Grande parte do que você lê sobre combater a pornografia será resumido a discipulado um-a-um. Em geral, os cristãos sabem que devem combater esse problema. Mas estou interessado em uma pergunta diferente: o que significaria combater a pornografia juntos? Como seria disseminar uma cultura onde líderes e membros ajudam uns aos outros?
O que os líderes podem fazer
1° – Quais valores os líderes estabelecem para sua igreja?
O pastor é o principal formador de cultura para sua congregação. Quando seu pastor fala sobre a vida cristã, quais os valores que ele elenca como necessários? Por exemplo: você tem uma cultura em sua igreja onde os membros sentem que podem falar sobre o seu pecado? Eu recentemente ouvi um jovem dizer, “Eu cresci em uma igreja onde falar sobre pecado sexual era algo secreto. Você quase nunca ouvia falar sobre, e quando ouvia, era uma pregação perdida contra a imoralidade sexual”.
Contraste isso com líderes que estão dispostos a dizer: “Seja honesto com o seu pecado. Confesse o seu pecado a outros membros. Não esconda isso pois o pecado cresce na escuridão. Traga isso para a luz”. Talvez não devesse ser dessa forma, mas pecadores normalmente pedem permissão aos líderes para serem honestos sobre seus pecados. Esse é o motivo pelo qual líderes devem estabelecer uma cultura na igreja onde honestidade e transparência sobre pecado são valorizadas.
2° – Os líderes mostram honestidade sobre suas lutas?
Vivemos em meio a um mar de líderes que lutaram contra a pornografia no passado. Por que esconder esse fato? Por que não servir como exemplos (1Pe 5: 3b) do que significa seguir o caminho entre ser viciado em pornografia até virar pastor? De certo, é um longo caminho, mas os que sofrem com isso precisam de exemplos. A sabedoria é necessária sobre o que compartilhar e com quem compartilhar. Mas nunca compartilhar esse fato não parece ser um testamento apropriado da graça de Deus na vida de um pastor.
3° – Os líderes se equipam, educam e pregam sobre sexo?
Os pastores devem ensinar uma imagem positiva e redentora sobre o projeto de Deus para uma vida sexual linda. Não há “silêncio”. Então, pastores, vocês estão pregando sobre os propósitos de Deus e os desígnios dele para o sexo? Não se importe com os cristãos que vão se estremecer e contorcer quando lerem o Cântico dos Cânticos – que ouçam com ousadia e clareza, porque é a Palavra de Deus.
4° – Os líderes elaboram estratégias para combater esse problema?
Como esse problema impede (mais do que qualquer outro pecado) que mais homens e mulheres sirvam em papéis de liderança, nossos anciões planejam como combater isso juntos. Nós lemos, oramos, conversamos, planejamos, pastoreamos, planejamos e compartilhamos as melhores práticas. É fácil passar a maior parte do meu tempo nas trincheiras com quem sofre. Mas, às vezes, preciso sair da trincheira e criar estratégias com outros “generais” e “capitães” da fé.
Se você é pastor, qual é o seu plano de batalha?
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5° – Você ora como igreja?
Em nossos cultos de domingo à noite, Mark Dever oferece pedidos de oração relacionados ao discipulado como: “Vamos orar para que nós, como igreja, fiquemos dispostos a fazer perguntas difíceis uns aos outros” ou “Vamos orar como igreja para confessarmos nossos pecados uns aos outros”.
Ao compartilhar esses pedidos, ele não apenas nos leva a orar, mas como o principal formador de cultura de nossa igreja, ele os considera importantes para a vida cristã. É como se Mark estivesse dizendo: “Isso é o que significa viver como cristão”.
O que os membros podem fazer
6º – Os membros da igreja estão investindo na vida de outros membros, incluindo combater as coisas mais duras e desagradáveis?
Como pastor, eu não posso ajudar todo aquele que sofre com pornografia. Nem posso ter a responsabilidade sobre cada homem que confessa esse pecado para mim. Nem tenho o tempo e nem eu penso que isso é a melhor para a comunidade. Eu não posso ser um mini-messias, levando sobre mim os pecados de toda a congregação.
É muito importante que os membros da nossa igreja se vejam responsáveis uns pelos outros. Eu quero uma cultura na igreja onde membros façam bem espiritual uns aos outros, onde procuram e se ajudam a combater os pecados uns dos outros juntos. Ao contrário de meus filhos – que tentam tocar juntos como uma banda, mas acabam criando uma cacofonia de sons – uma igreja é diferente. Quando os membros da igreja investem uns nos outros é como uma sinfonia cheia de harmonia e unidade. Enquanto a igreja inteira luta, você começa a ver o que uma igreja deveria ser.
Mas como isso acontece? Primeiro de tudo, você deve ensinar seus membros a esperar fazerem parte da vida uns dos outros. E então você deve reforçar consistentemente essas expectativas após ele se juntarem e você ser um modelo, com a sua vida, do que isso significa.
Investimento membro a membro envolve mais do que discipulado comum (estudo bíblico e oração). Isso exige toda a vida, o que às vezes significa lidar com coisas duras e desagradáveis, como vício em pornografia.
Se membros estão dispostos a se envolver com as lutas alheias, eles tem que se perguntar: Eu estou disposto a sacrificar meu tempo para ajudar esse jovem rapaz ou moça? Eu sei onde preciso ir nas Escrituras? Eu sei como transmitir esperança quando ele ou ela está sem esperança? Eu estou disposto a pegar o telefone quando eles estiverem tentados a pecar novamente? O que eu irei fazer quando eles confessarem que caíram em pecado sexual pela vigésima vez?
7° – Os membros de sua igreja são honestos sobre suas lutas?
Se os líderes forem honestos, os membros da igreja provavelmente serão mais honestos. Eu adoro apontar exemplos em nossa igreja de cristãos que lutaram nessa luta e pela graça de Deus e sua própria vigilância mantiveram um grau de vitória na luta.
8° – Os membros da sua igreja sabem o que fazer se alguém confessar a eles?
Steven não sabia o que fazer. Um jovem confessou seu pecado sexual a ele, mas ele não sabia que perguntas fazer, como ter mais informações ou como confrontar o pecado.
Eu assumo que situações como esta são bastante comuns. É por isso que a coisa mais básica que podemos fazer para nossos membros é ajudá-los a entrar nas trincheiras com membros em dificuldades. Um simples “eu vou orar por você” não é suficiente.
Simplificando, devemos treinar nossos membros para serem disciplinadores mais eficazes. Como vamos fazer isso? Às vezes, envolve ensinar, talvez até estratégias específicas sobre como combater a pornografia. Mas geralmente fazemos isso sendo um referencial.
Por exemplo, eu não me encontro mais com viciados em pornografia. Eu peço ao discipulador para vir ao nosso encontro. Por que é que? Ao fazer perguntas ao viciado, sondar seu coração e aplicar as Escrituras, o discipulador me observa (o pastor) e aprende pelo simples fato de estar na sala conosco. O discipulador vê e aprende coisas que simplesmente não podem ser reproduzidas através de um livro ou de um curso de treinamento.
Aqui está o meu desafio para você: fale sobre essas oito perguntas com seus pastores ou com toda a sua equipe de liderança, incluindo seus diáconos. Escolha alguns de seus membros e inclua-os também para ver como você se comporta. Mas não pare por aí. Tome medidas ativas para começar a cultivar uma cultura onde a sua igreja pode lutar contra a pornografia em conjunto.