Umas das implicações mais significativas de Hebreus 13.17 (prestar conta das almas) que aprendi cedo em meu ministério foi que eu não tenho o direito de desprezar e recusar-me de cuidar da alma de alguém que Deus me confiou. Isso é algo importante para sabermos como pastores, porque todos nós temos em nossas congregações aqueles que nos desprezam, aqueles que incomodamos com algo que dissemos ou fizemos, mas sobre os quais ainda prestaremos contas quando estivermos diante de Deus. Neste momento, alguns podem pensar que esse tipo de pessoa é uma boa razão para ir embora e começar de novo, mas eu lhe afirmo que eles são, na verdade, uma boa razão para ficar e perseverar. Por que essas pessoas difíceis são uma boa razão para permanecer e perseverar?
Permaneça no mesmo lugar para ver Deus trabalhar através do seu ministério de tal maneira que aqueles que antes o detestavam possam, com o tempo, passar a apreciá-lo e amá-lo.
Eu fui lembrado disso alguns anos atrás quando fui visitar no hospital uma senhora idosa que quase havia falecido, mas as coisas mudaram e ela começou a recuperar-se lentamente. Ela é alguém que anos atrás havia me caluniado e me atacado na frente da igreja inteira. Não era minha maior fã. Apesar das tensões terem diminuído nos últimos anos, eu não esperava simpatia da parte dela.
Eu me sentei com essa senhora e tive uma visita extremamente encorajadora e agradável. Ela foi acolhedora, gentil e graciosa para comigo. Ela me elogiou por cuidar dela e da igreja tão bem por tantos anos. Quando eu procurava atentamente pela “câmera escondida”, ela veio e me abraçou quando eu estava saindo. Incapaz de explicar, humanamente falando, qualquer coisa que eu acabara de experimentar, Deus me lembrou de uma das maiores alegrias de permanecer e perseverar com estas pessoas.
A medida que perseveramos em meio às críticas, reclamações e ataques verbais e tentamos amar e cuidar da alma daqueles que nos atacam, Deus em sua graça pode permitir eventualmente que os conquistemos.
Que testemunho poderoso do poder de Deus operando em seu pastor e nas ovelhas quando ele faz isso. Não foi a primeira vez que Deus me permitiu experimentar isso e eu posso definitivamente dizer que está entre as maiores alegrias que já experimentei no ministério pastoral com minha congregação.
Pastores, agarrem-se aquilo que você sabe ser verdadeiro e certo. Amem aqueles que não lhe amam, pelo menos por enquanto, da mesma forma como ama aqueles que também lhe amam. Contudo, não se surpreenda quando acordar um dia (em alguns anos) e descobrir que um membro da igreja que lhe tratara com frieza por anos repentinamente teve o seu coração aquecido.
Considere estas palavras incrivelmente sábias de Richard Baxter sobre o porquê devemos cuidar, em especial, das almas daqueles que nos detestam:
“Até mesmo o maior dos pecadores nos dará ouvidos em seu leito de morte, apesar de ter nos desprezado anteriormente.”
Tradução: Fabio Luciano
Revisão: Vinicius Musselman