Quando nós falamos do ministério de “meios ordinários de graça”, estamos realmente falando sobre um ministério que é construído em um fundamento de confiança na soberania de Deus. Se a frutificação de nossas congregações depende de nossa habilidade, nosso esforço e nossa inteligência, então, nossos esforços serão mais bem investidos na elaboração de programas e estratégias com mais probabilidade de produzir os resultados desejados. Mas nós sabemos pela Bíblia que Deus é aquele que dá o crescimento (1Co 3.6) e que a salvação “não depende da vontade nem do esforço de alguém, mas de Deus mostrar misericórdia” (Rm 9.16; A21). Como resultado, a questão que deve moldar nossa abordagem em relação ao ministério é: que tipo de atividades Deus, livre e soberanamente, ordenou e prometeu abençoar? Isto é, por quais meios ele trabalha para atrair, fortalecer, encorajar, edificar, amadurecer e capturar o coração de seu povo?
Podemos usar várias palavras diferentes para indicar essas atividades, mas elas se resumem a algumas ideias:
– Deus chama e abençoa seu povo por meio da sua Palavra, especialmente quando ela é pregada, mas também quando é lida em privado ou em grupos pequenos.
– Deus dá graça em resposta às orações de seu povo, sejam elas oferecidas em ambientes corporativos, grupos pequenos ou em particular.
– Deus abençoa seu povo por meio dos sacramentos (batismo e Ceia do Senhor). Quando o povo de Deus vem com fé para ser batizado ou à Mesa, eles experimentam comunhão com ele e uns com os outros e fortalecimento de sua fé e alegria no Senhor.
– Deus também molda e edifica seu povo por meio da igreja local, particularmente através de sua comunhão, cuidado, supervisão e disciplina.
Agora, esses quatro meios de graça podem não parecer muito em termos de uma estratégia ministerial eficaz. Parece que uma igreja precisaria de muito mais do que apenas essas atividades ordinárias para crescer em tamanho e maturidade. Parece óbvio que seria mais eficaz para uma igreja criar uma série de programas cuidadosamente direcionados para gerar interesse, entusiasmo e envolvimento. É por isso que tantas igrejas gastam muito de seu tempo e de sua energia criando programas maiores e melhores, coisas como:
- Acampamentos para crianças e adolescentes
- Grandes eventos de férias para a comunidade
- Encontros voltados para pessoas com necessidades específicas (recuperação, luto, solteirice, divórcio)
- Eventos destinados a reunir homens ou mulheres
Mas Deus sempre teve uma maneira de fazer as coisas que confunde nossas expectativas a fim de magnificar e glorificar sua sabedoria (1Co 1.18-31). Assim, uma igreja que confia no poder soberano de Deus para salvar e edificar sua igreja irá focar nesses meios ordinários de graça mais do que em uma série de programas chamativos.
Entretanto, isso não significa que não haja espaço para programas na vida de uma igreja saudável. Na verdade, desde que ocupem o devido lugar, os programas podem ajudar as pessoas a crescer em Cristo e experimentar sua graça. Mas a parte difícil é a frase “o lugar apropriado”. Qual o lugar apropriado para as programações?
Aqui está a chave: nossos programas são úteis apenas na medida em que colocam as pessoas em contato com os meios de graça ordenados por Deus. Não importa se um programa atrai uma multidão de pessoas não salvas ou sem igreja; não importa se é bem frequentado pelos membros da igreja. Muitos programas até criam a aparência de crescimento e progresso, no entanto, de fato realizam muito pouco do trabalho do Senhor.
O que importa é engajar as pessoas nos meios de graça. Se Deus salva as pessoas por meio da Palavra proclamada (Rm 10.17), então queremos que nossos programas de evangelismo criem oportunidades para incrédulos ouvirem a palavra do Evangelho. Se Deus faz com que seu povo cresça por meio de sua Palavra, então queremos que nossos programas para crianças, nossos programas para jovens e nossos programas de discipulado para adultos se concentrem em torno da Palavra de Deus. Se Deus abençoa seu povo em resposta às suas orações, então queremos desenvolver nossos programas para encorajar a igreja a orar. Se Deus usa a comunhão dos santos e a supervisão dos mais velhos de uma igreja como meio de graça, então queremos que nossos programas facilitem esses relacionamentos.
Aqui estão alguns exemplos de programas que servem a um modelo de ministério dos “meios ordinários de graça”:
- Uma distribuição de alimento e o cultivo de uma horta comunitária traz nossos vizinhos para perto de nossas igrejas, onde os membros podem conhecê-los, construir relacionamento com eles, orar por eles e convidá-los a ler a Bíblia.
- Um estudo bíblico para jovens em risco lhes dá a chance de passar tempo em um lar amoroso, fazer uma boa refeição, jogar alguns jogos e estudar a Bíblia.
- Um clube de lição de casa depois da escola ajuda crianças imigrantes com seus deveres e lhes ensina a Bíblia.
- Os membros da igreja são organizados para a leitura da Bíblia personalizada, um a um. Nesses estudos, eles usam os apontamentos preparados por um dos anciãos.
- Um grupo de homens se reúne para ler um livro cristão e se divide em pequenos grupos para conversar sobre suas vidas e orar juntos.
Esses programas servem ao propósito maior de expor as pessoas às coisas que Deus disse que usará para abençoar seu povo. Essa abordagem ao ministério exige que os líderes da igreja avaliem regularmente essas atividades para garantir que elas estejam realmente servindo ao propósito pretendido. Sem avaliação regular, os programas tendem a se tornar fins em si mesmos e cristãos bem intencionados às vezes podem ver seu papel na igreja como a continuidade de certos ministérios, mesmo quando não são mais eficazes. A fim de implantar bem as programações, os líderes da igreja precisam ser capazes de explicar como um determinado programa expõe as pessoas aos meios de graça e, em seguida, serem muito honestos ao avaliar se ele está realmente cumprindo seu propósito.
Autor: Mike McKinley. © Ministério Fiel. Website: ministeriofiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradutor: Julia Maria Martins. Editor: Vinicius Lima. Revisor: Zípora Dias.