terça-feira, 23 de abril

Bondade para todos

O trecho abaixo foi extraído do livro Renovadas, da Editora Fiel.

A bondade de Deus é uma luz que irradia por todos os seus outros atributos. É a razão de sua onipotência (possuidor de todo poder), de sua onisciência (possuidor de todo conhecimento) e de sua soberania (possuidor de todo controle) serem conforto em vez de terror. É a razão pela qual podemos ousar crer que ele é capaz de fazer todas as coisas para o nosso bem, conforme ele disse (Rm 8.28). Agora mesmo, existem muitas coisas que vimos ou suportamos que claramente não são boas. Mas, sob o governo soberano de um Deus eternamente bom, podemos confiar que tudo aquilo que agora não é bom será usado, no fim das contas, para o nosso bem. Assim como José, um dia (nesta vida ou no porvir) olharemos para nosso passado difícil e reconheceremos que aquilo que nossos inimigos quiseram fazer de mal Deus usou para nosso bem (Gn 50.20).

Experimentamos a bondade de Deus em milhares de graças no cotidiano — cada uma de nós, seja perdida ou salva; grande ou pequena. Não, atualmente nem tudo é bom, mas existe muita coisa que é, se destinarmos um tempo para observar. Você já notou que a criação não é apenas funcional, mas também bela? Nossos cinco sentidos confirmam que Deus fez muito mais do que elaborar um ecossistema utilitário para suas criaturas. Ele nos concede não apenas a visão, mas também a percepção de cor, profundidade e contraste. Ele não nos dá somente o sentido do tato, mas também a maciez e a aspereza, a suavidade e a rugosidade, o calor e o frio. Nosso sentido de paladar conhece mil sabores; nossa audição, mil tons e melodias, timbres e volumes; o sentido do olfato, mil fragrâncias, aromas e odores.

Deus poderia ter feito uma criação muito entediante e criaturas muito mais chatas para povoá-la, mas, em sua bondade, ele formou e encheu o mundo de cor, cacofonia, cornucópia. Qualquer pessoa que já tenha passado ao lado de um arbusto de gardênias ao entardecer conhece a bondade perfumada de Deus. Qualquer um que já tenha parado para observar o nascer do sol; que já se tenha aquietado diante do chamado de uma ave; que já tenha chorado com sua harmonia; que já tenha brincado com uma framboesa na língua; que já se tenha alegrado ao andar descalço na relva carregada de orvalho ou se maravilhado com a simetria de uma teia de aranha; todas essas pessoas reconhecem que a bondade a nosso redor se espalha por todo canto. Temos muitos diamantes expostos para ser colhidos. A cada virada, estamos quase tropeçando nessa natureza exuberante. Até mesmo neste nosso mundo caído.

Talvez falhemos em nos maravilhar com o fato de que os vestígios de uma criação muito boa perduram, mesmo quando a natureza geme no velório de seu despedaçamento. Mas vamos nos maravilhar com o fato de que, mesmo em nosso estado de rebeldia, a bondade de Deus continua a nos tocar em milhares de circunstâncias. Ele nos dá o pão de cada dia e, com frequência, muito mais que isso, embora tenhamos o hábito de nos queixar daquilo que não temos, em vez de nos contentar com o que ele nos tem dado. Ele nos dá a alegria de ter família e amizades, embora sejamos mais propensos a reclamar contra ele por causa dos relacionamentos difíceis, em vez de agradecer pelos que nos são ternos. Ele nos concede, no âmbito geral, mais dias de alegria do que de tristeza, embora nossos corações obscurecidos sejam mais propensos a amaldiçoá-lo do que a bendizê-lo pelos dias de felicidade. E, embora ele tivesse todo o direito de refrear sua bondade com a espada flamejante dos querubins na saída oriental do Éden, em vez disso, ele decidiu que sua bondade acompanharia Adão e Eva por todos os dias de sua vida, mesmo após serem expulsos do jardim. E ele faz isso por todo filho de Adão e toda filha de Eva, até os dias atuais.

Pense, portanto, com interesse renovado, nas palavras do anjo aos pastores que cuidavam de seus rebanhos na vigília da noite: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo” (Lc 2.10). Não apenas qualquer notícia, mas boa-nova. Anjos descendo na noite escura dos campos da Judeia, carregados da palavra de bondade de Deus: Não temam, pois este é o Deus que falou “Haja luz” para as trevas de Gênesis 1 e está fazendo isso novamente. Boa-nova. Boa vontade. E a luz resplandeceu nas trevas, e as trevas não podiam vencê-la.

Boa-nova era a descrição perfeita para os arautos angelicais empregarem, pois em nenhum outro lugar a bondade de Deus ficou mais claramente evidenciada do que quando Deus enviou seu Filho. Tito 3.4-5 nos diz:

“Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo.”

Tiago 1.17 nos diz que “toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”. O dom de Cristo, bom e perfeito, ultrapassa todas as outras bondades que podemos conhecer.

Esse Pai das luzes, que enviou a Luz de Cristo ao mundo, fez isso para iluminar o coração de seus filhos, uns após outros. Cristo irradia a perfeita bondade em perfeita obediência ao Pai, em favor dos perdidos. E, assim como Cristo irradia a bondade de Deus, nós também devemos refleti-la. Conforme ele diz, essa bondade deve ser evidente em nossas vidas.


Autor: Jen Wilkin

É palestrante, escritora e professora de estudos bíblicos para mulheres. Ela tem organizado e liderado estudos para mulheres nos lares, na igreja e em contextos paraeclesiásticos. Jen e sua família são membros da Village Church, na região de Dallas.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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