domingo, 15 de dezembro
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Jesus: o filho unigênito de Deus

“O que há em um nome?”, reflete Julieta. “Isso que nós chamamos rosa, teria o mesmo cheiro doce com outro nome”. O sentimento da filha de Capuleto é certamente verdadeiro em algum nível. Mas o mesmo não pode ser dito do nome aplicado a Jesus em João 3.16. A identidade de Jesus como “Filho unigênito” de Deus tão docemente amplia a nossa compreensão deste versículo que, sem este nome, o evangelho perde sua fragrância.

O Filho unigênito de Deus

“Filho unigênito” descreve a relação filial de Jesus, como a segunda pessoa da Trindade, para com o Pai. Qual é a natureza dessa relação? A relação do Filho unigênito com Pai é eterna: “No princípio”, antes da encarnação, antes da criação, ele “estava com Deus” (João 1.1). A relação do Filho unigênito com o Pai é uma relação de igualdade: o Filho que existe eternamente com Deus “era Deus” (v. 1). A relação do Filho unigênito com Pai é única: ainda que Deus queira chamar muitos “filhos” para sua família através da adoção (João 1.12), o Filho unigênito não pertence à mesma classe dos filhos e filhas que são criaturas de Deus. Ele, ao contrário de nós, é o Filho de Deus por natureza. Ele habita eternamente ao lado do Pai (João 1.18, cf. 13.23), separado de todo o resto, como o especial objeto de amor e carinho do Pai, seu tesouro mais precioso (João 17.24).

O sacrifício do Filho unigênito de Deus

A apresentação de Jesus como o “Filho unigênito” de Deus o identifica como o supremo objeto de afeto do Pai: “o Pai ama o Filho” (João 3.35). Embora Deus tenha criado o mundo muito bom, através do pecado esse mundo se tornou objeto da ira e condenação eternas de Deus (João 3.18-19, 36). Em meio a esta situação perigosa, João 3.16 proclama a natureza surpreendente do amor de Deus pelos pecadores indignos: “Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito”. Como Abraão demonstrou sua suprema reverência a Deus através de sua disposição de sacrificar seu “filho único” Isaque (Gênesis 22.2,12,16), assim Deus prova o seu amor surpreendente por nós, dando seu único Filho para ser “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1.29, 36; 3.17-18; Romanos 5.6-10; 8.32).

O hino, com razão, se admira: “Que maravilhoso amor é este que fez o Senhor de bem-aventurança suportar a terrível maldição pela minha alma?”#1. Que maravilhoso amor, de fato, que a primeira pessoa da Trindade deu a segunda pessoa da Trindade para resgatar os seus inimigos da morte. Mas as maravilhas não param por aí.

A vida eterna no Filho unigênito de Deus

O Pai deu o seu Filho, não apenas para carregar a nossa condenação, mas também para conferir a “vida eterna” (João 3.16). A identidade de Jesus como “Filho unigênito” de Deus determina também a natureza deste presente: “Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está no seu Filho” (1João 5.11; cf. João 20.31). O Pai, que ama o Filho suprema e eternamente, que deu o seu Filho amado como um sacrifício pelos pecadores, mostra seu propósito de amor por nós ao nos unir ao seu Filho unigênito, dando-nos “o poder de serem feitos filhos de Deus” (João 1.12).

Em sua oração sacerdotal, Jesus descreve o caráter da vida eterna que recebemos nele como filhos e filhas adotivos de Deus. Antes da criação, o Filho unigênito habitava ao lado do Pai como o supremo objeto de seu amor e afeto. Como consequência da sua obra redentora, o Filho unigênito ora para que também nós habitemos com ele ao lado do Pai: “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste”. Ele ora para que vejamos o amor de seu Pai: “para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo” (João 17.24). E ele ora para que compartilhemos o amor de seu Pai: “Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja” (v. 26).

O que há em um nome? O nome do Filho unigênito de Deus em João 3.16 é como um unguento derramado (Cantares 1.3): ao mesmo tempo um sacrifício dispendioso e um aroma de vida para vida. Com razão, podemos desfrutar e cantar o seu nome.

Notas:

#1 “What wondrous love is this”, hino tradicional. Em português, “Maravilhoso amor” [N.T.]

 

Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira
Revisão: Yago Martins


Autor: Scott Swain

O dr. Scott R. Swain é professor de Teologia Sistemática no Reformed Theological Seminary em Orlando, Florida, e presbítero da Presbyterian Church of America (PCA). É autor de The God of the Gospel.

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