Você quer mais de Deus? Você quer se deleitar nele? Todos sabemos como deveríamos responder tais perguntas. Mas sejamos honestos. Nem sempre estamos seguros de que desejamos passar mais tempo andando com Deus. Com frequência há outras coisas que nós preferiríamos fazer.
Coloquemos a questão da seguinte forma: você se agrada de Deus? O fato de você buscar mais de Deus depende do que você pensa acerca dele. Depende de você pensar que um relacionamento com Deus é algo digno de ser buscado.
Na mente de Paulo, não havia dúvida sobre a resposta a essa pergunta. Qual era o alvo do seu ministério? O que ele estava tentando fazer enquanto rodeava o Mediterrâneo, arriscando naufragar, ser preso, enfrentar motins? A resposta é: ele estava tentando levar alegria às pessoas. Ele diz à igreja em Corinto: “somos cooperadores de vossa alegria; porquanto, pela fé, já estais firmados” (2Co 1.24). Ele diz algo parecido à igreja em Filipos: “estou certo de que ficarei e permanecerei com todos vós, para o vosso progresso e gozo da fé” (Fp 1.25). O alvo do ministério de Paulo era que as pessoas experimentassem alegria.
Em ambos esses versículos, alegria tem algo a ver com fé. Isso porque tal alegria não é algo que experimentamos como resultado de circunstâncias felizes. Não é como se Paulo desejasse que todos nós estivéssemos sentados à beira do mar, com uma bebida gelada nas mãos. Afinal, quando escreveu aos Filipenses, o próprio Paulo estava preso, encarando uma possível execução. Então, essa alegria é algo que podemos experimentar apesar das circunstâncias.
Certa vez, Paulo descreveu a si mesmo como “nada tendo, mas possuindo tudo” (2Co 6.10). Algumas linhas depois, ele acrescenta: “sinto-me grandemente confortado e transbordante de júbilo em toda a nossa tribulação” (2Co 7.4). Como podemos não ter nada e possuir tudo? Como podemos ter tribulação e transbordar de júbilo? A resposta é que a fé olha além de nossas circunstâncias e vê o nosso relacionamento com Deus.
O cristianismo diz respeito a um relacionamento com Deus, a um relacionamento com Deus que produz alegria.
Eis aqui alguns dos benefícios de deleitar-se em um relacionamento com Deus:
1) Deleitar-se em Deus ajuda a vencer a tentação
O pecado é um concorrente de Deus. A tentação sempre nos apresenta uma escolha entre encontrar alegria em Deus ou nos prazeres do pecado. A Bíblia diz que o coração dirige o nosso comportamento. Nós sempre fazemos aquilo que desejamos. Se nos deleitamos em Deus, então o pecado será percebido como o mísero substituto que de fato é.
2) Deleitar-se em Deus ajuda a suportar o sofrimento
O sofrimento envolve perda — perda de saúde, renda, status, amor. Essas perdas são reais e dolorosas. Mas, de novo, eu sempre vejo as pessoas que experimentam Deus enfrentando melhor tais perdas. Por quê? Porque nós nunca perdemos Deus. Nada pode nos separar do seu amor. Quando outras coisas são arrancadas de nós, continuamos com Deus, e ele nos basta.
3) Deleitar-se em Deus ajuda a estimular o serviço
Um dos trabalhadores mais diligentes descritos na Bíblia é o irmão mais velho na parábola do filho pródigo (Lc 15.11-32). Mas numa certa noite, seu serviço fiel revela o que realmente é: um serviço a si mesmo. Acontece que ele jamais trabalhou de fato para o seu pai, mas sempre para a sua própria recompensa. Ele vê a si mesmo como um escravo, não como um filho. Compare isso com outro filho: Jesus. Jesus serve como o Filho. Ele foi até a cruz “em troca da alegria que lhe estava proposta” (Hb 12.2). Se você se sente como um escravo de um Deus distante que exige sua obediência, então seu serviço sempre lhe parecerá maçante e será caracterizado por um senso de dever desprovido de alegria. Mas, se você se sente como um filho do Deus que derramou seu amor sobre você, então seu serviço será voluntário, pleno e alegre. Você se deleitará em agradar seu Pai, em vez de sentir-se obrigado a obedecer ao seu patrão.
4) Deleitar-se em Deus ajuda a um testemunho vibrante
Eu sou pai, e um dos meus deveres paternos é insistir para que todos cuidadosamente apertem bem o tubo da pasta de dente até extrair dele o último pingo possível. Está lá no manual paterno das reclamações paternas sem sentido. Muitas vezes, é assim que soa o meu evangelismo. Eu me esforço para relutantemente espremer uma pequena gota de evangelho. Ninguém fica muito impressionado.
Contudo, todos são evangelistas daquilo que amam. As pessoas não poupam elogios às virtudes do seu time favorito, do seu programa de TV preferido ou do seu novo namorado. E esse entusiasmo é contagiante. Quanto mais experimentamos um relacionamento com Deus e encontramos alegria nele, mais o nosso evangelismo será entusiasmado e contagiante. Ele deixará de ser um exercício constrangedor, enfiado no meio da conversa como uma obrigação. Em vez disso, como o transbordar de corações cheios, falaremos empolgados daquele a quem amamos. Em vez de parecermos com tubos de pasta de dente quase vazios, seremos como garrafas de champanhe, esperando para estourar, efervescer e transbordar nas taças.
5) Deleitar-se em Deus ajuda a capacitar para o sacrifício
Imagine sua igreja cheia de gente que diz: “Nada se compara a conhecer a Cristo. Eu alegremente abrirei mão do meu tempo, dinheiro, status, casa, futuro e conforto para servir o evangelho”. O que nós não poderíamos conquistar com um povo que vive de tal maneira? Contudo, isso é exatamente o que Paulo diz: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp 3.8).
Certa vez, Jesus contou uma pequena parábola:
O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo (Mt 13.44).
O próprio Deus é aquele tesouro. Quanto mais conhecemos a Deus, mais estamos dispostos a abrir mão de tudo o mais. E observe que o homem na parábola vende tudo o que tem “transbordante de alegria”. Abrir mão das coisas geralmente não soa como uma coisa legal de fazer. Contudo, eu descobri que os maiores sacrifícios que fiz em minha vida não pareciam sacrifícios enquanto eu os fazia. Pareciam ser a coisa óbvia a fazer para buscar a Deus e a glória dele. O sacrifício se torna uma oportunidade para expressar nosso deleite em Deus. Aquilo de que abrimos mão parece pequeno em comparação com o que estamos ganhando.
Essas são algumas das coisas que são geradas em nossa vida à medida que nos relacionamos com Deus e encontramos alegria nele. Vamos tomá-las e transformá-las num exame diagnóstico. Pergunte a si mesmo se alguma das seguintes afirmações são verdadeiras a seu respeito.
- Com frequência, você sucumbe à tentação.
- Sofrimento e perda o enchem de medo.
- Seu serviço lhe parece enfadonho.
- Seu testemunho lhe parece uma obrigação.
- Seus sacrifícios lhe parecem sacrifícios.
Se qualquer uma delas for verdadeira, então isso provavelmente é um sinal de que você não está encontrando tanta alegria em Deus quanto poderia.
Artigo adaptado do livro Experimentando mais de Deus, de Tim Chester.