quinta-feira, 18 de abril

Fale apenas o que é bom para transmitir graça

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Dê uma olhada no Twitter, nas notícias da TV ou nas mensagens de seu grupo mais ativo. Dizer que palavras gentis foram escassas no ano passado seria eufemismo. Em diversas questões, considere quantas palavras as pessoas empregaram a fim de dividir em vez de reconciliar, a fim de ferir em vez de curar, a fim de rebaixar em vez de exaltar. Paus e pedras ainda quebram ossos, mas você não pode me dizer que palavras não machucam.

Seja no computador, na igreja e à mesa de jantar, qual foi sua estratégia para escolher suas palavras este ano? Como aqueles que servem ao Deus que fala e o confessam, o Deus que criou o mundo por sua palavra e cuja palavra concede a vida, será que esquecemos a importância eterna e poderosa que tem o dom da fala? Afinal, o Deus trino se revelou através de suas palavras. Em Cristo, ele nos libertou para usar nossa fala para fins surpreendentes e duradouros.

Como sei disso? Por meio da carta de Paulo aos efésios.

Efésios começa com expressões sublimes da soberania de Deus sobre todas as coisas (1.11). Paulo nos mostra a eleição e o amor de Deus por seu povo desde antes da fundação do mundo (1.4). Ele considera como Deus nos levanta da morte para a vida espiritual (2.1-5) e revela como Deus nos inclui em seus planos cósmicos para unir não apenas judeus e gentios (2.15), mas todas as coisas em Cristo (1.10). Em Efésios, Paulo nos conduz a visões da glória de Deus de tirar o fôlego.

No entanto, ele não para por aí. Ele nos chama a responder — ou, mais especificamente, a falar. Paulo nos mostra como a grande obra de redenção de Deus em Cristo transforma nossas vidas e, ao fazê-lo, transforma nosso discurso. Paulo escreve em Efésios 4.29: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem”.

Leia de novo! Efésios ensina que os propósitos gloriosos de Deus para o universo e seu povo em Cristo se estendem ao nosso discurso. Além da fé em Cristo, corações pecaminosos vomitam palavras que amplificam a morte e a decadência do mundo decaído. Mas agora, em Cristo, podemos usar nossa fala para apresentar o que antes era impossível: a graça.

Vamos considerar duas maneiras pelas quais este ensinamento deve moldar nossa fala.

1. Deus usa nossas palavras para fins que você não pode imaginar

Tenho certeza de que você facilmente pode lembrar de palavras que o feriram. Mas espero que você também se lembre de momentos em que um cristão falou com a intenção de edificar você; quando alguém surpreendeu você com uma resposta gentil, no momento em que esperava uma palavra dura ou compartilhou o evangelho quando você se sentiu longe de Deus. Nesses momentos comuns, Deus fez algo eternamente glorioso através da fala de seu irmão ou irmã. Ele usou aqueles crentes para falar o que é bom para transmitir a graça.

E se realmente acreditássemos que nossas palavras podem fazer isso? Suspeito que começaríamos a procurar maneiras de empregar nossas palavras para esse fim eternamente bom. E se, baseado em Efésios 4.29, considerássemos o culto semanal de nossa igreja como uma oportunidade indispensável para falar graciosamente à vida dos outros? Dado o que lemos aqui em Efésios, o Deus que fala deve receber uma glória particular ao usar as palavras de seu povo redimido para atingir objetivos que não podemos entender completamente deste lado da eternidade.

Ainda não compreendemos a extensão da graça de Deus para seus filhos, mas sabemos que ele usa nossa fala para estender sua graça.

2. Deus usa nossas palavras para o que permanece

Se fizéssemos um inventário de tudo o que desperdiçamos no ano passado, quantas palavras fariam parte da lista?

Como acontece com qualquer outro recurso escasso, mesmo o mais verborrágico tem uma quantidade limitada de palavras durante a vida. Que tragédia seria chegar ao fim de nossas vidas e perceber que desperdiçamos nossas palavras falando algo sem valor duradouro!

Mas se falamos o que é bom para transmitir a graça, então Deus usa nossas palavras comuns para seus propósitos extraordinários. Ele até as usa para edificar seu povo em sua morada na era vindoura (2.22). Em Cristo, Deus pretende usar nossa fala para edificar o que permanece.

Não devemos reduzir esse comando a mera positividade ou bajulação. A fala que apresenta a graça está saturada do evangelho! Isso implica, às vezes, proferir uma palavra dura quando apropriado, porque isso vai cooperar para o eterno bem maior. Significa pedir perdão quando estamos errados ou encorajar alguém em seus dons, mesmo que os nossos fiquem em segundo plano.

Considere que lugar maravilhosamente contracultural nossas igrejas locais seriam se todos planejássemos, de maneira estratégica, usar palavras para o que será celebrado no último dia. Os propósitos de Deus que exaltam a Cristo, transformam o universo e mudam o destino em Cristo incluem o emprego de nossas palavras para fins eternos. Neste presente momento cultural, onde as palavras parecem ser muitas, mas as boas parecem ser tão poucas, vamos assumir a meta de passar os anos que o Senhor nos dá falando do que é bom para transmitir a graça.

Minha geração foi convocada com razão: “Não desperdice sua vida!”. Para cumprir esse chamado, precisamos ouvir outra vez: “Não desperdice suas palavras!”.

Nossos dias e nossas palavras estão contados e, em pouco tempo, teremos que prestar contas a Deus de como os usamos. As palavras de Deus são sempre verdadeiras e boas, e jamais serão desperdiçadas. Como seus filhos, que as palavras que pronunciamos tragam glória ao seu grande nome e graça a todo o seu povo.

Publicado originalmente em 9 Marks.

Tradução: João Costa. Revisão: Renan A. Monteiro.


Autor: Josh Manley

Josh Manley é Pastor da Igreja Evangélica RAK nos Emirados Árabes Unidos.

Parceiro: 9Marks

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O ministério 9Marks tem como objetivo equipar a igreja e seus líderes com conteúdo bíblico que apoie seu ministério.

Ministério: Ministério Fiel

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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