Eu não estava segura de com que o discipulado deveria se parecer, mas eu tinha certeza de que não se parecia com o que eu estava fazendo.
“Eu preciso saber de tudo perfeitamente”, pensei ao fechar a porta após a pobre irmã que havia gasto uma hora de sua vida para vir e ser discipulada.
“Eu sou uma bagunça! Não tenho a mínima ideia do que estou fazendo aqui. Com certeza não houve nenhum ‘ensino’ no meio disso, com meus filhos descontrolados e meu coração indisposto com o meu marido. Eu não deveria estar ensinando ninguém. Sou eu quem precisa ser discipulada! Deus, o que fazer?”
Eu resmungava tudo isso balbuciando enquanto voltava à cozinha para terminar de fazer o jantar.
Encontrando força na fraqueza
Mal sabia eu como Deus usaria aquela situação, juntamente com muitas outras semelhantes, para me ensinar muito sobre seus propósitos na minha vida. Mal sabia eu como Deus transformaria minhas fraquezas em força. Durante esse período, meu marido e eu, ambos na casa dos trinta, havíamos sido empurrados para a categoria dos “mais velhos” na nossa igreja. Eu procurava uma mulher que pudesse me encorajar espiritualmente, enquanto enfrentávamos tempos difíceis, mas Deus tinha outros planos.
Em vez de me conceder esse desejo, ele fez crescer minha paixão pelo discipulado. Gradativamente, eu aprendia que discipulado era menos sobre eu fazer a coisa certa e mais sobre obedecer ao mandamento divino de “instruir as jovens” (Tito 2.4). Com frequência eu observava Deus trazer à minha vida mulheres mais jovens do que eu, em idade ou em maturidade espiritual, desesperadas por alguém que as ajudasse a aprender como amar o Senhor com todo o seu coração, alma, entendimento e força (Deuteronômio 6.4-9).
Ensinando ao ser observada
Por mais que eu desejasse ser discipulada, eu me via com frequência no papel de discipuladora, sentindo-me profundamente insegura e incapaz. Eu me sentia como Moisés em Êxodo 4, dizendo: “Ó Deus, por favor, envie outra pessoa”, e Deus me reprovou por isso de várias maneiras diferentes. Assim como com Moisés, eu percebia Deus dizendo: “Quem fez a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o SENHOR? Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar” (Êxodo 4.11-12).
Ao discipular essas mulheres, eu tentava instruí-las e questioná-las, discutir livros juntas e orar, mas depois elas viriam a dizer-me que, muitas vezes, o melhor ensino veio de simplesmente observar-me. Elas observavam Deus usar minhas fraquezas ao lutar por paciência quando ela já havia se esgotado há muito durante o dia. Elas me observavam lutar para amar meu marido depois de compartilhar com elas minhas próprias lutas de sentir-me em segundo lugar com relação ao seu trabalho.
Deus suprirá aquilo de que necessitamos
Eu vim a entender melhor as palavras de Paulo ao dizer: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Coríntios 4.7). Essas moças tiveram um assento na primeira fila para verem o verdadeiro vaso de barro que eu sou. Uma vez que nós somos feitura de Deus, criados em Cristo Jesus para boas obras, às vezes precisamos permitir que outros vejam o poder de Deus brilhar a partir das nossas frágeis tentativas de servi-lo.
Deus não nos chama para sermos tudo o que podemos ser por nós mesmos. Em vez disso, ele nos chama a nos derramarmos por outros como uma oferta de libação. Porque é quando nos esvaziamos de nós mesmos por amor a Deus e aos outros que ele pode usar a nossa fragilidade como o palco perfeito para exibir o seu poder. A cada dia que Deus nos dá vida nesta terra, ele nos dá todas as coisas de que precisamos para a vida e a piedade. Isso significa que ele será fiel em suprir todas as coisas de que precisamos para discipular as mulheres que ele traz às nossas vidas.
A nossa confiança: Deus está trabalhando
Anos depois, Deus trouxe à igreja uma nova amiga e irmã, a qual passou a visitar-me por algum tempo nas tardes de sábado, enquanto Brad estava ocupado preparando um sermão. Parecia que todas as vezes que ela chegava alguma coisa estava dando errado, desde o pior momento de ira de um dos meus filhos ao vaso sanitário entupido! Foi durante um desses momentos que olhei para ela com um sorriso, confiante na sabedoria de Deus, e disse: “Veja só, Deus de fato deve amá-la muito para deixá-la ver tudo isso”.
Esta é a nossa confiança: não que nós tenhamos o lar perfeito ou os filhos mais bem-comportados, mas que, no atoleiro e no lamaçal, o Espírito de Deus está trabalhando. Mesmo em nossas fraquezas, Deus usa nossas palavras para despertar aqueles que são indolentes, encorajar os tímidos, confortar os fracos e mostrar paciência para com todos, tudo para a sua grande glória.