sábado, 16 de agosto
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Cristo e o Tabernáculo: A mesa dos Pães da Proposição

Para muitos de nós, a mesa da sala de jantar pode ser o local mais precioso de nossa casa. Isto não é simplesmente por causa do sustento recebido ali, mas também devido à interação amorosa que ocorre com a família e amigos enquanto uma refeição é compartilhada.

Nossa própria experiência de compartilhar uma refeição nos permite apreciar melhor o simbolismo da mesa dos pães no tabernáculo. Posicionada ao lado direito de quem entrava no Lugar Santo, a mesa era feita de madeira de acácia e revestida de ouro puro (Êx 25. 23-30; 37.10-16). Media cerca de um metro de comprimento, meio metro de largura e setenta centímetros de altura, ao seu redor havia uma moldura de ouro com quatro dedos de largura, fixada a cada uma de suas quatro pernas, havia uma argola de ouro por onde se introduziam as varas quando chegasse o momento de transportá-la. Além disso, pratos, recipientes, jarros e taças feitos de ouro puro eram colocados sobre a mesa. Os pratos e recipientes provavelmente continham o incenso, e os potes e taças eram aparentemente usados para libações (ofertas de bebidas).

O objetivo principal da mesa era servir de apoio para “os pães da proposição” (literalmente, “Pão da Presença”), que era colocado diante da presença (ou face) de “Yahweh” (Êx 25.30). A cada sábado, os sacerdotes substituíam os pães da semana anterior por uma nova porção de pães quentes (Lv 24. 5-9). Exatamente doze pães, representando as doze tribos de Israel, deveriam ser dispostos em duas fileiras de seis, Esses pães eram uma oferta de alimentos apresentada à Deus, que deveria ser continuamente realizada como “aliança perpétua” (Lv 24.8).

Juntamente com os outros elementos do tabernáculo, a mesa destaca a relação de aliança entre Deus e seu povo, enquanto Yahweh habita com Israel de maneira especial. Embora muito possa ser dito sobre essa mesa, há duas coisas principais a serem observadas.

Primeiro, a mesa dos pães enfatiza a provisão de Deus para Israel. Deus é o Criador e o Senhor da aliança, que prometeu redimir e cuidar do seu povo. Deus, sendo a fonte da vida, lhes dava seu pão diário (como o maná no deserto em Êxodo 16.1-36). Mais ainda, ele é a fonte da vida eterna e o povo reconhecia isso participando do ritual de ofertas de alimentos. Eles ofereciam, para a mesa, uma porção do que Deus, de forma abundante lhes dava, desta forma, mostravam sua gratidão e adoravam o Senhor da aliança.

Em segundo lugar, a mesa destaca a íntima comunhão existente entre Deus e seu povo. Na Bíblia, uma refeição compartilhada era um tempo de íntima comunhão entre as pessoas, especialmente no contexto de uma aliança (por exemplo, a refeição de Abraão com Deus em Gênesis 18.1-9). Significativamente, um capítulo anterior de Êxodo mostra um maravilhoso exemplo disso. Em Êxodo 24.9-11, depois que Deus deu sua lei a Israel, Moisés e os anciãos subiram a montanha para comerem uma refeição com o Senhor, e o texto relata, de forma maravilhosa, que naquele momento eles viram Deus (vv. 10-11). Esta foi a refeição da aliança que comemorava a relação entre Yahweh e Israel. O ato de comer na presença de Deus revelava que Israel era intimamente conhecido e amado por ele. Assim como os doze pães eram uma oferta de alimentos para o Senhor e que mais tarde seriam comidos pelos representantes sacerdotais do povo, a mesa tornou-se um lembrete perpétuo da comunhão íntima compartilhada entre Deus e o seu povo.

Esses elementos do Antigo Testamento são sombras de melhores realidades que chegariam à igreja em Jesus Cristo (Hb 10.1). Ele é a mais completa expressão do tabernáculo e do templo representando a presença de Deus entre o seu povo (Mt 1.23; Jo 1.14; 2.19-21). Por meio dele Deus deu vida à igreja, tanto agora (Mt 6.11; Fp 4.19) como eternamente (Jo 3.16; At 4.12). O “Pão da Presença”, em última análise, apontava para Jesus como o pão do céu (João 6. 22-65). Ele é o pão da vida (vv 35,48), o verdadeiro maná celestial (vv. 30-33), e todo aquele que come sua carne e bebe seu sangue, isto é, aquele que crê nele, tem a vida eterna (vv 51 –58).

Esse ato de alimentar-se de Cristo pela fé é simbolizado na Ceia do Senhor (1Co 11. 23-26), que não mais se limita aos sacerdotes, como os pães da proposição da antiga aliança. Na refeição da nova aliança todos os crentes podem tomar parte da íntima comunhão com o Deus trino, e juntos, a igreja comprova que são conhecidos e amados por ele. A Mesa do Senhor aponta ainda, para a gloriosa ceia das bodas do Cordeiro, onde Cristo e sua igreja viverão em comunhão eterna (Ap 19. 6–9). Esta é a mesa que Deus está preparando para aqueles que o amam, antes, para aqueles que são amados por ele.

 

Tradução: Paulo Reiss Junior.

Revisão: Vinicius Musselman Pimentel.

Fonte: The Table of Showbread.


Autor: Michael G. McKelvey

Dr. Michael G. McKelvey é professor de Antigo Testamento no Reformed Theological Seminary, em Jackson, Mississippi, e ministro ordenado da Igreja Presbiteriana na América. Ele é o autor de “Moses, David and the High Kingship of Yahweh”.

Parceiro: Ministério Ligonier

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