O trecho abaixo foi extraído com permissão do livro Deus, tecnologia e a vida cristã, de Tony Reinke, Editora Fiel.
O cientista da computação Alan Kay uma vez brincou que a tecnologia é qualquer coisa inventada depois que você nasceu. Mas a tecnologia é muito mais ampla, inclui as dádivas do século XIX que agora consideramos comuns. Nossa vida atual, saturada de inovação, é um presente divino recebido através dos canais de muitas mentes brilhantes que estavam ocupadas inovando décadas antes de nascermos.
As mentes do século XIX aceleraram o avanço da tecnologia. Mas à medida que os avanços tecnológicos se aceleravam os pregadores da época subiram preocupados aos púlpitos. Com três quartos do século concluídos, o pastor J. C. Ryle advertiu que a inovação nos cega para assuntos mais importantes, dizendo: “Vivemos em uma era de progresso – uma era de motores a vapor e máquinas, de locomoção e invenção. Vivemos em uma época em que a multidão está cada vez mais absorta em coisas terrenas — em ferrovias, docas, minas, comércio, negócios, bancos, lojas, algodão, milho, ferro e ouro. Vivemos em uma época em que há um falso clarão sobre o temporal e uma grande névoa sobre o eterno”.
Nessa onda de maravilhas modernas, Charles Spurgeon foi sábio o suficiente para ver a inovação humana como o direcionamento dos padrões de Deus na criação. Contudo, mesmo ao celebrar a inovação, ele mostrou muita cautela. “Ouvimos falar de engenheiros que poderiam superar os abismos mais amplos”, disse ele de púlpito. “Vimos homens que poderiam forçar o relâmpago a levar uma mensagem para eles; sabemos que os homens podem controlar os raios de sol para sua fotografia e a eletricidade para sua telegrafia; mas onde mora o homem, e até mesmo o anjo, que pode converter uma alma imortal?” A tecnologia é impotente para desviar os pecadores das falsas promessas deste mundo a fim de encontrar sua satisfação em Cristo. A regeneração é o poder verdadeiramente notável em qualquer época.
Deus depositou uma riqueza de inovações e potencial tecnológico na criação, não para nos levar à tentação, mas para revelar o que mais amamos e onde depositamos nossa maior confiança. Ela pode estar em Deus; ou pode estar em carruagens, mísseis, guerra cibernética, vacinas, dataísmo, IA ou técnicas de antienvelhecimento. “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso Deus” (Sl 20.7). Este é o dilema humano. A inovação humana é uma dádiva maravilhosa, mas um deus decepcionante. Não podemos salvar a nós mesmos. No final, nossas inovações deixam corações insatisfeitos, almas perdidas e corpos frios no túmulo.
Autor: Tony Reinke. ©️ Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Editor e revisor: Renata Gandolfo.