quarta-feira, 23 de abril
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As alegrias e as bênçãos da obediência a Deus

17 bençãos de alegria da obediência a Deus

1. A alegria e a bênção da comunhão mais profunda com Deus. Jesus fala sobre uma relação direta entre a obediência aos seus mandamentos e a experiência contínua e diária de seu amor:

      Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço. (Jo 15.10)

      Ele também fala sobre uma relação que existe entre guardar a sua palavra (isto é, obedecer aos seus mandamentos) e desfrutar de uma comunhão pessoal com o Pai e o Filho:

      Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. (Jo 14.23)[1]

      Mas ter comunhão pessoal com Deus e com Cristo (e com o Espírito Santo) também significa poder experimentar a mais profunda alegria possível nesta vida, a alegria da própria presença de Deus:[2]

      Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente. (Sl 16.11)

      Oh! Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia. (Sl 34.8)

      Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! Por isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das tuas asas. Fartam-se da abundância da tua casa, e na torrente das tuas delícias lhes dás de beber. (Sl 36.7-8)

      Essa alegria da presença de Deus também é experimentada quando nos deleitamos na excelência do caráter da natureza de Deus revelada em suas leis morais:

      Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é límpido e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente, justos. São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos. (Sl 19.8-10)

      2. A alegria e a bênção de glorificar a Deus através da imitação de seu caráter na terra. Paulo disse: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados” (Ef 5.1), o que indica que Deus quer ver o reflexo de seu caráter em nossa vida cotidiana. Jesus disse que as nossas boas ações fazem com que os homens glorifiquem a Deus: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16).[3]

      3. A alegria e a bênção de expressar nosso amor a Deus através de nossas ações. Todo cristão tem em seu coração um amor por Deus e um senso de gratidão por tudo o que ele já fez por nós. É natural que esse amor e essa gratidão se expressem através de ações que lhe sejam agradáveis. É por isso que Jesus disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14.15; confira também 14.21; 1Jo 5.3).

      4. A alegria e a bênção de agradar a Deus.[4] Às vezes os cristãos ficam com tanto medo de ensinar a justificação pelas obras que acabam cometendo o erro contrário, deixando de ensinar que, uma vez que fomos justificados pela fé somente, e em Cristo somente, devemos buscar praticar boas obras (veja Ef 2.10; Tt 2.14; Hb 10.24), as quais são agradáveis a Deus. Alguns não percebem, mas isso é muito enfatizado no Novo Testamento, cujos autores frequentemente encorajam os crentes (não as pessoas que não são cristãs) a tentar agradar a Deus no que fazem:

      É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis. (2Co 5.9; cf. Gl 1.10)

      …provando sempre o que é agradável ao Senhor. (Ef 5.10)

      Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. (Fp 2.13)

      Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. (Fp 4.18)

      …a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus. (Cl 1.10)

      Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é grato diante do Senhor. (Cl 3.20)

      … assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração. (1Ts 2.4)

      Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, como de nós recebestes, quanto à maneira por que deveis viver e agradar a Deus, e efetivamente estais fazendo, continueis progredindo cada vez mais. (1Ts 4.1)

      Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar a seus progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus. (1Tm 5.4)

      Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus. (Hb 11.5)

      Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz. (Hb 13.16)

      [Que Deus] vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém! (Hb 13.21)

      E aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável. (1Jo 3.22)

      O padrão supremo de uma vida que agrada a Deus se encontra no próprio Jesus Cristo. Somente ele poderia ter dito: “E aquele que me enviou [Deus, o Pai] está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8.29). E, no batismo de Jesus, a voz do Pai foi ouvida do Céu: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17; cf. Mt 12.18; 17.5; Mc 1.11; Lc 3.22; 2Pe 1.17).

      Às vezes os cristãos erroneamente presumem que não há absolutamente nada que possam fazer nesta vida que seja agradável a Deus. Eles pensam que Deus considera até sua obediência fiel como completamente sem valor, totalmente indigna de sua aprovação, e isso pode levar a um sentimento de completa insignificância. Porém, não há dúvidas de que essa é uma suposição equivocada, já que o Novo Testamento fala sobre “agradar” a Deus com muita frequência, além de que essa suposição acaba negando a genuína bondade da obra que Cristo realizou ao nos redimir e nos tornar aceitáveis perante Deus. Essa perspectiva enfatiza nossa pecaminosidade a ponto de ser vista como maior do que a obra salvífica de Cristo, “o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tt 2.14).

      Suspeito que, assim como Satanás acusa os cristãos, querendo que eles sintam uma falsa culpa e uma falsa acusação, também trabalha para impedi-los de experimentar a grande alegria de saber que Deus se agrada de suas atividades diárias, de saber que sua obediência é agradável a Deus. Assim, ele procura atrapalhar nosso relacionamento com Deus, pois a capacidade de ter prazer no outro é um elemento essencial de qualquer relacionamento genuíno.

      Será que Cristo não é capaz de produzir em nós obras genuinamente boas? Paulo estava errado quando disse que fomos criados para as boas obras?

      Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. (Ef 2.10; veja Mt 5.16; 1Tm 6.18; Tt 2.14).

      Quando as epístolas do Novo Testamento falam sobre a obediência dos crentes depois de terem sido justificados, suas obras não são chamadas de “más obras”, mas de “boas obras”! Embora suas obras sejam imperfeitas, elas não são 100% más e pecaminosas, especialmente quando procedem da fé e são motivadas por um amor por Deus e pelo próximo.

      A Confissão de Fé de Westminster explica que Deus aceita as nossas boas obras, mesmo sendo imperfeitas:

      Não obstante, as pessoas dos crentes são aceitas por meio de Cristo, bem como suas boas obras; não como se fossem, nesta vida, inteiramente puras e irrepreensíveis à vista de Deus, mas porque ele, considerando-as em seu Filho, agrada-se em aceitar e recompensar aquilo que é sincero, embora seja acompanhado de muitas fraquezas e imperfeições.[5]

      Paulo chega a usar a palavra “digno” para descrever a conduta dos crentes obedientes diante de Deus, o que indica que nossa conduta pode realmente ser “digna” da aprovação de Deus:

      Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno [grego, axiōs, “dignamente, de modo digno de”] da vocação a que fostes chamados. (Ef 4.1)

      … a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus. (Cl 1.10; cf. Fp 1.27; 1Ts 2.12; 2Ts 1.11)

      Podemos concluir que Deus tem prazer em nossas boas obras, que ele está satisfeito com elas e que, em Cristo, elas são aceitas. Deste modo, outro benefício da obediência na vida cristã é que as coisas que fazemos são agradáveis ao próprio Deus.

      5. A alegria e a bênção de alegrar os anjos. A Escritura indica que os anjos de Deus se alegram quando veem que os bons propósitos de Deus estão sendo realizados em nossas vidas. É provável que esse seja o sentido das palavras de Jesus: “Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15.7).[6]

      Paulo lembrou a Timóteo que os anjos estavam observando sua conduta: “Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos, sem prevenção, nada fazendo com parcialidade” (1Tm 5.21).

      Pedro diz que “as coisas que, agora, vos foram anunciadas… os anjos anelam perscrutar” (1Pe 1.12), o que provavelmente incluía as maneiras específicas com que a pregação do Evangelho e seu ensino subsequente se aplicavam às situações dos cristãos a quem Pedro escreveu.[7]

      Portanto, os cristãos devem obedecer a Deus com a consciência de que os anjos nos veem se e se alegram com nossa obediência (leia também Ef 3.10; Hb 12.22).

      6. A alegria e a bênção de se tornar um “utensílio para honra”. Paulo explica que os cristãos que trabalham para avançar o Reino de Deus na terra são como dif)erentes utensílios em uma grande casa:

      Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra. (2Tm 2.20-21)

      A aplicação na esfera da ética é que, se nos ocuparmos com coisas que desonram a Deus, continuaremos em sua casa (não deixaremos de ser cristãos), mas, como o balde que é usado para esfregar o chão ou a tigela de comida do cachorro, seremos como utensílios “de madeira e de barro… para desonra”. Todavia, se vivermos de maneira mais pura, limpando nossas vidas das coisas que desonram a Deus, podemos ser “utensílios… para honra”, como os “utensílios de ouro e de prata”, que são utilizados em ocasiões importantes. Então, estaremos “preparados para toda boa obra”.

      7. A alegria e a bênção de ser uma testemunha eficaz perante os incrédulos. Pedro lembrou aos seus leitores (muitos deles estavam enfrentando intensa oposição dos não cristãos): “mantende exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios” (1Pe 2.12). Ele disse isso porque as boas obras dos cristãos terão um resultado positivo na vida de seus críticos não cristãos — é possível que esses críticos se tornem cristãos e acabem glorificando a Deus no juízo final:

      …mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação. (1Pe 2.12; leia também 1Pe 3.1)

      8. A alegria e a bênção de ter os olhos e os ouvidos de Deus mais atentos a nós. Pedro escreveu sobre as bênçãos adicionais que acompanham a obediência e a pureza no falar na vida dos cristãos:

      Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente; aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la. Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males. (1Pe 3.10-12)

      Pedro não está aqui falando de uma bênção que todo cristão recebe em virtude do perdão e da justiça que temos em Cristo, mas sobre bênçãos especiais que são o resultado de nossa obediência, pois ele diz que, se quisermos essas bênçãos, precisamos refrear “a língua do mal”, evitar que os “que os [nossos] lábios falem dolosamente” e apartar-nos “do mal”, praticando “o que é bom”.[8]

      Contudo, Pedro não sugere que os cristãos que são obedientes a Deus terão uma vida livre de problemas, pois ele frequentemente menciona a perseguição e a hostil oposição que muitos de seus leitores enfrentavam (confira 1Pe 1.7; 2.12, 15, 19-21; 3.9, 13-17; 4.1, 4, 12-19; 5.8-10; leia também sobre as muitas dificuldades que Paulo teve de enfrentar em 2 Coríntios 11.23-29).

      Tiago também indica que uma vida de mais obediência a Deus gera uma vida de oração mais poderosa e eficaz, pois “muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg. 5.16). Tiago não diz simplesmente que as “vossas orações” (isto é, as orações de todos vocês que são cristãos) ou que as orações de um “crente” têm esse poder, mas fala da oração de um “justo”, que, provavelmente, é uma referência a uma característica da conduta da pessoa em sua vida.[9]

      Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável. (1Jo 3.21-22)

      Muitas passagens do Antigo Testamento, como a seguinte, dizem a mesma coisa:

      O Senhor firma os passos do homem bom e no seu caminho se compraz. (Sl 37.23)

      9. A alegria e a bênção de usufruir de uma comunhão mais próxima com outros cristãos. João explica que “andar na luz” (a expressão que João utiliza para se referir a uma vida de pureza moral) faz aumentar a nossa comunhão com outros cristãos:

      Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. (1Jo 1.7)

      10. A alegria e a bênção de uma consciência limpa. Paulo mandou que Timóteo ensinasse as pessoas a manterem uma boa consciência diante de Deus, pois ele disse: “Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia” (1Tm 1.5). Ele também disse que Timóteo devia exercer seu ministério “mantendo fé e boa consciência” e alertou sobre aqueles que, “tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé” (v. 19). Mas uma boa consciência depende de sermos obedientes a Deus e resistirmos as tentações ao pecado.[10]

      11. A alegria e a bênção de uma consciência limpa. Paulo relacionou a ideia de que as pessoas imitariam sua conduta com a paz de Deus em suas vidas, pois ele diz: “O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco” (Fp 4.9). Isso ecoa as palavras de Isaías:

        Ah! Se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos! Então, seria a tua paz como um rio, e a tua justiça, como as ondas do mar. (Is 48.18; cf. v. 22)

        12. A alegria e a bênção de descobrir por meio da experiência que os mandamentos de Deus são realmente benéficos para as nossas vidas. Às vezes, os autores do Novo Testamento utilizam o verbo grego dokimazō no sentido de “testar uma coisa através da experimentação, através do uso”.[11] Esse é o sentido de Romanos 12.2:

          E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis [Grego, dokimazō] qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

          Isso significa que, quanto mais os cristãos vivem em obediência à vontade de Deus em suas vidas, mais descobrem que esse estilo de vida é “bom, agradável e perfeito”. Para o cristão, a obediência a Deus é o caminho para uma “boa” vida.[12]

          13. A alegria e a bênção de experimentar a libertação da escravidão ao pecado. Paulo escreve:

            Assim também vós, considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões… Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça. (Rm 6.11-14)

            Uma das alegrias da obediência a Deus se dá quando vemos que fomos capazes de vencer um pecado ou uma tentação por causa da nova vida que temos em Cristo.

            14. A alegria e a bênção de evitar a dolorosa disciplina de Deus. As epístolas do Novo Testamento falam sobre a “disciplina” paternal que vem sobre aqueles que começam a viver em desobediência a ele. Jesus disse à igreja de Laodiceia: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Ap 3.19). O autor de Hebreus adverte seus leitores sobre a disciplina paternal de Deus, dizendo: “Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça” (Hb 2.11; veja também 1Co 11.29-30; Ef 4.30).[13]

            15. A alegria e a bênção de uma certeza maior de nossa salvação. João explica que a obediência aos mandamentos de Deus é um dos meios de crescermos na certeza de que “conhecemos” a Cristo em um relacionamento pessoal e salvífico, pois ele diz: “Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos” (1Jo 2.3).

              Semelhantemente, Pedro diz que um dos meios que os crentes têm de “confirmar a [própria] vocação e eleição” (2Pe 1.10) é, em sua conduta de vida, acrescentando diversas qualidades de bondade moral à sua fé salvífica inicial:

              Por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. (2Pe 1.5-7)

              Depois, Pedro acrescenta:

              Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. (2Pe 1.10)

              16. A bênção e a alegria de experimentar um antegozo da vida no Céu. Pedro escreve que “nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça” (2Pe 3.13), o que indica que a nossa vida no Céu será uma vida de perfeita obediência aos mandamentos de Deus. Portanto, uma vida de obediência aos mandamentos de Deus na era presente permite que experimentemos um antegozo de como será a vida no Céu. Não haverá pecado ou desobediência a Deus na cidade celestial que virá, porque “nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira” (Ap 21.27).

              17. A bênção e a alegria de um galardão celestial maior. Paulo disse que uma de suas motivações para buscar uma vida de obediência a Deus é a esperança de receber um galardão celestial maior:

                É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis. Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. (2Co 5.9-10)

                Outras passagens que falam sobre diferentes graus de recompensa para os crentes na vida futura incluem: Lucas 19.18, 19; Romanos 14.10-12; 1 Coríntios 3.12-15; 4-5; Colossenses 3.25; Apocalipse 11.18.[14]

                Este artigo é um trecho adaptado e retirado com permissão do livro Ética Cristâ, de Wayne Grudem, Editora Fiel (em breve).

                CLIQUE AQUI para ler mais artigos que são trechos deste livro.


                [1] Leon Morris diz sobre João 14.23: “João não está pensando na segunda vinda ou nas aparições depois da ressurreição, mas no estado dos crentes em que experimentam a presença imediata da Divindade” (The Gospel according to John, NICNT [Grand Rapids: Eerdmans, 1995], p. 581).

                [2] John Piper analisa com profundidade a ideia de glorificar a Deus alegrando-se nele em seu famoso livro Em Busca de Deus (São Paulo: Shedd Publicações, 2008).

                [3] Confira no capítulo 4 (p. 105-10) a ideia de imitar o caráter de Deus em nossa conduta.

                [4] Esta seção é uma adaptação de Wayne Grudem, “Pleasing God by Our Obedience: A Neglected New Testament Teaching”, em For the Fame of God’s Name: Essays in Honor of John Piper, ed. Sam Storms e Justin Taylor (Wheaton: Crossway, 2010), p. 272-92.

                [5] Confissão de Fé de Westminster, 16.6, ênfase minha.

                [6] Essa alegria provavelmente inclui a alegria dos crentes que já morreram e estão no Céu.

                [7] Confira a discussão sobre isso em Wayne Grudem, The First Epistle of Peter: An Introduction an Commentary (Leicester: Inter-Varsity; Grand Rapids: Eerdmans, 1988), p. 72-73 [edição em português: 1Pedro: Introdução e Comentário, Série Cultura Bíblica (São Paulo: Vida Nova, 2016)].

                [8] Outra evidência que mostra que ele está falando sobre as bênçãos dadas por Deus àqueles que são obedientes a ele é o fato de citar o Salmo 34.12-16, que claramente defende o comportamento justo como um meio de o povo de Deus alcançar bênçãos especiais da parte dele (veja Sl 34.2, 5, 7-10, 13-15, 18, 22).

                [9] Neste contexto, não parece que ele esteja se referindo a todos os que são “justos” por meio da imputação da justiça de Cristo no momento da justificação (como em 2Co 5.21; Fp 3.19). Os dois sentidos de “justo” se encontram no Novo Testamento: muitas passagens falam sobre os cristãos como “justos” em razão de a justiça de Cristo lhes ter sido imputada pela fé, enquanto outras descrevem as pessoas como “justas” porque o comportamento delas, de forma geral, caracteriza-se pela obediência às leis morais de Deus. Passagens que descrevem as pessoas como “justas” (dikaios) nesse segundo sentido incluem Mateus 9.13; 27.19; Marcos 2.17; 6.20; Lucas 1.6; 2.25; 5.32; 15.7; 18.9; Romanos 5.7; Tiago 5.6; 1 Pedro 3.12, 18; 4.18; 2 Pedro 2.7, 8; 1 João 3.7; Apocalipse 22.11.

                [10] Um estudo extenso da consciência é o de Andrew David Naselli e J. D. Crowley, Conscience: What It Is, How to Train It, and Loving Those Who Differ (Wheaton: Crossway, 2016).

                [11] A definição do Léxico BDAG é: “analisar criticamente uma coisa para determinar se é genuíno, submeter a teste, examinar; extrair uma conclusão sobre o valor mediante teste, provar e aprovar” (BDAG, p. 255).

                [12] Essa ideia de provar na prática que a obediência a Deus é benéfica para as nossas vidas também pode ser vista em Efésios 5.10 e Filipenses 1.9-10.

                [13] Leia mais sobre a disciplina de Deus em nossas vidas no capítulo 5, p. 137.

                [14] Confira também Daniel 12.2; Mateus 6.20-22; 19.21; Lucas 6.22-23; 12.18-21, 32, 42-48; 14.13-14; 1 Coríntios 3.8; 9.18; 13.3; 15.19, 29-32, 58; Gálatas 6.9–10; Efésios 6.7-8; Colossenses 3.23-24; 1 Timóteo 6.18; Hebreus 10.34, 35; 11.10, 14-16, 26, 35; 1 Pedro 1.4; 2 João 8; Apocalipse 11.18; 22.12; veja também Mateus 5.46; 6.2-6, 16-18, 24; Lucas 6.35. Extraído de Wayne Grudem, Systematic Theology: An Introduction to Biblical Doctrine, 2ª ed. (Londres: Inter-Varsity; Grand Rapids: Zondervan, 2020), p. 1409 [Teologia Sistemática: Completa e Atual, 2ª ed. (São Paulo: Vida Nova, 2022)].


                Autor: Wayne Grudem

                É professor pesquisador de Teologia e Bíblia no Phoenix Seminary. É bacharel em ciências humanas (Harvard), mestre e doutor em teologia (Westminster Seminary, Philadelphia) e PhD em Novo Testamento (University of Cambridge). Foi tradutor da Bíblia English Standard Version, editor geral da ESV Study Bible e presidente da Evangelical Theological Society. Publicou mais de vinte livros, entre eles Ética Cristâ, publicado pela Editora Fiel.

                Ministério: Editora Fiel

                Editora Fiel
                A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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