do que palpitações caprichosas.

Num sentido, não há nada novo sobre o mandamento de Jesus. Antes, em Levítico 19.18, o povo de Deus foi instruído a amar os seus próximos. O que é novo não é princípio, mas o paradigma. Nós iremos nos amar um aos outros, Jesus disse, “assim como eu vos amei”. O amor sacrificial de Jesus, mostrado na cruz, é o padrão pelo qual nós iremos nos amar uns aos outros. Isso não significa que nós devemos literalmente ser crucificados para amar nossos irmãos e irmãs em Cristo. Mas isso significa que nós devemos considerar os interesses deles acima dos nossos próprios (Filipenses 2.3-8). Na medida em que o amor centrado em Cristo definir nossas igrejas, o mundo que nos assiste irá medir a credibilidade de nosso testemunho. Não obstante isso, Jesus afirma mais à frente que o mundo irá julgar a veracidade do evangelho baseado em nosso amor uns pelos outros (João 17.20-23). Se o novo mandamento de Jesus resume suas ordens, então o oposto das palavras dele é verdade também. Nossa falha em amar terá um impacto direto em nossas congregações. Se nós não mostrarmos uns aos outros o amor de Cristo, o mundo não irá saber que nós somos discípulos dele; e, ainda mais sobriamente, eles não conhecerão o amor de Deus no evangelho. Como o falecido Francis Schaeffer corretamente afirmou: se visível, o amor como o de Cristo é a apologética final. Se falarmos nas línguas dos homens e apologistas, mas não tivermos amor, nossas igrejas vão soar como gongos barulhentos e címbalos que retinem (1Coríntios 13.1). Sem o amor de Cristo, por que o mundo ouviria o testemunho da igreja?

O amor é a grande marca da igreja. Nosso amor uns pelos outros demonstra que nós somos discípulos de Cristo e mostra ao mundo o amor de Deus em Cristo. Enquanto a fé cristã é objetivamente verdadeira, independentemente de quão bem sigamos o mandamento de Cristo, devemos lembrar que o mundo frequentemente mede as afirmações de verdade do cristianismo pelas vidas dos cristãos professos. Quando falhamos em amar (e iremos), nós devemos também lembrar que Cristo não edifica a igreja dele por nossa causa, mas apesar de nós e também através de nós. O grande testemunho da igreja é que “Deus prova o seu amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8). Se isso é verdade (e é), talvez uma pergunta melhor para fazermos é: “como, então, nós devemos amar?”.

 

Tradução: João Pedro Cavani
Revisão: Yago Martins
Original: A igreja deve fazer apologética em amor


Autor: John Tweeddale

Rev. John W. Tweeddale é reitor acadêmico e professor de teologia no Reformation Bible College em Sanford, Fla.

Parceiro: Ministério Ligonier

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Ministério do pastor R.C. Sproul que procura apresentar a verdade das Escrituras, através diversos recursos multimídia.

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