O aprendizado de idiomas é uma atividade que consome muito tempo. Os estudantes de línguas às vezes temem aquelas longas horas de estudo concentrado quando estão com a cabeça baixa em um livro ou sentados em uma sala de aula. Eles esquecem que também estão aprendendo o idioma quando, em uma nação estrangeira, eles ouvem rádio, assistem a desenhos com seus filhos ou desfrutam de conversas com homens mais velhos nos postos de correio. Nenhuma dessas oportunidades são intensamente focadas, mas mesmo assim contam como exposição, e um estudante de línguas pode ser intencional com elas.
Em louvor às conversas cristãs
A maioria dos cristãos — e ouso dizer, pastores — cai em um erro similar quando se trata de discipulado cristão. Contamos as coisas grandes. As coisas que podemos colocar em nossos calendários. E porque deixamos de notar a abundância de pequenos momentos de discipulado, deixamos de utilizá-los. Negligenciamos o valor de conversas cristãs breves e comuns.
Pastor, considere quantas breves interações você geralmente tem nesses 20 a 30 minutos na porta dos fundos depois do seu sermão? Que perguntas você ouve? Sobre quais situações você aprende? De quem você cuida, apenas alguns minutos antes deles entrarem na semana?
Em tais momentos, percebo que um casamento está em apuros. Aconselho um irmão cujo chefe o pressionou a mentir para um cliente. Peço desculpas a um membro que ofendi por alguma palavra descuidada. Eu, normalmente, conheço muitos não cristãos lá. É um tempo vital.
Agora multiplique meu punhado de interações pelo resto de nossos membros. Quantas conversas mais acontecem naquele espaço? E sabe de uma coisa? Em cada singular interação, há uma oportunidade para os cristãos influenciarem uns aos outros, para que o evangelho seja transmitido, esclarecido e aplicado. Essas oportunidades geralmente não são impressionantes ou mesmo memoráveis — mas são cumulativamente significativas.
Agora, eu certamente não estou afirmando que essas conversas são sempre profundamente espirituais. Esse não é o caso da minha congregação e, provavelmente, não é o caso da sua. As probabilidades são de que muitas delas sejam sobre o jogo da noite passada, ou o jogo que está prestes a começar, ou apenas uma repetição da mesma conversa que aconteceu semana passada e acontecerá na próxima: “Como você está?” “Ocupado. Você?” “Igual.”
Duas afirmações
Quero fazer duas afirmações sobre essas conversas: elas são mais significativas do que pensamos, e podem se tornar ainda mais.
Um comentário passageiro pode ter uma influência duradoura na vida de alguém. Quantas vezes um membro trouxe à tona algo como: “eles nunca esquecerão o que você disse uma vez” — e, mesmo após dizerem o que era, você não consegue se lembrar de ter dito? Um querido irmão me disse certa vez que eu havia moldado sua compreensão sobre igreja local mais do que qualquer outra pessoa. Fiquei encorajado, mas também humilhado porque não conseguia me lembrar de uma única vez em que intencionalmente lhe ensinei algo sobre a igreja. Ele agora é um pastor fiel em Illinois. Eu não havia considerado nossas conversas tão importantes. Mas, cumulativamente, elas moldaram sua visão e afeição pela igreja.
Agora, novamente, empilhe essas incontáveis conversas ao longo das semanas, meses e anos. Quanta coisa boa, que você nem sequer conhece, tem sido feita por suas palavras?
É claro que a maioria das conversas cristãs não contém sabedoria que transforma vidas. Mas toda conversa cristã transmite um exemplo de como os irmãos cristãos veem o mundo (para o bem ou para o mal!). A forma como aquela irmã solteira responde às crianças que interrompem sua “conversa adulta”; a maneira como aquele homem fala gentil mas firmemente com o outro irmão; o jeito como aquele casal menciona a passagem sobre a qual ultimamente eles têm lutado muito para discutir — tudo isso fornece uma imagem fugaz, mas vívida, da fidelidade cristã.
Essas interações funcionam como minúsculas correções de curso enquanto você dirige por uma estrada longa e reta. Muitas delas nem sequer são registradas em sua consciência. Mas graças a Deus você as fez! Individualmente, elas não contam muito, mas, cumulativamente, elas mantêm você na linha reta e estreita.
Uma vez que você reconhece o valor de conversas comuns como essas, seu significado aumenta. Você começará a utilizar suas próprias conversas passageiras com maior intencionalidade.
O que você escolhe para falar após a reunião? Desde que o conheço, meu amigo Brinton consistentemente se voltava para quem estava ao lado dele e perguntava-lhes o que os edificara no sermão que tinham acabado de ouvir. Que coisa simples e óbvia para conversar depois da igreja! Ele fez isso por quase vinte anos. Eu fico pensando sobre o quanto essa simples pergunta fez bem.
Eu me referi aqui principalmente às conversas que acontecem em torno do culto corporativo de uma congregação. Obviamente, o mesmo princípio vale para os outros seis dias da semana. Mas as conversas sobre nossos encontros corporativos são especialmente úteis. Essa é, afinal, a hora e o lugar com mais oportunidades.
Talvez eu devesse ter começado com isso. Mas estou convencido de que esses tipos de conversas intencionais são ordenados a nós nas Escrituras. Hebreus 10.23-25 nos exorta a não deixarmos de nos reunir como é costume de alguns, mas a encorajarmos uns aos outros. E como devemos encorajar uns aos outros? Reunindo-se e estimulando-se mutuamente ao amor e às boas obras.
Sim, isso acontece em nosso culto formal. Mas também agitamos uns aos outros nessas conversas de saída. A conversação cristã é a transmissora mais negligenciada da doutrina e ética cristãs. Muitas vezes, é o meio pelo qual os crentes entendem melhor as implicações da Palavra debaixo da qual acabaram de se sentar.
Conclusão
Conduzir os crentes à maturidade em Cristo é uma tarefa desafiadora. Só é possível devido à obra vivificante e santificadora do Espírito. Mas amado, seja encorajado na tarefa. O Senhor usa mais do que os eventos programados, as sessões cuidadosamente planejadas e os sermões amorosamente elaborados. Ele também ordenou o discurso cristão comum como um meio para a maturidade em Cristo.
Considere Efésios 4.15-16. Como crescer em todos os sentidos naquele que é o cabeça? Como devemos ser conectados, unidos e equipados pelo nosso Salvador? Como podemos ajudar o resto do corpo a construir-se em amor? Falando “a verdade em amor”.
Agora vá e faça o mesmo.
Por: Caleb Greggsen. ©️ 9 Marks. Website: 9marks.org. Traduzido com permissão.
©️ Ministério Fiel. Website: ministeriofiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradutor: Julia Maria. Editor: Vinicius Lima. Revisor: Zípora Dias.