sábado, 14 de dezembro
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Avivamento e membros de igreja não-regenerados

Permita-me iniciar este artigo, ilustrando por meio de fatos vistos em igrejas de minha própria denominação, nas quais preguei recentemente. Em uma igreja, havia uma admirável presença de 2000 pessoas no domingo pela manhã; mas existiam 7000 no rol de membros e apenas 600 ou 700 nos cultos da noite. Excluamos os visitantes, e a quantidade representar á menos do que 10% do número de membros. Em outra igreja, havia 2100 pessoas no rol de membros, das quais 725 vinham à igreja no domingo de manhã. Se retirarmos os visitantes e as crianças não pertencentes à membresia da igreja, o número de participantes cairá para 600. Somente um terço desta quantidade freqüentava o culto de domingo à noite. E isto representa menos de 10% do número de membros.

Outra igreja tinha 310 pessoas em sua membresia, das quais aproximadamente 100 freqüentavam as reuniões de domingo pela manhã. Apenas 30 a 35 (ou seja, 10%) vinham ao culto de adoração à noite. Todas estas são consideradas ótimas igrejas e possuem um nível de liderança e visão bastante competente. Alguns que se encontram internados em hospitais e outros que estão doentes ou em viagem amenizam esta realidade, mas não o suficiente para mudar o triste panorama, especialmente quando recordamos que esses números representam pessoas batizadas. O que estes fatos nos sugerem?

Os crentes que se ausentam dos cultos não são verdadeiros crentes

Em primeiro lugar, estes fatos revelam que muitos dos que estão inscritos em nossas listas de membros demonstram pouca evidência de que amam os irmãos. um sinal claro de serem indivíduos não-regenerados (1 Jo 3.14). É impossível acreditarmos que existe qualquer genuíno amor fraternal nos corações de pessoas que não vêm à igreja ou apenas marcam presença como em um exercício cultural. O amor é a principal característica de um verdadeiro crente (1 Jo 3.14-19).

Em segundo, esses números sugerem que os ausentes ou os que vêm apenas no domingo pela manhã estão mais interessados em si mesmos do que em Deus. Apresentando isto nas palavras de Paulo, tais pessoas se inclinam para as “coisas da carne” e não para “as coisas do Espírito” (Rm 8.5-9). A atmosfera que mais as satisfaz é a do mundo e não a de Deus. São capazes de permanecer na igreja enquanto Deus as faz sentirem-se melhor a respeito de si mesmas. Mas, além disso, com muita delicadeza recusarão envolver-se nas coisas dele. Para alguns, comprometer-se significa vir aos cultos de vez em quando; para outros, a vida cristã consiste em uma farisaica e estéril ida à igreja cada domingo.

Embora estas pessoas tenham feito “a oração do pecador”, “vindo à frente” e sido informadas de que agora são crentes, as coisas velhas realmente ainda não passaram e as novas ainda não vieram; elas não mostram ser novas criaturas em Cristo (2 Co 5.17). Em muitos casos, podem ser vistos os evidentes sinais de um coração não-regenerado, tais como adultério, fornicação, avareza e dissensão. Estes são “crentes professos”, a respeito dos quais a Bíblia afirma estarem enganados (1 Co 6.9-1; Gl 5.19-21; 6.7-8; Ef 5.5-6; Tt 1.16; 1 Jo 3.4-10).

Jesus mostrou que existe a pessoa semelhante ao bom solo, a qual é receptiva à semente do evangelho e resulta em uma planta que dá frutos; mas a pessoa que se assemelha ao solo rochoso apenas tem a aparência de que é uma pessoa salva. Este imediatamente demonstra alegria, mas logo murcha (Mt 13.6,21). Esse tipo de fé temporária (que não corresponde à fé que salva; ver 1 Co 15.1-2) se encontra em abundância em minha própria denominação. Todavia, essa denominação acredita que a fé salvadora persiste até ao fim. Nós cremos na preservação e perseverança dos santos (uma vez que alguém é salvo, sempre perseverará). Se a fé exercida por uma pessoa não persevera, então o que ela possui é algo inferior à fé salvadora.

Em João 2.23-25, o Senhor Jesus foi o protagonista daquilo que se tornou em uma experiência de evangelismo de multidões, no qual verificamos grande número de pessoas crendo nEle. Porém, Ele não se confiava a qualquer delas, “porque os conhecia a todos” e “sabia o que era a natureza humana”. É possível que tenhamos entre influentes denominações atuais milhões de “crentes que jamais se converteram”, cujos corações não foram transformados? Acredito que sim. Nossa denominação, por exemplo, por mais que a amemos, está constituída, em sua maioria, de pessoas não-regeneradas. Se duplicarmos, triplicarmos ou quadruplicarmos minha avaliação a respeito de quantos são verdadeiros crentes, ainda teremos um problema gigante. É tolice crermos de outro modo.

Existem aqueles que diriam ser tais pessoas “crentes carnais” e não merecem ser chamadas de não-regeneradas. É verdade que os crentes de Corinto (em referência aos quais Paulo utilizou esta expressão; ver 1 Co 3.1-3) agiam “segundo os homens”, em sua atitude de divisão. Os crentes sujeitam-se a tropeçar e cair em pecado que não seja imperdoável.

Entretanto, com certeza Paulo suspeitava que alguns da igreja de Corinto eram incrédulos, visto que posteriormente ele os advertiu sobre esta possibilidade em 2 Coríntios 12.20-13.5. Um estado permanente de carnalidade e falta de arrependimento é, antes de mais nada, a própria descrição de uma pessoa não-regenerada (Rm 8.5-14; 1 Jo 3.4-10, etc.). Ao chamar alguns de “carnais”, Paulo não pretendia afirmar que aceitava como característico do cristão um estilo de vida que, com clareza, ele descreveu como peculiar aos incrédulos, em outras passagens bíblicas. Nesta mesma epístola, Paulo escreveu: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis” (1 Co 6.9-1 1). Aparentemente, havia algumas pessoas, mesmo naquela época, que estavam enganadas ao pensarem que realmente poderia ser crente um homem ou uma mulher injustos!

O problema é o programa de integração de “novos decididos”?

Comete-se um grande engano ao atribuir ao “discipulado” a culpa deste problema. Em muitas igrejas, direciona- se todo objetivo e esforço para discipular o novo convertido, e os números permanecem inalterados. Certa igreja procurou integrar todas as pessoas que foram registradas como novos convertidos de uma cruzada evangelística promovida por um famoso evangelista internacional. O pastor que coordenava essa atividade relatou que nenhuma delas quis conversar sobre como crescer na vida cristã. Ele disse: “Elas fugiram de nós!”

Conheço algumas igrejas que realizam esforços extremos a fim de integrar os novos crentes. Isto é louvável, mas, assim como outras, tais igrejas obtêm pouquíssimo resultado. Aprenderam a aceitar o fato de que as pessoas que declaram ser crentes precisam ouvir a respeito de progredirem na vida cristã e de que muitos, talvez a maioria, simplesmente não se importam com isso. Os verdadeiros crentes podem ser discipulados, pois têm o Espírito Santo, através do qual eles clamam: .Aba, Pai. (Rm 8.15). Entretanto, não podemos discipular uma pessoa que está espiritualmente morta.

Pregar a regeneração, explicando suas evidentes características, foi o âmago do Grande Despertamento. J. C. Ryle, ao escrever sobre os pregadores do avivamento do século dezoito, afirmou que nenhum deles, por um momento sequer, acreditava ter ocorrido verdadeira conversão, se não era acompanhada de santidade pessoal. Esse tipo de pregação foi a matéria-prima da maioria das mensagens de avivamento, em toda a história dos avivamentos. Somente uma tão poderosa mensagem pode despertar aqueles que estão dormindo em Sião.

Enfrentando o problema

O que precisa ser feito? Proponho cinco atitudes. Primeiramente, temos de pregar e ensinar a respeito deste assunto. Todos os autores do Novo Testamento escreveram sobre a natureza do engano. Algumas epístolas abordam com mais abrangência o assunto. O próprio Senhor Jesus falou abundantemente sobre o verdadeiro e o falso, dando importante atenção ao fruto que se encontra no verdadeiro crente (Jo 10.26-27; Mt 7.21-23; 25.1-13). Se de início isto causar dúvidas nas pessoas, não devemos considerar esta reação de maneira negativa. Um amigo disse-me: “As dúvidas jamais levam alguém para o inferno, mas o engano sempre o faz”. As pessoas esclarecerão suas dúvidas, se continuarmos a pregar a verdade. Todas as dúvidas não procedem de Satanás, ao contrário da opinião popular. Temos de ensinar veraz mente todo o conselho de Deus. Somos incapazes de tirar a salvação dos verdadeiros crentes.

É verdade que existem aqueles que se mostram excessivamente escrupulosos e desanimados por tal averiguação. No entanto, muitos são autoconfiantes e fundamentaram sua segurança de salvação em alicerces tolos, tal como o proferir corretamente a “oração do pecador”. Ensino paciente e atenção ajudarão a vencer as dúvidas, se eles foram verdadeiramente regenerados. Jamais esqueçamos que pessoas quietas e sensíveis também podem ser enganadas.

Em segundo, temos de pregar sobre o assunto do pecado persistente entre os membros de nossas igrejas, incluindo o pecado de faltar às reuniões da igreja. Para fazer isto, precisamos restabelecer a desprezada prática de disciplina na igreja. Cada igreja deve ter estatutos que estabelecem o que acontecerá ao membro que cai em pecado, incluindo o pecado de não participar dos cultos. Todas as pessoas na igreja, bem como os novos membros, devem familiarizar- se com os passos bíblicos para a disciplina na igreja. Jesus asseverou que, se uma pessoa for disciplinada com amor e firmeza e deixar de se arrepender, deve ser considerada como um .gentio e publicano. (Mt 18.15-17). Embora Davi tenha cometido pecados terríveis, ele se arrependeu de coração (ver 2 Sm 12.13; Sl 51). Todo cristão é um pecador que se arrepende durante toda a sua vida, e a disciplina da igreja ressalta este fato.

Precisamos visitar todos os membros de nossas igrejas, procurando ou trazê-los a Cristo ou, com ousadia, libertá-los para o mundo, que eles amam mais do que a Cristo. Esta é a atividade básica do ministério pastoral.

Nunca devemos arrancar o suposto joio do meio do trigo (Mt 13. 24-30; 36-40), como se tivéssemos absoluto conhecimento. Podemos estar enganados. Todavia, disciplina amável na igreja é um cuidadoso processo por meio do qual o pecador não-regenerado exclui a si mesmo da comunhão, devido a sua resistência à correção. A igreja foi estabelecida para santos que se arrependem e não para pecadores rebeldes.

Em terceiro, devemos ser mais cuidadosos na questão de receber pessoas na membresia da igreja. Em minha opinião, o apelo público convidando o pecador a vir à frente (uma invenção moderna) com freqüência colhe frutos prematuramente. Nós o utilizamos por causa de nosso zelo genuíno para ver os perdidos se converterem. Embora isto seja sagrado entre os batistas, um estudo cuidadoso deve ser feito no que concerne ao seu uso na evangelização. Durante dezoito séculos, a igreja cristã não utilizou este método, até que seu principal criador, Charles Finney, promoveu suas “novas medidas”. Ao contrário disso, os batistas daquela época demonstravam o intuito de permitir que a convicção desempenhasse um grande papel na conversão. Eles não precisavam de qualquer muleta para o evangelho, mas confiavam na Palavra pregada e no Espírito Santo. O grande batista, Charles H. Spurgeon, por exemplo, contemplou milhares de pessoas se convertendo sem utilizar aquele método de evangelismo. A própria mensagem que ele pregava era seu convite.

Não temos necessidade de melhores métodos a fim de conseguirmos que as pessoas venham à frente, e sim mais unção em nossas mensagens. Você não pode afastar de Cristo os pecadores, quando Deus os está trazendo a Ele (cf. Jo 6.37). Em uma época em que 70 a 90% daqueles que respondem ao evangelho demonstram pouca evidência de serem salvos, após as primeiras semanas ou meses de impulsos emocionais, devemos fazer algumas perguntas. Se for possível, esqueça o fato de que não existe qualquer precedente bíblico para esta realidade; apenas considere esta questão de maneira pragmática.

Ainda, precisamos seguir regras mais cuidadosas em relação àqueles que se tornam membros de nossas igrejas. Devemos abandonar a imprudente atitude de receber novos membros imediatamente após eles virem à frente. E mais diligente ponderação tem de ser realizada no que concerne à conversão de crianças. Uma grande porcentagem da profissão de fé das crianças se desvanece mais tarde na adolescência ou nos anos de universidade (quanto mais independente elas se tornam, tanto mais demonstram sua verdadeira natureza).

Em quarto lugar, temos de cessar de imediatamente assegurar salvação à pessoa que se converteu. É tarefa do Espírito Santo outorgar segurança de salvação. Devemos oferecer ao convertido as bases sobre as quais esta segurança está fundamentada, e não a própria segurança. A este respeito, estude 1 João. Quais coisas foram escritas para que os crentes soubessem que possuíam a vida eterna (1 Jo 5.13)? Resposta: os testes apresentados na epístola.

Por último, temos de restaurar a sã doutrina. Um avivamento, descobri enquanto estudava sua história, é uma restauração do ensino do evangelho. As três principais doutrinas que freqüentemente têm se revelado em avivamentos são a soberania de Deus na salvação, a justificação pela graça mediante a fé e a regeneração com seus frutos visíveis. Um avivamento é Deus se revelando, mas a bênção da presença dEle é diretamente afetada por aquilo que nós cremos. Com freqüência Ele se manifesta no contexto das grandes doutrinas pregadas com a unção do Espírito Santo, de maneira penetrante e fiel.

Citando um exemplo de nossa atitude de reduzir doutrinas, mencionamos o arrependimento constantemente esquecido nas pregações do evangelho ou a compreensão de que o arrependimento significa apenas “admitir que você é um pecador”. “Convidar Cristo para entrar em seu coração”, uma expressão que jamais encontramos na Bíblia (estude o contexto de João 1.12 e Apocalipse 3.20), tem ocupado o lugar da doutrina bíblica da justificação pela fé. A doutrina do julgamento divino é raramente apresentada com cuidado, e dificilmente ouvimos sobre a cruz em toda sua abrangência. Apenas ler os títulos de sermões ministrados por pregadores de épocas de avivamento causaria surpresa em muitos pastores modernos.

Saudável ou envergonhado?

Que tipo de exército você gostaria de possuir? O primeiro ou o segundo exército de Gideão? Nenhuma igreja ou denominação pode declarar- se saudável, se não tem mais pessoas vindo às reuniões regulares do que as registradas em seus livros de membros. Este é um padrão observado pela maioria dos homens do mundo, bem como por nossos antepassados. Teríamos o avivamento que desejamos, se reconhecêssemos nossas falhas como igrejas e denominação, humildemente curvássemos nossas cabeças e procurássemos corrigir este terrível obstáculo que impede a bênção de Deus.


Autor: Jim Elliff

Jim Elliff é o fundador e presidente da organização Christian Communicators Worldwide. Durante quase vinte anos, antes de começar a CCW, ele serviu como membro da junta pastoral de várias igrejas na Florida, Arkansas, Texas e Oklahoma. Desde 1985, tem ministrado palestras em organizações, ambientes educacionais, igrejas e associações de pastores de várias denominações, nos Estados Unidos e outros países. Muitas de suas conferências aconteceram na Europa, com viagens ocasionais e países da America do Sul e Central, e cinco viagens à África. É o autor de três livros publicados em vários países: Guiados pelo Espírito, Ao encontro de Deus e Fé Inútil (no Brasil, pela Editora Fiel). Atualmente, ele serve como membro da diretoria da Fellowship of Independent Reformed Evangelicals e faz parte da junta de conselheiros do Ministério Passeggio (Itália) e da Editora Fiel (Brasil). Além de seus escritos e viagens, Jim começou a Christ Fellowship em 2003. Esta igreja singular é constituída de congregações em lares na área metropolitana da Kansas City.

Parceiro: Christian Communicators - CCW

Christian Communicators - CCW
O ministério CCW tem como propósito propagar a Palavra de Deus em todo o mundo através da pregação e de publicações.

Ministério: Ministério Fiel

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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