A vida adulta não é apenas uma função da idade – é uma conquista. Ao longo da história humana, jovens têm aspirado alcançar a vida adulta e têm trabalhado duro para alcançá-la. Os três marcos, quase universais, da vida adulta na sociedade humana incluem casamento, independência financeira e preparo para a parentalidade. Atualmente, o próprio conceito de vida adulta está em risco.
Estudo após estudo mostram que os jovens estão alcançando, se alcançam, a maturidade muito depois do que as gerações anteriores. Há cinquenta anos, jovens se casavam, em média, no início de seus vinte anos. Agora, essa média tende para perto dos trinta.
Por que isso é importante para todos nós? Uma cultura estável e funcional requer o estabelecimento de casamentos estáveis e o cuidado das famílias. Sem um casamento saudável e uma vida familiar como fundação, nenhuma sociedade duradoura e saudável poderá sobreviver muito.
Claramente, nossa própria sociedade revela o adiamento do casamento e as suas consequências, mas dificilmente somos um caso excepcional. Várias nações europeias mostram padrões similares de adiamento da vida adulta, com terríveis implicações econômicas, políticas e sociais.
No entanto, para cristãos, essa questão nunca é meramente sociológica ou econômica. A questão primária é moral. Quando a maioria de nós pensa em moralidade, pensamos primeiro em regras éticas e mandamentos, mas a cosmovisão cristã nos lembra que a primeira preocupação moral é sempre o que o Criador espera de nós como suas criaturas humanas – as únicas criaturas feitas à sua imagem.
A Bíblia afirma o conceito de casamento como uma expectativa central para a humanidade. Já no segundo capítulo na Bíblia nós lemos: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” (Gn 2.24).
Atualmente, essa realidade tem se tornado mais e mais rara. Em grandes sociedades, a coabitação sem o casamento é cada vez mais a norma, mas até observadores seculares notam que a coabitação nem sequer leva, na maioria dos casos, ao casamento . Andrew Cherlin da Universidade John Hopkins disse recentemente à revista Time que a maioria dos relacionamentos de coabitação entre jovens nos Estados Unidos é de pequena duração. Isso não é coabitação antes do casamento, é coabitação ao invés do casamento.
A história da Time também apontou para outro padrão preocupante: a geração Y, ou millennials, estão tendo filhos fora do casamento em níveis exorbitantes.
Além disso, alguns anos atrás, W. Bradford Wilcox, com base em uma pesquisa conduzida por Robert Wuthnow, argumentou que o adiamento do casamento é o principal motor da secularização. Isso anda de mãos dadas com o fato de que a prolongação da adolescência traz efeitos vastos e muitas vezes despercebidos. A vida adulta é para responsabilidades adultas, e, para a vasta maioria de jovens, isso significará casamento e paternidade. O prolongamento da adolescência até a faixa etária dos vinte anos (ou até além dos trinta) é altamente relacionado com a elevação do secularismo e com os baixos índices de frequência nas igrejas.
Cristãos entendem que nós fomos criados como machos e fêmeas para demonstrar a glória de Deus, e que nos foi dado o presente do casamento como o único contexto para o qual Deus planejou a dádiva do sexo e nos garantiu o privilégio e mandamento de termos e criarmos filhos. Por todas essas razões e muito outras, cristãos devem entender que, a não ser que tenham recebido o dom do celibato, eles devem honrar o casamento e procurar casar e devem ir em direção à parentalidade e a todas as responsabilidades da vida adulta mais cedo na vida em vez de mais tarde.
Adiar a vida adulta não é consistente com a visão bíblica da vida, e, para a maioria dos jovens cristãos, o casamento deve ser uma parte central do planejamento da vida adulta jovem e da fidelidade a Cristo. Ao atingirem a vida adulta juntos, como marido e mulher, jovens cristãos servem como testemunhas do plano de Deus e do presente de Deus diante de um mundo confuso.
Cristãos entendem que sexo antes e fora do casamento simplesmente não é uma opção. Coabitação é inconsistente com obediência a Cristo. Filhos são presente de Deus para serem recebidos e acolhidos dentro da aliança matrimonial.
De modo revelador, as autoridades seculares da cultura estão expressando agora preocupação a respeito do adiamento do casamento entre jovens. Quando a revista Time está preocupada com jovens não se casando, cristãos devem se preocupar duplamente.
Jovens, e isso inclui jovens cristãos, enfrentam alguns desafios muito sérios enquanto se dirigem à vida adulta plena, e não há dúvida de que fatores econômicos cumprem um papel nisso. Mas até mesmo observadores seculares entendem que uma mudança no casamento aponta para uma mudança subjacente na moralidade. O fato contundente é que as gerações anteriores de jovens adultos, mesmo enfrentando desafios econômicos maiores, ainda assim encontraram um caminho para a vida adulta e para o casamento.
A igreja cristã deve encorajar jovens cristãos em direção ao alvo do casamento e devem ser claros a respeito da necessidade da santidade e obediência a Cristo em todos os estágios e as estações da vida. Quando o mundo ao nosso redor está coçando a cabeça, perguntando o que aconteceu com o casamento, cristãos devem mostrar a glória de Deus no casamento e tudo o que Deus nos dá na aliança matrimonial.
E nós devemos encorajar jovens cristãos a não adiar o casamento, e nem apressar o casamento, mas fazer do casamento uma prioridade nos anos críticos do início da vida adulta. Nessa causa, não temos tempo a perder.
Tradução: Calebe Sequeira.
Revisão: Vinicius Musselman Pimentel.
Original: The Problem of Delaying Marriage.