Eu amo a Trindade. Eu não somente amo a construção bíblica e teológica dela, que distingue o cristianismo de todas as outras religiões. Eu não amo somente o fato de que, há milênios, os cristãos têm utilizado a doutrina como um princípio organizador, tais como o Credo Apostólico ou as Institutas da Religião Cristã de João Calvino. Eu quero dizer que amo o Deus que é triuno. Porque ele é triuno, eu tenho certeza da minha salvação. Fora de um Deus triuno, não pode haver salvação, nem pode haver garantia. Deixe-me ilustrar isso a partir de Romanos 8.
Thomas Jacomb uma vez descreveu esse capítulo como “o grande estatuto dos crentes”. Em termos políticos norte-americanos, ele é a nossa Declaração de Direitos, que expressa tudo o que nós temos como crentes em Jesus Cristo. Por essa razão, Jacomb também o chama de “o capítulo dos capítulos” em toda a Escritura. Esse estatuto começa com a não condenação (versículo 1), que é a chamada justificação, e termina com a não separação (versículo 39), que é a chamada glorificação. Nesse meio, Paulo explora o grande tema da garantia de nossa fé.
Paulo diz que a garantia é o resultado da obra do nosso Deus triuno por nós. Primeiramente, nossa garantia está enraizada no amor do Pai por nós: “Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus [isto é, o Pai] enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado” (versículo 3). De acordo com outras passagens, esse “envio” é um ato do amor do Pai. Antes disso, Paulo diz assim: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (5:8).
Em segundo lugar, nossa certeza tem como base a obra de Jesus Cristo em nosso favor. “Não há condenação” para nós em Cristo, porque o Filho eterno do Pai veio “em semelhança de carne pecaminosa” – a chamada encarnação. Por quê? “No tocante ao pecado”, isto é, como uma oferta de pecado na qual “condenou Deus, na carne, o pecado” na cruz.
Terceiro, experimentamos a nossa confiança na obra do Espírito Santo nos versículos 1 a 17. Paulo fala do Espírito mais cinco vezes nos versículos 23 a 27, mas apenas nos primeiros dezessete versículos, ele fala do Espírito Santo catorze vezes (Eu considero o versículo 10 como se estivesse falando de nossos espíritos em contraste com os nossos corpos). “É ele quem “te livra da lei do pecado e da morte” (versículo 2), que “habita em vós” (versículos 9 a 11), pelo qual “mortificardes os feitos do corpo” (versículo 13), que nos guia (versículo 14), “pelo qual clamamos ‘Aba! Pai!’” (versículo 15), que “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (versículo 16), e através do qual Deus “vivificará o vosso corpo mortal” no último dia (versículo 11).
Por que eu amo a Trindade? Porque cada pessoa dela faz uma obra que me garante a vida eterna.