Recentemente, estava ouvindo um debate de rádio cujo foco estava nas mudanças de legislação propostas no Reino Unido para uso da Internet. A premissa basicamente é que, quando se conecta a um servidor, o usuário doméstico é perguntado se deseja ou não acessar pornografia. Uma simples resposta “sim” ou “não” é requerida. Isso causou clamor porque, aparentemente, seria muito desconfortável para as famílias discutirem juntas e as pessoas podem ter que ser honestas com seu cônjuge! Além disso, uma das principais pressuposições, e que logo foi dissipada pelo número de chamadas, era que a pornografia não era (em grande parte) uma questão feminina. Sempre me surpreende que quando se trata de um assunto como pornografia, abuso infantil e violência doméstica há muitos que diriam que “esses não são problemas femininos!”. As mulheres são mais frequentemente aceitas como as vítimas e raramente como autoras quando esses tópicos são discutidos.
A pornografia está se tornando cada vez mais uma questão feminina. É um assunto que não é exatamente um tabu, mas seriamente difícil de ser falado particularmente nos círculos cristãos entre a população feminina. Muitas mulheres lutam contra esse pecado secreto nunca revelando sua(s) batalha(s) a qualquer pessoa. Felizmente, o tema das mulheres e a pornografia começou a receber alguma notoriedade recentemente. De modo preocupante, alguns comentaristas têm sugerido que, para as mulheres, esse tipo de luxúria difere em relação aos homens, já que é mais uma luxúria pela imagem corporal perfeita do que qualquer tentação sexual explícita. Eu não sei se essa sugestão é apoiada pelo desconforto que muitas mulheres sentem pensando sobre sexo e pornografia como uma questão para “nós”, mas isso não soa verdadeiro na minha experiência pessoal e pastoral sobre essa questão.
Em 1 João 2.15-17 somos exortados: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente”.
Quando as mulheres assistem à pornografia, elas parecem tão cheias de luxúria quanto um homem. Na verdade, a maioria das mulheres que eu aconselho estão vendo pornografia do mesmo sexo com frequência alarmante. Mark Driscoll, em seu e-book Porn-Again Christian, embora escrito principalmente para homens, é muito útil para as mulheres, porque ele sugere que a principal razão para a pornografia é incentivar a masturbação. Eu preciso concordar. Quando questionadas sobre isso, muitas mulheres confessam que, em primeiro lugar, as imagens são usadas para aumentar o prazer de si mesmas. Esse véu de segredo em torno das mulheres e da pornografia resulta em pobreza espiritual, fraca imagem corporal (orgulho), uma visão falsa do amor (uma enorme questão pastoral moderna) e nem chega perto de aliviar a solidão que muitas mulheres (solteiras e casadas) sentem. É uma mentira do abismo do inferno que esse prazer em si mesma satisfará quando sabemos que ele é de curta duração e faz com que nos sintamos sujas, culpadas e envergonhadas.
Muitas mulheres estão lutando em segredo, envergonhadas para contar a alguém, em grande parte por medo da recriminação. Muitas estão presas em um padrão cíclico que não podem e (muitas vezes) não querem romper. No entanto, precisamos confessar os nossos pecados uns aos outros e orar uns pelos outros, para que sejamos curados (Tiago 5.16). Devemos ter alguma boa prestação de contas, porque matar o pecado sexual começa com a exposição e termina com não ser mais escravizado (Romanos 6.6). Claro, a exposição é dolorosa, mas é melhor ouvir “Muito bom, servo bom e fiel” do que “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”. Se a pornografia em sua vida não for tratada rapidamente, então, meninas, posso lhes assegurar que isso será algo contra o que lutarão por toda a sua vida e que contaminará todos os seus relacionamentos.
Então, como uma mulher que luta contra a pornografia pode lidar com isso e como nós, como uma igreja, podemos ajudá-la?
1. Boa prestação de contas
Esse não é um assunto sobre o qual você pode abrir uma classe e esperar que 25 mulheres participem. Eu ficaria surpresa se essa estratégia funcionasse em algum lugar. Contudo, isso é algo que pode ser resolvido com uma boa prestação de contas pessoal (ou em um pequeno grupo). Essa prestação de contas envolverá perguntas difíceis que ninguém realmente deseja responder (e que muitas vezes nos fazem sofrer). Como mulheres que lideram a sessão de prestação de contas, precisamos amar tanto as mulheres com quem nos preocupamos de modo que façamos as perguntas que ficamos mais embaraçadas para discutir. As mulheres que estão lutando com a pornografia precisam acordar e apreciar o que realmente é bom. Isso não é algo que você pode continuar escondendo. Precisamos encorajar umas às outras a levar nossos pecados à luz e confessá-los a Deus e umas às outras. Encontre alguém em quem possa realmente confiar, que seja um exemplo bom e piedoso, e compartilhe a verdade. Você não se arrependerá.
2. Arrependa-se
Deus é fiel, justo e nos purificará de toda iniquidade (1 João 1.9). Há uma enorme diferença entre uma mulher que está se envolvendo/experimentando e uma que está realmente lutando contra a pornografia. Devemos ver o Espírito Santo nutrindo o desejo de parar de pecar. Não se engane com palavras vagas e mentiras. A pornografia é idolatria e deve haver arrependimento dela. Em Efésios 5.3-6, Paulo lembra à igreja: “Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos… Sabei, pois, isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência”.
3. Peça a Deus que a ajude
“Apressa-te em socorrer-me, Senhor, salvação minha!” (Salmo 38.22). Não estamos abandonados em nossa incapacidade. Podemos encontrar liberdade e força na cruz de Cristo. Não estamos sozinhos e Deus nos ajudará a permanecermos firmes se o buscarmos e clamarmos a ele. Muitos de nós não temos simplesmente porque não pedimos. Escondemo-nos e fingimos que o problema não é tão ruim ou que ele simplesmente desaparecerá por conta própria. Não desaparecerá. Precisamos uns dos outros, precisamos de arrependimento profundo e precisamos pedir a Deus que nos cure e nos purifique enquanto lutamos contra a pornografia.
Que Deus nos ajude.
Tradução: Camila Rebeca Teixeira
Revisão: André Aloísio Oliveira da Silva
Original: Is Porn Really A Woman’s Issue?