Um pastor não é chamado para realizar programas para as multidões; também não é chamado para fazer tudo e tentar agradar a todos. Deus é aquele que chama pastores ao ministério, e os detalhes específicos desse chamado são definidos com clareza na Bíblia. A única maneira pela qual um pastor pode evitar essas armadilhas e permanecer firme durante toda a sua vida e seu ministério é saber o que Deus o chamou verdadeiramente para fazer… e fazê-lo! O apóstolo Pedro exorta os pastores/presbíteros a pastorear, ou seja, a cuidar do povo de Deus:
Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória.
A exortação de Pedro dirigida aos pastores pode ser resumida numa única sentença: “Pastoreai o rebanho de Deus que vos foi confiado até que o Supremo Pastor apareça”. E, caso você não tenha observado, Pedro é bastante claro sobre o quê, o quem, o como e o quando de um chamado pastoral bíblico.
• O quê: “Pastoreai o rebanho de Deus”.
• Quem: O “rebanho que vos foi confiado”.
• Como: “Não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho”.
• Quando: Até “que o Supremo Pastor [Jesus Cristo]” se manifeste, retornando para seu rebanho entregue ao vosso cuidado.
O verdadeiro chamado de um pastor é pastorear humilde, espontânea e zelosamente as almas do povo de Deus, fazendo tudo isso em nome do Supremo Pastor, Jesus Cristo. Isso não mudou desde o tempo em que Pedro escreveu até hoje. Embora nossa cultura tenha mudado e, hoje, a vida seja radicalmente diferente do que era no século I, as responsabilidades básicas do ministério pastoral não mudaram.
A Palavra de Deus é suficiente para delinear o chamado divino de um pastor e instruir a respeito de como ele deve estabelecer prioridades em sua agenda diária. A Palavra de Deus ressalta consistentemente as prioridades de pastores fiéis e afirma que essas prioridades giram em torno do chamado principal: “Pastoreai o rebanho de Deus”. A Palavra de Deus tem o poder de lidar facilmente com as demandas, pressões e expectativas que oprimem o espírito de um pastor.
Minha esperança em relação aos pastores é que, ao estudarem e meditarem no chamado e nas prioridades do ministério pastoral, entendam melhor o que Deus está realmente pedindo e em que ele pretende que gastem seu tempo. O alvo deste livro é simples: revelar as prioridades que Deus estabelece para cada pastor. Deus revela essas prioridades nas Escrituras. Ele as estabelece na vida de Israel, fundamenta-as em seu plano de redenção e confirma-as nas instruções dadas por meio de Jesus e dos apóstolos. Este livro aborda dez prioridades cruciais que estão no âmago do ministério de todo pastor.
1. Guarde a verdade. Um pastor tem de ser comprometido com a Palavra de Deus e os ensinos dos apóstolos, e estar disposto a pregá-los, ensiná-los e defendê-los quando são contrários à cultura.
2. Pregue a Palavra. Um pastor tem de pregar fielmente todo o conselho da Palavra de Deus, explicar cuidadosamente o significado do texto e aplicá-lo à vida daqueles que estão sob seu cuidado.
3. Ore pelo rebanho. Um pastor deve ser um intercessor, colocando as necessidades de sua igreja diante de Deus e sendo um modelo de oração tanto em público como em privado.
4. Seja um exemplo. Um pastor é um exemplo para seu rebanho e deve sempre estar ciente de que outras pessoas estão observando-o como modelo. Embora um pastor deva ser um modelo de comportamento justo, também deve ser um modelo de confissão e arrependimento, reconhecendo que também é pecador e ensinando seu povo a aplicar o evangelho à vida.
5. Visite os enfermos. Os pastores devem visitar aqueles que se acham enfermos e necessitam de cuidado e encorajamento; e devem treinar outros da congregação a ajudá-lo no cuidado dos que estão em necessidade.
6. Console os entristecidos. Diante da morte, um pastor deve entristecer-se com os que se entristecem e lembrar sensivelmente aos enlutados a esperança e o encorajamento do evangelho. Isso envolve pregar mensagens com ênfase no evangelho em cultos fúnebres e sepultamentos.
7. Cuide das viúvas. Esse ensino bíblico muito negligenciado chama os pastores a serem responsáveis pelas viúvas da igreja e encontrarem maneiras criativas de ser modelos desse cuidado ao envolverem sua família e outros membros da igreja nos cuidados dessas mulheres especiais.
8. Confronte o pecado. Pastores precisam confrontar o pecado e liderar a igreja no exercício de disciplina, com a esperança de arrependimento e restauração.
9. Encoraje as ovelhas mais fracas. Embora possamos ser tentados a rejeitar facilmente pessoas que demoram a mudar, Deus chama os pastores a serem modelos de paciência e esperança perseverante, trabalhando com aqueles que são difíceis, causam desespero e se mostram problemáticos.
10. Identifique e treine líderes. A responsabilidade primária de pastores é identificar, treinar e confirmar líderes na igreja. Todo pastor deveria ter um plano para fazer isso em sua igreja local e deveria estar buscando ativamente uma nova geração de líderes.
Cada uma dessas prioridades será alicerçada numa exposição da Palavra de Deus e ampliada, de maneira prática, no contexto da vida e do ministério. Precisamos ser biblicamente alicerçados nesses imperativos pastorais, antes que possamos desenvolver as ferramentas práticas para nos engajar nessas tarefas.
Artigo adaptado do livro O ministério do pastor: Prioridades bíblicas para pastores fiéis, de Brian Croft, pela Editora Fiel.