Talvez você nem tenha visto direito isto, diante de já ter visto tanta reportagem sobre passeatas e manifestações na TV. Mas, mães cariocas se reuniram e saíram com os seus pequenos às ruas também para protestar pelo Brasil. A notícia ocupou jornais como O Globo, Folha de São Paulo e diversos portais na internet. Pais e mães procurando levar os seus filhos pequenos para que eles também comecem a entender alguma coisa sobre o Brasil, quem sabe, algo sobre a força da união de um povo e também para que elas, as crianças, lutem por causas justas no Brasil em que crescerão, pois, aprendendo logo cedo, terão mais consciência e disposição de lutar por seus direitos.
A Passeata Infantil ocorreu também em Niterói, São Paulo, Brasília e Florianópolis e há uma tendência que a ideia se espalhe e a criançada do país também passe a pintar a cara, levantar cartazes e gritar palavras de ordem pelo Brasil. O sentimento na passeata infantil era um só: participação. A vontade? Uma só: conscientização. A idade? Única, penso, pois ‘nunca na história desse país’ crianças de zero a dez anos – isso mesmo, zero a dez – foram conduzidas, orientadas por seus pais a participar, estando junto com os pais, entendendo aos pouquinhos… e se conscientizando. Fato inédito.
No portal Terra.com, lia-se o seguinte:
“Em São Paulo, a fotógrafa Thalita Tavares levou o filho João Bernardo, de 3 anos, à manifestação. “Não fui aos outros atos porque tive medo da violência policial”, disse. “Deixei para vir neste com o João.”
Em Brasília, o ato foi em frente ao Congresso Nacional. Acompanhadas dos pais, muitas crianças levaram cartazes confeccionados por elas com dizeres contra a corrupção e pedindo educação e saúde de qualidade. Usando as mãos como pincéis e vários potes de tinta verde, amarela e azul, as crianças pintaram uma grande bandeira nacional em papéis colocados no chão do gramado e cantaram o Hino Nacional.
Daniel Ribeiro, de 11 anos, fez um cartaz dizendo “Meu primeiro protesto. Brasil sem corrupção” e citou os motivos que o levaram à manifestação. “Eu acho que a gente está lutando para acabar com a corrupção, porque tem tanta corrupção que falta educação, transporte e saúde. Não é pela redução no preço do ônibus que estamos lutando e sim por mudança no país.”
Poxa vida!! E não é que o menino de 11 anos decorou direitinho o seu pronunciamento? Ouviu, viu, foi lá e falou. Quanto disso agora faz parte da sua conscientização? Quanto disso passou a marcar a sua vida, daqui para frente? Nem podemos imaginar. Mas, com certeza, o que o pequeno Daniel, de apenas 11 anos, disse foi algo que os pais quarentões e cinquentões jamais imaginaram dizer, quando eles tinham 11 anos, sobre política e a situação do país. Eu, já “cinquentão”, quando tinha 11 anos, o máximo de “política” que eu ouvia, sabia e dizia era em forma de canto: “eu te amo meu Brasil, eu te amo. Meu coração é verde, amarelo, branco e azul anil”…
Mas tem uma coisa que muitos pais quarentões e cinquentões faziam muito bem quando tinham 11 anos. Sabiam mais sobre Reino de Deus e sobre uma Pátria maravilhosa, onde habita Justiça (ver Fp 3.20, por exemplo).
Eu penso que aprender a ser cidadão do Céu, primeiro, ajudou e ajuda qualquer pessoa a ser melhor cidadão/cidadã em sua pátria, quando conscientizado de que o crente é sal e luz neste mundo, e que tudo o que aqui faz, fizer ou faça deva ser para a glória de Deus (ver Is 43.7; 1 Co 10.31).
Vi nas fotos e reportagens sobre o ‘ato brincante’ que muitos pais ali aparentavam ter entre 25-35 anos, ou seja, já uma nova geração de pais, mais modernos e bem preocupados em passar conceitos de vida, ecologia e agora também de política para os seus filhos.
E os pais crentes? Os da ‘moderna geração’, na faixa dos 25-35 anos, na Igreja de hoje, como estão? Quantos estão se empenhando para que os seus filhos cresçam em estatura, mas também EM GRAÇA diante de Deus e dos homens? E os pais da geração que já começam a ser avôs e avós, os que estão na faixa dos 55-60 anos? Enfim, pais – todos e de todas as gerações – quanto vocês estão se empenhando para que os seus filhos sejam bons cidadãos dos Céus na terra?
Vocês estão priorizando o Reino de Deus, de fato? (Mt 6.33).
Estão se alegrando com a ida à Casa do Senhor? (Sl 122)
Estão chegando em bom horário na EBD?
Estão lendo a Palavra de Deus e sendo também exemplo em casa?
O quanto vocês oram?
Como anda o culto doméstico em suas casas?
É triste… mas, quantos de vocês já desistiram da Escola Bíblica Dominical? Quantos arrumam sempre uma “boa” desculpa para não irem à EBD?
Meus queridos e crentes jovens pais, não façam isso. Nem com vocês e nem com os seus filhos. Não tirem de suas crianças hoje o santo e bom hábito de estar na Casa do Senhor, no Dia do Senhor, na boa e tão querida e tradicional EBD. Ela tem sido refúgio para muitos, há mais de duzentos anos. Tem servido de apoio, de fator integrador, formador de caráter e de santa opinião… A EBD está para a criança como a caderneta de vacina está para os pequeninos diante dos constantes riscos e ataques das enfermidades oportunistas. A EBD é “vacina” contra ideias para lá de virulentas e deformadoras neste mundo tenebroso contra elas, as crianças.
E se você não descuida da carteira de vacina do seu pequenino contra as infecções deste mundo físico, como pai e mãe atenciosos que vocês são, por que descuidar-se da EBD e dos ensinos constantes e preciosos que ali são passados? Não percebem que os ataques espirituais e de conformação com este mundo são mais letais e têm consequências para aqui e para a eternidade?
Lamentavelmente, a atenção de muitos pais (não importando a faixa etária) está em baixa nas igrejas evangélicas. Não tem denominação que não sinta o reflexo disto. Infelizmente, a atitude de alguns pais também revela preocupação.
Quando eu era pequeno, eu aprendi a decorar versículos bíblicos em casa e na EBD. Eu penso que decorava uma média de 40 versículos por semestre e os Salmos eu já sabia quase todos de cor durante a minha infância. Aos 12 anos, participava de concursos bíblicos, ganhava alguns, perdia ‘por pouco’ outros, mas ganhava SEMPRE no conhecimento e no guardar a Palavra de Deus na mente e no coração. E isto, repito: em casa e na EBD.
Hoje, entristeço-me porque, voltamos a dar ênfase no decorar versículos bíblicos em nossa igreja, mas alguns pais vieram reclamar: “é muita coisa!”; “assim meu filho não dá conta”… “Ah, é exigência demais”… E pedimos para crianças de 8 anos em média para decorarem um versículo por mês…
Ouvimos algumas reclamações que diziam que a porção bíblica que colocamos para o semestre era muito longa: decorar 1 Coríntios 9.24-27. Apenas quatro versículos para o semestre!
A equipe de professores e colaboradores até ficou triste, em parte, na nossa reunião de avaliação. Mas eu reforcei: “não vamos diminuir em nada o ritmo. Essas crianças – nossas crianças da igreja – precisam decorar (e aprender a amar a fazer isto) versículos bíblicos! Alegremo-nos com a maioria que decorou, que fez as tarefas, que está voltando a estudar a lição e a cumprir as tarefas e desafios da UCP[i] e da EBD em suas casas, com todo apoio dos pais. Vibremos com o fato de que elas estão conseguindo abrir a Bíblia e encontrar os versículos ali, com mais agilidade! Estes pais, que viram a importância e compreenderam a necessidade e urgência, estão vibrando junto, contribuindo com apoio e incentivos e também estão decorando junto, alguns deles, novos na fé”!
Ah, santo contágio este, meus irmãos. Santa ação esta: decorar versículos bíblicos, algo que Jesus de Nazaré fez também quando era criança e enquanto crescia em estatura e graça diante de Deus e dos homens, foi aprendendo a amar a Palavra de Deus também desta forma (ver Lc 2.52).
E teve um dia em que Jesus, adulto, foi tremendamente tentado. E a tudo respondeu ao Tentador: “Está Escrito”! “…porque assim está escrito”!
Pais crentes que leem estas linhas, com certeza os seus filhos também serão tremendamente tentados por toda a vida. E o que eles têm hoje servirá de vacina, de manutenção da fé e na fé, quando aproximar-se o tentador. Quando vier a oportunidade de uma queda, encontrarão os seus filhos dentro de si forças e reforço para não caírem em tentação?
“Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti”.(Sl 119.11)
Isto, aprendemos cedo em casa. Isto, aprendemos cedo na EBD.
Não removamos este marco e nem dele nos afastemos.
“Não removas os marcos antigos que puseram teus pais”… (Pv 22.28)
Nossos filhos, ou agradecerão por toda vida o que fizermos por eles hoje, principalmente com relação à Palavra de Deus, que é lâmpada para os pés e luz para os caminhos (Sl 119,105 – você decorou esta passagem logo cedo na vida, não?), ou poderão – eles e nós – lamentar por toda a vida o não termos nós cuidado bem disto: instruí-los e bem acompanhá-los nos caminhos e no temor do Senhor, que é o princípio da Sabedoria (Pv 1.7).
E não tem outra: ou eles iniciarão bem e com sabedoria a vida, ou poderão seguir pela mesma, aos trancos e barrancos, entrando em “frias”, roubadas”, andando com loucos e se metendo em situações de risco, muito mais do que imaginamos.
E quem os livrará?
O que poderá alertá-los?
Do que se lembrarão na hora das tentações?
Dependendo da disposição e dedicação que tivermos para com o Livro de Deus, a Casa de Deus e para com os filhos que Deus nos deu (Sl 127) e os ensinamentos constantes na Palavra, em casa e na Igreja, isto fará toda a diferença.
Dediquemo-nos mais. E paremos com negligência e comodismos, que mais adiante poderão custar vidas.
Eu amo as crianças da minha igreja e seguiremos com o programa de decorar versículos e o bom ensino na EBD. Investiremos mais nisso!
Amo as minhas filhas e as criei habituadas a seguirem para a EBD. Hoje elas o fazem com bela tranquilidade – jovens que são – amam a Palavra de Deus e desejam estar na casa do Senhor, no Dia do Senhor.
Eu amo a EBD.
Notas:
[i] UCP é: União de Crianças Presbiterianas. Reunimo-nos aos Sábados pela manhã para atividades diversas, como comunhão, lazer, entrosamento, passeios, mas antes, temos um estudo bíblico e demais desafios espirituais.