quinta-feira, 28 de março

Como selecionar presbíteros?

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Um fórum de teólogos e pastores:

Quais lições você aprendeu da forma mais difícil ao selecionar presbíteros?

Respostas de:

  • John MacArthur
  • Michael Lawrence
  • Phil Newton
  • Ed Roberts
  • Sinclair Ferguson
  • Bruce Keisling
  • Philip Pedley
  • Sir Fred Catherwood
  • Thomas Schreiner
  • Alexander Strauch

John MacArthur

Há uma razão boa e vital pela qual Paulo disse: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos” (1Timóteo 5.22). As qualificações bíblicas para os presbíteros são todas características de piedade e dons que devem ser provadas ao longo do tempo. Um homem pode saber instintivamente como causar uma boa impressão. Ele aparenta superficialmente ter o pensamento afiado, ser bem informado, ser maduro ou ser supremamente dotado como um professor. Mas ele pode ter, na verdade, sérios problemas que o desqualificariam para o presbitério e algumas vezes esses problemas se tornam claramente evidentes somente através de padrões de comportamento de longo prazo. É vital que os líderes eclesiásticos sejam “primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato (1Timóteo 3.10).

Em nossa igreja, presbíteros servem pela vida toda. Eles não são eleitos para um cargo de escritório; eles são reconhecidos pelos seus dons e por seu chamado. Uma vez que os dons e o chamado de alguém não estão sujeitos à mudança (Romanos 11.29), a seleção e apontamento dos presbíteros não é algo que deveria ser feito apressadamente ou superficialmente.

Além do mais, os dons e o chamado de um presbítero são, em última instância, bem mais importantes que qualquer caminho formal de treinamento.

Agora, obviamente, como presidente de um seminário, sou fortemente a favor de um treinamento formal. Se um homem é chamado para o ministério e dotado para ensinar, ele deve perseguir (tanto quanto razoavelmente ele possa) o melhor treinamento disponível para ele. Ele deve tirar vantagem total de cada oportunidade de estudar, de aprender e de ser mentoriado. Ele deveria conquistar um conhecimento das Escrituras cuidadoso e o completo fruto do seu trabalho; adquirir um entendimento sólido de uma doutrina saudável e essencial; aprender de forma prática como ajudar pessoas com aspectos práticos de como viver para Cristo e fazer o que for possível para afiar suas habilidades como um professor. Enquanto isso, seus líderes espirituais deveriam fazer tudo em seu poder para ajudá-lo a adquirir tal treinamento.

Mas se lhe faltar o chamado e os dons que são essenciais para o presbitério, nenhuma quantidade de treinamento formal pode possivelmente equipa-lo para a tarefa. Em outras palavras, enquanto o treinamento formal é maravilhosamente útil para equipar homens que são, de fato, chamados para liderança e dotados por Deus para um papel, nenhum programa de treinamento sozinho pode garantir que um homem será adequado para servir como um presbítero.

Então, parece para mim que o processo de identificar aqueles que são verdadeiramente chamados para o presbitério é no mínimo tão importante – e certamente um pré-requisito – quanto qualquer processo de treinamento formal que escolhemos para equipar jovens a serem pastores e membros do presbitério.

Se tem uma coisa que aprendi “da forma difícil”, é que a melhor forma de identificar presbíteros em potencial é no fluxo normal da vida da igreja. Eles são evidentes pela sua resposta ao que está sendo ensinado, pelo seu desejo de servir, pela abundância de fruto espiritual em suas vidas e pelas muitas formas que seus dons são manifestos na igreja antes de sequer serem convocados para a liderança.

Em outras palavras, nossos programas de treinamento prático de liderança não deveriam ser vistos como o começo e o fim do desenvolvimento de liderança. Em vez de sempre conceber designações de ministérios pré-fabricados e encaminhar jovens inexperientes por cada passo do que deve ser feito, algumas vezes é melhor lhes dar a liberdade para demonstrar do que eles são feitos, ao ver como eles lidam com os deveres que ainda não são suas responsabilidades formais. Então, podemos dar ajuda e encorajamento conforme eles desenvolvam suas próprias habilidades espirituais. Acho que quando homens que são dotados e chamados para liderança são encorajados a pensar dessa forma, eles prosperam.

John MacArthur é o pastor da Grace Community Church em Sun Valley, Califórnia e é o autor de vários livros, incluindo o livreto Answering The Key Questions About Elders [Respondendo às Questões Centrais sobre Presbíteros] (Word of Grace Publications, 1984).

Michael Lawrence

Uma das lições que aprendi e reaprendi em mais de uma igreja é o perigo de selecionar um homem para servir que tem uma história de um conflito prolongado, repetido e/ou não resolvido. Em mais de uma ocasião, negligenciei um conflito na vida de um homem, questionando se aquilo não era justificado pelas circunstâncias, uma ação de imaturidade que tinha que ser superada, ou engano sobre ele como a parte inocente.

O fato é, entretanto, que mesmo quando as circunstâncias ou teologia vindicam seu lado do conflito, um homem pode ainda ser um homem problemático. Isso pode se demonstrar em uma falta de gentileza, uma propensão a tomar posicionamentos rígidos quando não é requerido, uma inabilidade de perder debates graciosamente ou simplesmente amor excessivo por eles. Qualquer que seja a forma que assuma, propensão a conflitos é um impedimento sério para o serviço efetivo como um presbítero. Contenciosidade é uma clara desqualificação (1Timóteo 3.3).

Uma das razões porque isso é fácil de negligenciar é porque presbíteros devem ser o tipo de homens que podem vigorosamente contender pela fé, para defender o rebanho dos lobos e seus erros, e para permanecer diante da pressão ou mesmo perseguição. Um presbítero fraco, comprometedor, facilmente influenciável é um perigo para a saúde da congregação e a pureza do evangelho. E então procuramos por homens que prepararam suas mentes para a ação (1Pedro 1.13).

Mas se devemos cuidar do rebanho seguindo o padrão do Bom Pastor e se devemos fazê-lo de forma a nos submetemos uns aos outros à reverência a Cristo (Efésios 5.21), então devemos ser cuidadosos ao selecionar homens que falham em combinar firmeza de mente com mansidão de coração. Mansidão não é fraqueza. Moisés e Jesus foram ambos descritos como mansos (Números 12.3; Mateus 11.28). Em vez disso, mansidão é poder sob controle, humildade colocada a serviço dos outros. A serviço de si, firmeza da mente (incluindo uma teologia correta) inevitavelmente gera conflitos. Unida com humildade e mansidão, a mesma força carrega o fardo do fraco, gentilmente restaura o caído e distingue precisamente entre o mal e o fraco.

Um histórico de conflitos não deveria automaticamente desqualificar um homem para o serviço. Mas deveria requerer uma investigação mais profunda e cuidadosa. O conflito foi resolvido? Foi necessário? É uma arma de primeiro ou último recurso? É sempre autojustificável? Essas e outras questões deveriam ser exploradas honestamente antes de selecionar um homem como um presbítero. Provérbios 15.1 diz que “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”. Em nenhum lugar isso é mais importante que no trabalho de um presbítero.

Michael Lawrence é um pastor associado da Capitol Hill Baptist Church em Washington, DC.

Phil Newton

Ansiedade em estabelecer líderes como presbíteros ou preencher uma lacuna de presbíteros rotativos para uma posição ativa pode criar problemas que podem levar anos para serem superados. Ao passo que nossa igreja se moveu em direção a uma liderança de presbíteros, selecionando o grupo inicial provou ser desafiador. Depois de ensinar extensivamente sobre qualificações dos presbíteros, a igreja nomeou homens fortes através da demonstração de qualificações bíblicas. A pequena lista eventualmente foi reduzida a três que coadunavam com a aprovação da igreja. Esses completaram um rigoroso questionário por escrito, como também entrevistas antes da apresentação para a congregação. Entretanto, aprendi através do processo que questionários testam efetivamente o conhecimento básico doutrinário, mas carecem de precisão em testar motivações e ambições. Essas qualidades mais internas são aprendidas somente nas provas severas da vida eclesiástica.

Cada um desses homens era brilhante e tinha um apego razoável às doutrinas básicas. Ainda assim, nenhum tinha o nível de comprometimento para atravessar períodos de adversidades e de ameaças sem precisar de ajuda. Um homem encarou o papel de pregar na vida da igreja como mais tangencial do que central. Eu me lembro de um diálogo bastante caloroso – apesar de não ter sido feio – que tivemos na reunião dos presbíteros sobre minha exposição de 2Timóteo 4.1-5. Pontuei que, em última instância, a audiência principal do pastor era Deus. Ele não conseguia enxergar isso, apesar do argumento bíblico do contrário. Nenhum estômago para controvérsias marcou o segundo homem. Apesar de ser biblicamente versado e provavelmente o melhor estudante dos três, ele carecia de coragem para enfrentar aqueles que precisavam de correção. O terceiro homem se aproximou da igreja com uma perspectiva de modelo econômico. Sua percepção de sucesso equivalia a incrementar números. Quando os desafios vieram e os números declinaram, ele abandonou o navio.

Quais lições esses incidentes me ensinaram? Primeiro, instrua regularmente a congregação em ambos aspectos, as qualificações e o coração, de um presbítero. Demonstre que é necessário mais do que conhecimento doutrinário e boa visibilidade. Segundo, cultive futuros presbíteros através da interação em uma variedade de esquemas, por exemplo, grupos de discipulado, oração, visitas, refeições em conjunto, fóruns de discussão/leitura, críticas ao ensino deles. Ouça a forma como eles interagem com os outros. Veja como eles respondem à correção. Dessa forma, você tem tempo para observar as paixões e ambições dos homens antes deles serem separados para serem presbíteros. Terceiro, observe quem ou o que mais influencia os candidatos a presbítero. Quarto, conforme ora por discernimento, esteja consciente dos “alarmes” do Espírito Santo com respeito ao caráter, conduta ou qualidades daqueles que aspiram pelo presbitério. Se você está hesitante para aprovar alguém, então não aprove até que suas desconfianças sejam esclarecidas.

Phil Newton, autor de Elders in Congregation Life (Kregel, 2005), é o pastor senior da South Woods Baptist Church em Memphis, Tennessee.

Ed Roberts (Nome verdadeiro preservado para propósitos de segurança)

Da perspectiva de um plantador de igreja, há dois contextos para o reconhecimento de presbíteros. Primeiro, há muitos crentes maduros que decidem se tornar parte de uma nova plantação de igreja e são potenciais presbíteros. Segundo, como em um arranjo pioneiro, há somente crentes relativamente jovens que nunca se exercitaram em liderança em qualquer congregação.

Onde há homens maduros que serviram como líderes em outros contextos, e eles serviram somente como diáconos “abaixo” de um único pastor pago que não compartilhava sua liderança da forma apropriada, eles tanto podem como não podem ser bons candidatos. Esteja certo que eles entendem a pluralidade de liderança e esteja certo que eles são biblicamente qualificados.

Em cada contexto, procuro por fidelidade que foi provada, particularmente na disciplina de sua própria família. Isso não significa que homens solteiros não possam ser presbíteros, mas um homem casado deve ser modelando, ensinando e treinando sua própria família. Manejar de forma apropriada a família é um pré-requisito para servir como presbítero na igreja. Se um homem não está disciplinando sua esposa e filhos, não sugeriria reconhece-lo como um presbítero, mesmo que seu ministério possa ser frutífero em outras áreas.

A outra área menos óbvia para a qual olhar é a sua generosidade (e talvez a nossa própria?). Quando Paulo escreve para Timóteo, ele menciona que um presbítero não deve ser amante do dinheiro, e em 2Timóteo 6, ele diz que aqueles que são ricos nesse presente mundo devem fazer o bem para que sejam ricos em boas ações, sejam generosos e desejosos de compartilhar. Não ser invejoso, mas almejar servir também é mencionado em 1Pedro 5. Eu faria uma sondagem de qualquer presbítero em potencial sobre sua mordomia financeira, em particular no doar generosamente (não somente sua oferta semanal!), a despeito da cultura evangélica achar isso aceitável ou não.

Seja cuidadoso sobre reconhecer como presbítero alguém que tem um interesse não saudável em disputas teológicas. É claro que um presbítero precisa estar apto para ensinar a doutrina saudável e refutar aqueles que se opõem a ele, mas isso deve ser feito com gentileza. Somos advertidos em 2Timóteo sobre contendas a respeito de palavras. Então, procuro por alguém que é ensinável e apto a ensinar com boa teologia, mas faça isso com um espírito gentil e a devida humildade teológica.

Sobre reconhecer presbíteros, seria sábio reconhecer aqueles homens que compartilham da mesma mentalidade, que são aptos para ministrar para pessoas ou formas em particular que outros presbíteros não são tão dotados. É um erro ter um time de presbíteros que compartilham da mesma opinião com as mesmas personalidades, mesmos interesses, mesmas situações familiares, históricos idênticos etc. O time de presbíteros deve compartilhar das mesmas opiniões biblicamente, mas eles não precisam ser iguais em toda outra medida humana.

Mr. Roberts plantou uma igreja nos EUA, tem plantado igrejas e tem feito um desenvolvimento de liderança na Ásia Central por enquanto.

Sinclair B. Ferguson

Quero fornecer 9 marcas de um presbitério saudável. Presbíteros podem avançar ou retardar a saúde espiritual de uma congregação. A seleção deles, portanto, é vital. Os poucos comentários abaixo são limitados à questão: Como reconhecer quem deveria servir como presbítero?

1. Ao passo que nos arrependeremos de colocarmos a medida abaixo dos padrões das Escrituras em reconhecer homens chamados para o presbitério, podemos também, em nosso zelo, coloca-la artificialmente acima das Escrituras, e falharmos em reconhecer que alguns dos melhores dons crescem no ministério.

2. Lembre-se especialmente que “estar apto para ensinar” (1Timóteo 3.3), com seu corolário de ser apto para “repreender” (Tito 1.9, isto é, usar as Escrituras para os fins aos quais são dadas, 2Timóteo 3.15-16) não especifica a arena. Alguns que são “aptos para ensinar” não se encaixam na pregação pública regular.

3. Busque homens que exibam o espírito, assim como o apego intelectual, da doutrina saudável. Ortodoxia com aproximação é uma grande aspiração em um presbítero (aproximação como o sentido mínimo de “hospitalidade”, Tito 1.8).

4. Exponha a questão mais negligenciada – “Os de fora pensam bem dele?” (1Timóteo 3.7) – e pondere por que essa questão é importante.

5. Escolha aqueles que já estão “entre” o rebanho e o rebanho “entre” eles (1Pedro 5.2). Tendo conhecido as qualificações morais, domésticas, ocupacionais e didáticas, pergunte: “Esse homem ama o rebanho e é amado por ele?”. O comprometimento para com a oração corporativa é geralmente o papel de tornassol.#1

6. Evite apontar aqueles que se comprometeriam a amar o rebanho se eles fossem chamados para ser presbíteros. É bem melhor ter homens que amam as ovelhas do que homens que amam serem pastores.

7. Procure por homens que são simultaneamente gentis, mas preparados para serem corajosos e preparados para sofrer se necessário – colocar-se na frente para proteger, como também se colocar atrás para seguir! Um presbítero deve ser capaz tanto da repreensão bíblica quanto da restauração gentil (Gálatas 6.2). Homens quietos, com corações quietos, são dignos do seu peso em ouro e podem nos surpreender por sua sabedoria.

8. Faça a pergunta: “Nossa igreja teria vontade, se necessário, de pagar a esse homem um salário para trabalhar entre nós como um presbítero?”. A resposta pode dizer muitas coisas sobre seu ministério no rebanho e a estima que ele tem diante dos olhos deles.

9. Considere quão bem a vida de um homem ecoa os princípios do pastoreio do Senhor no Salmo 23.

#1 papel de tornassol é um teste feito para diferenciação das propriedades de acidez de um composto químico. 

Sinclair Ferguson, que ensina regularmente no Westminster Seminary e é o autor de vários livros, é o pastor sênior First Presbyterian Church em Columbia, Carolina do Sul.

Bruce Keisiling

Aprendi que a habilidade da igreja em reconhecer presbíteros está fortemente correlacionada com o número de oportunidades de ensino que eles tiveram na igreja. Em nossa situação na Third Avenue Baptist Church, em Louisville, estávamos sem um pastor na época que nos encontrávamos nomeando nossos primeiros candidatos ao presbitério. Mesmo que eu não seja o pastor, a igreja me considerou presbítero na prática e me encarregou com os deveres de nomear nossos primeiros candidatos, para então serem confirmados ou negados pelo voto congregacional. Eu comecei o processo pedindo à igreja que me enviasse recomendações para consideração. Eu queria saber quem eles estavam inspecionando como presbíteros em potencial. Eu não deveria ter ficado surpreso pelo que recebi, mas fiquei.

Nos últimos anos, nossa igreja desfrutou de bom ensino de devocionais de quinze minutos aos domingos à noite feito por cerca de uma dúzia de homens. E eu esperei uma distribuição equilibrada bastante justa desses homens que foram dotados para ensinar. Um número de homens apurou uma ou duas nomeações. Mas o que encontrei no meio das recomendações dadas para mim, com uma quase universal clareza, foi que três nomes em particular – os três homens que deram não somente breves devocionais nos domingos à noite, mas que compartilharam a responsabilidade de sermões matutinos dominicais devido a nossa carência de um pastor. A igreja achou a pregação desses três homens particularmente encorajadoras.

Em resumo, aprendi que concentrações de oportunidades de ensino (assumindo que um indivíduo ensine bem) irá aumentar a habilidade da igreja de reconhecer seus presbíteros. Conforme consideramos recomendar novos presbíteros, nós intencionalmente organizamos mais oportunidades de ensino para indivíduos a serem considerados para a nomeação. Dessa forma, nós – e a igreja – podemos discernir o chamado deles entre nós.

Bruce Keisling, bibliotecário chefe da Boyce Centennial Library no Southern Baptist Theological Seminary, é presbítero na Third Avenue Baptist Church em Louisville, Kentucky

Philip Pedley

Uma liderança plural no corpo local de Cristo é tão bela quanto pode ser rara. Em 2002-2003, Deus agradou-se em liderar a First Baptist Church of Grand Cayman passo a passo a um entendimento sobre presbitério, e a igreja apontou seus primeiros presbíteros em fevereiro de 2004. Apesar de nós termos enfrentado por vários desafios pelos três anos que se passaram, esses trouxeram a nós a sabedoria e a força da liderança plural. Semana a semana, descobrimos que princípios como submissão mútua e combinação de dons espirituais entre o presbitério plural são o plano de Deus para o maravilhoso projeto de pastorear o rebanho.

A principal lição que eu tiraria da nossa experiência é essa: convicção sobre o presbitério deve estar enraizada na Escritura e não vista como uma opção pragmática selecionada a partir de um menu de modelos de liderança. Provavelmente, o maior perigo para o presbitério bíblico, em minha experiência, é a crença bastante difundida que o pastor, ou pastor titular, deveria ser o CEO de uma igreja local. Podemos chamar isso de o “modelo de negócios” de liderança eclesiástica. Porque é o modelo dominante em nossas vidas profissionais, ele imprime uma poderosa influência na igreja ocidental.

No lugar de tais perspectivas humanas, ponderamos refrescar as palavras de Cristo sobre uma liderança mundana: “Não deve ser achado entre vós”. Temos aprendido o quão importante é imergir a nós mesmos no que a Escritura ensina sobre liderança plural e sermos vigilantes acerca das formas que o padrão bíblico pode ser sutilmente erodido. Por exemplo, membros não comprometidos completamente com o presbitério podem ainda ser seduzidos pelo canto da sereia da liderança singular, visando atrações ilusórias de poderosos pregadores-pastores em volta deles e almejando como o Israel antigo “seu próprio rei”. Novos presbíteros ou pastores, apesar de enraizados em uma liderança plural, podem precisar de ajustes à forma que um princípio como submissão mútua, que tem ampla aplicação em diversas culturas, deve encontrar expressão local no meio de um grupo particular de presbíteros. Sabemos que à frente de nós estão os perigos de estabelecer o presbitério: o risco que a pluralidade pode relaxar sua supervisão e decair em graus a um clube confortável no qual, de fato, abdica a liderança para um pastor CEO.

“Atendei por vós”, diz Paulo “e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos” (Atos 20.28). Essa advertência, dada especialmente para os presbíteros de Éfeso, é parte do mais longo discurso para qualquer audiência cristã em todo o livro de Atos. Presbitério é importante. Os presbíteros de Éfeso sabiam que o padrão divino da liderança plural tinha sido estabelecido na primeira viagem missionária de Paulo (Atos 14.23), expandido na sua segunda viagem (Atos 16.12-40; Filipenses 1.1) e agora aprofundada na terceira. Timóteo quase certamente testemunhou esse discurso comovente e de despedida. Podemos imagina-lo, anos depois, tecendo essas lições em sua própria pregação depois de ler as instruções bem conhecidas de Paulo para os presbíteros e os diáconos em Timóteo 3.1-15. Esta é uma cena que nos lembra que o verdadeiro padrão da liderança eclesiástica efetiva repousa nas Escrituras somente, não em modelos extrabíblicos, qualquer que seja o apelo.

Philip Pedley, conselheiro principal de políticas para o conselho do serviço civil nas Ilhas Cayman, é presbítero na First Baptist Church of Grand Cayman.

Sir Fred Catherwood

A carta de Paulo a Timóteo se concentra na qualidade inerente necessária aos presbíteros que, na urgência das novas igrejas, não possuíam nenhum treinamento formal que a igreja de hoje tem tempo para dar. Porém, nas igrejas de hoje, essas qualidades herdadas ainda importam.  Presbíteros ainda precisam ser piedosos, pacientes, maridos de uma mulher, bons pais e mergulhados na palavra de Deus. Nenhuma quantidade de treinamento pode preencher as lacunas nessas áreas.

Qualquer igreja é cheia de pessoas com problemas, e o ministro não pode atender a todas. Os presbíteros estão lá para cercar e ajudar o ministro. Há muito estresse no ministério e nem todo ministro é forte o suficiente para assumir tudo. Ministros precisam de homens que possam falar abertamente que não abusarão dessa intimidade. Podemos não ter mulheres nesse cargo, mas devemos ter esposas de presbíteros. Entre marido e mulher, presbíteros são aptos para atender a todos os que são ansiosos, incertos ou somente evidentes ignorantes, e aptos a falar sobre seus problemas.

Pode ser mais fácil para membros de igrejas trazer um amigo não-cristão para um presbítero do que para o ministro, então ajuda se o presbítero tiver alguma experiência de evangelismo pessoal.

Acima de tudo, presbíteros, suas esposas e suas famílias deveriam ser modelos para a igreja.

Sir Fred Catherwood é um autor e político britânico. Seu livro mais recente é The Creation of Wealth: Recovering a Christian Understanding of Money, Work, and Ethics (Crossway, 2002).

Thomas R. Schreiner

Primeiro, nós nos fundimos com uma igreja a muito tempo estabelecida alguns anos atrás. Essa igreja tinha um número de homens que eram amigáveis e legais, mas eram ou doutrinariamente inocentes ou tinham perspectivas contrárias ao que consideramos essencial para qualquer que estivesse servindo como presbítero. Se tivéssemos nomeado um ou mais desses homens para serem presbíteros, alguns dos membros antigos da congregação estariam satisfeitos. Mas teríamos sobrecarregados a nós mesmos com sérios problemas no futuro, porque teríamos sacrificado a harmonia de doutrina e visão.

Segundo, temos enfrentado situações onde homens foram “quase” qualificados para servir como presbíteros, mas eles careciam de pelo menos uma qualificação importante para servir conosco. Novamente, foi tentador inclui-los porque eles estavam envolvidos na igreja e sentimentos foram feridos quando não foram nomeados. Ainda assim, a sabedoria de negar-se em aponta-los tornou-se evidente quanto mais as situações que teriam tornado mais difícil para eles servirem conosco surgiam na vida deles.

Terceiro, também é tentador apontar alguém que é teologicamente brilhante e concorda com a posição doutrinária da igreja. Mas precisamos nos lembrar que Paulo ressalta especialmente qualificações características para presbíteros (1Timóteo 3.1-7; Tito 1.5-9). Precisamos de presbíteros que são teologicamente fiéis e que vivem o evangelho em suas vidas diárias. Não devemos sacrificar o último porque o primeiro está presente, porque as palavras dos presbíteros devem estar de acordo com a vida piedosa.

Thomas Schreiner, professor de Novo Testamento no The Southern Baptist Theological Seminary e o autor de vários livros, é o pastor de pregação na Clifton Baptist Church em Louisville, Kentucky.

Alexander Strauch

Pare de pensar a curto prazo. Como um pastor de ovelhas, pense e planeje a longo prazo. Procure por jovens homens em sua adolescência ou 20 e poucos anos que mostram interesse espiritual e potencial. Eles são seus futuros líderes. Deus os colocou sob seu cuidado para molda-los. Não falhe com eles!

Comece dando a eles livros que mudam a vida para que leiam, tais como Uma Palavra aos Moços, de J. C Ryle. Quando eu tinha quinze anos, o diretor de organização do campus que eu comparecia pôs uma biografia do Hudson Taylor em minhas mãos. Hudson Taylor mesmo era um adolescente quando se preparava para missões. Nunca mais fui o mesmo depois de ler a inspiradora história da sua vida e a fundação da China Inland Mission. Livros mudam vidas. Vi acontecer várias vezes.

Também, faça uso de muitos excelentes sermões de pregadores renomados da Palavra que estão disponíveis para inspirar jovens líderes. Desafie suas mentes antes que o mundo o faça. Comece com pregação expositiva na magistral carta de Paulo aos Romanos. Diga-lhes para dominar Romanos. No processo, Romanos os dominará. E é isso que você quer.

Outra forma de influenciar futuros líderes é falando com eles ou os enviando para conferências bíblicas. E manda-los ou falar com eles sobre viagens missionárias de curto prazo é uma excelente forma de ampliar a perspectiva e expandir o pensamento deles.

Dado que líderes em potencial aumentam gradualmente a responsabilidade no serviço, na liderança e no ensino, estrategicamente, abra portas para um ministério para eles na igreja. Esse é o melhor campo de treinamento. Monitore o serviço deles. Comunique-se com eles regularmente sobre como eles estão indo. E convide-os por um período específico de tempo para visitar suas reuniões de presbíteros. Esse é outro significante campo de treinamento. Molde a visão deles de que pastorear o rebanho comprado pelo sangue de Cristo, a igreja, é verdadeiramente um trabalho a ser executado.  É o mais alto chamado e privilégio cuidar do povo de Deus.

Parte da responsabilidade da supervisão pastoral é ver que existirão pastores qualificados para liderar e ensinar o rebanho no futuro. É nosso trabalho tomar a iniciativa nesse assunto, para alcançar os pastores jovens e em potencial, de ser proativos e não reativos, de ter interesse em suas vidas e futuro, de gastar tempo com eles, direciona-los e adverti-los dos muitos perigos que jovens enfrentam (1Timóteo 4.16; 2Timóteo 2.2, 15, 22). Continuamente, ter em mente que você é um exemplo para eles e encoraja-los em seu crescimento espiritual. Você tem poder para influenciar indivíduos-chave para Deus e o futuro da sua igreja. Use essa influência ou você irá perde-la.

Lembro-me de assistir o Dr. Vermon Grounds, chanceler do Denver Seminary, descer ao corredor principal do seminário ao mesmo tempo que dois jovens estudantes estavam caminhando em direção a ele. Quando eles estavam prestes a passar, ele os alcançou com ambos os braços e colocou suas mãos nos ombros de cada um, parando-os em seu percurso. Olhando com autoridade para eles, como se Deus estivesse falando, ele disse, “Logo a igreja de Jesus Cristo estará sobre seus ombros, estejam preparados”. Ele então continuou seu caminho, deixando-os sem palavras. Tenho certeza que eles nunca esqueceram a chocante exortação celeste do Dr. Grounds. Talvez você também deva enviar alguns raios aos jovens da sua igreja.

Alexander Strauch, que ensinou filosofia e literatura do Novo Testamente no Colorado Christian University, é um presbítero na Littleton Bible Chapel próxima a Denver, Colorado. Ele também é o autor de Biblical Eldership: An Urgent Call to Restore Biblical Church Leaderhip. Acesse lewisandroth.org para ver mais recursos sobre preparo de presbíteros, inculindo guias de estudos sobre esse livro.

 

Tradução: Matheus Fernandes
Revisão: Yago Martins


Autor: John MacArthur

O pastor John MacArthur é um dos líderes evangélicos mais preeminentes de nossos dias. Seus livros, pregações e ministério têm atingido milhões de pessoas em todo o mundo. MacArthur é presidente do ministério Grace to You e exerce seu ministério pastoral na Grace Community Church, na Califórnia.

Parceiro: 9Marks

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O ministério 9Marks tem como objetivo equipar a igreja e seus líderes com conteúdo bíblico que apoie seu ministério.

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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