A pesquisa é um componente-chave em qualquer tipo de ministério da igreja. Não importa se você está em uma congregação estabelecida, renovando um trabalho decadente, ou plantando a partir do zero, nós precisamos fazer nossa pesquisa. Isso é particularmente importante para plantadores de igrejas. Desde o início, a pergunta precisa ser: “Que tipo de igreja nós queremos ser?”. Se queremos responder essa pergunta com algum grau de certeza, então precisamos entender as pessoas ao nosso redor que estamos buscando alcançar com as boas novas de Jesus. Se eu lhe pedisse, agora, para escrever 300 palavras sobre como a sua comunidade local é composta, você poderia honestamente descrevê-la com um bom grau de precisão? Muitos de nós achamos que conhecemos as pessoas ao nosso redor, mas não conhecemos. Não de verdade. Por exemplo, muitas pessoas fazem várias suposições sobre aqueles que vivem em bairros e conjuntos habitacionais. Particularmente, eles fazem suposições falsas sobre o seu intelecto e estado espiritual (não leitores e hostis ao evangelho). Planejamento pobre, pesquisa pobre e pressupostos preguiçosos podem matar um ministério antes mesmo que ele comece.
A maioria dos plantadores se sentem bem com a obtenção de fatos e números a partir da Internet, e os transmitem a todos que os escutam em um esforço para parecer que eles sabem o que estão fazendo. Mas o trabalho árduo é feito no campo, entre a comunidade, falando com as pessoas e, o mais importante, ouvindo o que elas têm a dizer. Como saberei como as pessoas se relacionam entre si a menos que eu as veja agindo? Como saberei onde estão os “lugares agitados” em termos de onde as pessoas se reúnem, a menos que eu esteja lá? Nenhum livro no planeta lhe dirá o que está na mente de uma pessoa ou o que ela pensa sobre Deus e sobre coisas espirituais melhor do que uma pessoa real e viva diante de você. Foi-me dito há 6 anos para não vir a Edimburgo porque era um “cemitério espiritual” ou, como disse uma pessoa, o centro da “Europa pós-cristã”. No entanto, minha experiência foi exatamente o oposto. O problema da Igreja Comunitária Niddrie não é conseguir pessoas que admitem a sua condição pecaminosa para lhes falarmos sobre Cristo. Essa é a parte fácil (em geral). O problema é referente ao discipulado. As pessoas simplesmente não querem pagar o preço e dobrar os joelhos em humilde submissão ao Rei Jesus. Como todos sabemos, essa postura orgulhosa não conhece fronteiras sócio-econômicas e/ou de classe social! A questão é que, quando cheguei, foram feitas suposições sobre cosmovisão que podem ser verdadeiras no “mundo da classe média”, mas não tinham qualquer influência na cultura do conjunto habitacional. Esses erros só podem ser evitados trabalhando nas trincheiras e fazendo pesquisas consistentes.
Se nós quisermos entender qualquer “grupo de pessoas” (ou qualquer indivíduo quanto a esse assunto), devemos estar tentando construir a ponte entre a sua cosmovisão e o evangelho. Existem algumas áreas que podemos avaliar:
1. Quais são as suas ambições e esperanças? Se eles não têm nenhuma (infelizmente, 95% das pessoas com quem eu trabalho dirão “nenhuma”), então eu mudarei de conduta. Para você, qual é o maior problema do conjunto? O que você acha que está impedindo o conjunto de melhorar? Como você faria esse conjunto melhorar? O que você consertaria primeiro? Há algo em sua vida que você gostaria de corrigir? A última pergunta é a pergunta onde você quer chegar, mas é importante chegar lá lentamente e não fazê-lo soar como uma entrevista de emprego. Essas perguntas não precisam ser feitas rapidamente, nem todas em um encontro! Sabedoria e discernimento, pessoal!
2. Como eles veem o mundo? Qual é a sua história da criação? (Não use essa linguagem, mas é para esse ponto que você está prosseguindo). Em última análise, estamos tentando discernir uma cosmovisão.
3. Quem controla o conjunto? Quem são os principais jogadores? Quem dirige o show? (Estas são perguntas perigosas e precisam de uma boa relação prévia e confiança séria. No entanto, os viciados em drogas geralmente falam durante todo o dia, mas esteja ciente de que suas informações são muitas vezes suspeitas).
4. O que eles pensam sobre as coisas espirituais? O que eles pensam sobre religião? (Estas são as duas perguntas campeãs. A conversa estabelecida fluirá facilmente para estas perguntas). O que eles creem sobre a vida, a morte, Deus e a igreja? Não sinta que você deve comunicar diretamente “quatro leis espirituais” sobre eles. Por outro lado, não seja limitado. Vá para um evangelho completo em linguagem simples, clara e compreensível quando a oportunidade surgir. No entanto, por favor, por favor, não deixe a conversa como um caso encerrado. Deixe o que eu chamo de “espaço de folga” para interação adicional e contínua.
Esse tipo de coleta de informações (se eu puder expressá-lo assim sem parecer muito assustador!) é bom, tanto a nível comunitário, se você o fizer como um questionário formal (o que eu nunca faço — o que não quer dizer que não seja um instrumento legítimo); ou a nível individual, para construção de um perfil. No fim do dia, estamos tentando descobrir como podemos construir uma comunidade evangélica que seja bíblica, teológica e doutrinariamente reformada (no meu caso!) e nos envolver com a comunidade de maneiras que são compreensíveis para eles. Saiba que não me incomodo se eles ficam ofendidos pelo que eu ensino, apenas se eles não conseguirem entendê-lo. Se eles tiverem compreendido o evangelho, ou eles ficarão aterrorizados com isso e dobrarão os joelhos, ou ficarão tristes por ele e se tornarão hostis. Preciso dizer que eu sempre prefiro a primeira reação!
Se eu tiver feito bem a minha lição de casa, eu poderei entender os ídolos funcionais da minha comunidade e comunicar o evangelho para lidar com eles. Não me interpretem mal, o Espírito Santo se moverá nos indivíduos, os atrairá para Cristo, os levará ao arrependimento e lhes permitirá viver uma vida de obediência fiel. Mas eu tenho alguma responsabilidade em levar uma mensagem contextualizada que se relacione especificamente com meus ouvintes e com sua visão de mundo.
Aqui estão 3 dicas para nos ajudar nessas áreas à medida que abordamos o ministério em nossos contextos:
1. Pense em pelo menos 4 tipos diferentes de indivíduos que você gostaria de alcançar em sua comunidade. Quem são eles e como você pode aproximar-se das suas vidas para que aplique os princípios citados acima?
2. Como eles diferem culturalmente um do outro, da sua igreja (se você estiver em uma atualmente) e do seu próprio contexto cultural?
3. Como isso pode ajudar você a planejar seu ministério evangelístico e/ou filosofia para tentar se envolver melhor com essas pessoas?
Esse é frequentemente um processo longo e árduo, mas permita-me encorajá-lo: é um processo que vale a pena. Nada supera a boa preparação e o conhecimento das pessoas que você está tentando chamar da beira do inferno. O ponto de partida é que devemos usar todos e quaisquer meios que nos farão comunicadores mais eficazes do evangelho, desde que nós nunca alteremos a verdade.
Nota do autor: Parte deste material foi adaptado de uma palestra dada por Al Barth, o “agente misterioso” (e de missões) da Redeemer Presbyterian, em Nova Iorque.
Original: The Importance Of Good Research For Church Planting Ministry.
Tradução: Camila Rebeca Teixeira.
Revisão: André Aloísio Oliveira da Silva