domingo, 15 de dezembro
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O papel da igreja em um tempo de incredulidade

Cidade sobre um monte

“A maior questão do nosso tempo”, disse o historiador Will Durant, “não é o comunismo versus o individualismo, nem a Europa contra a América, nem mesmo o Oriente contra o Ocidente; é se os homens podem viver sem Deus”. Essa pergunta, ao que parece, será respondida em nossos próprios dias.

Por séculos, a igreja cristã tem sido o centro da civilização ocidental. A cultura, o governo, a lei e a sociedade ocidentais eram baseados em princípios explicitamente cristãos. A preocupação com o indivíduo, o compromisso com os direitos humanos e o respeito pelo bem, pelo belo e pelo verdadeiro — tudo isso decorreu das convicções cristãs e da influência da religião revelada.

Tudo isso, apressamo-nos a acrescentar, está sob ataque sério. A própria noção de certo e errado é rejeitada por grandes setores da sociedade brasileira. Onde não é rejeitada, muitas vezes é indesejada. Seguindo o exemplo do livro “Alice nos País das Maravilhas”, os secularistas modernos simplesmente declaram o errado, certo e o certo, errado.

Um novo panorama

O teólogo quaker D. Elton Trueblood certa vez descreveu a América como uma “civilização de flores cortadas”. Nossa cultura, ele argumentou, está cortada de suas raízes cristãs como uma flor cortada de seu caule. Embora a flor mantenha sua beleza por algum tempo, ela está destinada a murchar e morrer.

Quando Trueblood falou essas palavras há mais de duas décadas, a flor ainda tinha alguma cor e sinais de vida. Mas a flor há muito tempo perdeu sua vitalidade, e é hora de as pétalas caídas serem reconhecidas.

“Se Deus não existe”, argumentou Ivan Karamazov, de Fiodor Dostoiévski, “tudo é permitido”. A permissividade da sociedade brasileira moderna dificilmente pode ser exagerada, mas pode ser atribuída diretamente ao fato de homens e mulheres modernos agirem como se Deus não existisse ou fosse impotente para realizar a sua vontade.

A igreja cristã agora se encontra diante de uma nova realidade. A igreja não representa mais o núcleo central da cultura ocidental. Embora permaneçam postos avançados de influência cristã, são exceções e não a regra. Na maior parte, a igreja foi substituída pelo reinado do secularismo.

O jornal diário produz uma barreira constante que confirma o estado atual da sociedade brasileira. Esse tempo não é o primeiro a ver o horror e o mal indescritíveis, mas é o primeiro a negar qualquer base consistente para identificar o mal como mal ou o bem como bem.

A igreja fiel é, em sua maior parte, tolerada como uma voz na arena pública, mas somente enquanto não tenta exercer qualquer influência credível no estado das coisas. Se a igreja falar com veemência sobre uma questão de debate público, ela é criticada como coercitiva e desatualizada.

Um novo papel

Como a igreja pensa em si mesma ao encarar essa nova realidade? Durante a década de 1980, era possível pensar em termos ambiciosos sobre a igreja como a vanguarda de uma maioria moral. Essa confiança tem sido seriamente abalada pelos acontecimentos da última década.

Um pequeno progresso em direção ao restabelecimento de um centro de gravidade moral podia ser detectado. Contudo, a cultura mudou rapidamente para um abandono mais completo de toda convicção moral.

A igreja confessional agora deve estar disposta a ser uma minoria moral, se é isso que os tempos exigem. A igreja não tem o direito de seguir o canto da sereia secular em direção ao revisionismo moral e posições politicamente corretas sobre os problemas atuais.

Qualquer que seja a questão, a igreja deve falar como a igreja, ou seja, como a comunidade dos caídos, mas redimidos, que estão sob a autoridade divina. A preocupação da igreja não é conhecer a sua própria mente, mas conhecer e seguir a mente de Deus. As convicções da igreja não devem emergir das cinzas de nossa própria sabedoria caída, mas da Palavra autoritativa de Deus, que revela a sabedoria de Deus e os seus mandamentos.

A igreja deve ser uma comunidade de caráter; e o caráter de um povo que está sob a autoridade do Deus soberano do universo inevitavelmente estará em desacordo com uma cultura de incredulidade.

Um antigo chamado

A igreja brasileira enfrenta uma nova situação. Esse novo contexto é tão atual quanto o jornal da manhã e tão antigo quanto as primeiras igrejas cristãs em Corinto, Éfeso, Laodicéia e Roma. A eternidade registrará se a igreja brasileira está disposta a se submeter apenas à autoridade de Deus ou se a igreja perderá o seu chamado para servir a deuses menores.

A igreja deve despertar para o seu status de minoria moral e se apegar ao evangelho que nos foi confiado para ser pregado. Ao fazê-lo, as fontes profundas da verdade eterna revelarão que a igreja é um oásis vivificante em meio ao deserto moral do Brasil.

O Dr. R. Albert Mohler Jr. é presidente do Seminário Teológico Batista do Sul em Louisville, Kentucky, um professor de Ligonier e apresentador do podcast diário The Briefing. Ele é autor de vários livros, incluindo “We Cannot Be Silent”.

Tradução: William Teixeira.

Revisão: Camila Rebeca Teixeira.


Autor: Albert Mohler Jr.

Albert Mohler Jr. é reconhecido como um dos líderes mais influentes dos Estados Unidos pelas revistas Time e Christianity Today. Possui um programa no rádio que é transmitido em mais de 80 estações em todo o país. É presidente da escola mais importante da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, a Southern Baptist Theological Seminary.

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