O trecho abaixo foi extraído com permissão do livro Orando Juntos, de Megan Hill, Editora Fiel.
Não seria exagero dizer que fiz este livro inteiro só para escrever este capítulo. As duas primeiras partes do livro, Por que Devemos Orar Juntos e Os Frutos de Orarmos Juntos, são essenciais. São os porquês bíblicos necessários que constrangem nossa consciência e nos compelem a agir. Mas agora, ao considerar o como, vamos lidar com algo que considero especialmente importante, o aspecto da oração com os irmãos que mais enriqueceu minha própria alma e que acredito ser o mais vital na vida dos santos, embora talvez também seja o mais negligenciado: a igreja local em oração.
Aqui vou defender dois pontos: as orações substanciais dos presbíteros no culto público e as reuniões de oração regulares na vida da igreja. Para facilitar, também vou abordar duas questões práticas: primeiro, como orar enquanto outra pessoa conduz a oração e, segundo, como conduzir a oração enquanto os outros oram.
Irmãos e irmãs, nas palavras atribuídas a Martinho Lutero: “Vamos orar — na igreja, com a igreja e pela igreja”.
Orações substanciais conduzidas pelos Presbíteros no Culto Público
Na adolescência, morei por alguns meses nas Terras Altas da Escócia e cultuava com uma congregação da Igreja Livre da Escócia. Lembro-me de quanto fiquei surpresa quando, naquele primeiro Dia do Senhor, o pastor começou a orar e a igreja inteira se levantou e permaneceu de pé durante toda a oração. Ao me juntar a eles, entendi que estava participando de um grupo em ação. Não estávamos dormindo. Não estávamos passivamente ouvindo outra pessoa orar. Não. Estávamos adorando, trabalhando e guerreando. Nós éramos a igreja e estávamos orando juntos.
Se queremos uma igreja local que ora em conjunto (e nós queremos!), os presbíteros precisam fazer orações substanciais no culto público. Nós já vimos na Escritura que a oração corporativa é claramente uma prioridade do povo de Deus e que se diz, repetidas vezes, que a oração tem lugar proeminente no culto público (Is 56.7; Mt 21.12-13; 1Tm 2.8). No culto do Dia do Senhor, a Igreja se reúne como uma assembleia visível — o povo pactual de Deus adorando junto para que o mundo inteiro veja. No culto, Deus fala com o homem (por meio da leitura e da pregação da Escritura) e o homem fala com Deus (por meio dos cânticos e da oração). Apresentamo-nos diante do trono não como indivíduos isolados, mas como um povo unido, uma única nação, um corpo interligado e interdependente. Quando oramos no culto público, falamos com nosso Deus com uma só voz (cf. Atos 4.24-30).
Com isso em mente, nossa oração no Dia do Senhor com a igreja precisa ter um conteúdo substancial. Os pagãos “usam de vãs repetições” (Mt 6.7), mas o povo de Deus deve orar por questões mais importantes. A Escritura nos direciona a fazer grandes orações juntos: louvor (Sl 34.4), confissão (Tg 5.16) e ações de graças (Sl 100.4). Também devemos interceder pelas autoridades civis (1Tm 2.1-2), pelo ministério e pelas missões (Mt 9.37-38), pela salvação de todos os homens (1Tm 2.1,4), pela santificação do povo de Deus (Cl 1.9-12) e pela consolação dos aflitos (Tg 5.13-18). Quando a Igreja ora, apresenta todos os interesses de Cristo e da Igreja diante do trono.
Precisa haver um período substancial dedicado às orações. Não é possível orar por tudo o que Deus nos direciona a orar em somente trinta segundos. Além disso, algum tempo é necessário para que os corações de toda a congregação se envolvam com a oração. A igreja não é ajudada quando alguém começa a orar e rapidamente termina com um “Amém”, deixando de levar em consideração que há pessoas nos bancos que ainda estão tentando preparar a alma. Os puritanos costumavam dizer: “Ore até conseguir orar”, o que significa que a oração não é um rito rápido e irracional que você precise marcar em sua lista de tarefas. É uma comunicação genuína com o Deus vivo. Então, a igreja precisa estar disposta a orar de maneira plena e deliberada. Por amor à glória de Deus, por amor ao reino de Cristo, por amor ao crente maduro, à criança pequena e ao visitante curioso, ore. Ore até que todos consigam orar. Se, verdadeiramente, crermos que a oração é o glorioso privilégio e o dever da igreja reunida, estaremos desejosos de passar uma parte significativa do culto público orando juntos.
Terceiro, nossas orações substanciais com a igreja no culto público devem ser conduzidas por um presbítero. Com isso, quero dizer que uma das principais obrigações dos presbíteros na igreja — os subpastores do rebanho de Cristo — é ser a voz da congregação em oração. Para que fique bem claro: a oração é direito de todo homem, mulher ou criança que pertence a Cristo. A posição de um presbítero na igreja diante de Deus em oração não é melhor que a do crente mais fraco ou mais jovem. Ele não será atendido com maior prontidão e amor do que qualquer outro filho do Rei. O presbítero também não é o mediador da igreja. Sua oração não é o que assegura a atenção do Pai; nós temos um só Mediador, Jesus Cristo homem (1Tm 2.15), e ele é o advogado de todos os redimidos. O presbítero é o líder servo da congregação. Ele vai adiante deles, dando voz às suas orações, e ele está ao lado deles, encorajando-os a unir seus corações à súplica comum.
Ao longo da história da redenção, os líderes do povo de Deus sempre tiveram a responsabilidade privilegiada de orar publicamente. Moisés, Josué, Samuel, Davi, Ezequias, Neemias, Esdras e Daniel oraram como a voz do povo do pacto e são exemplos para os líderes da Igreja de nosso tempo. Além do mais, assim como os apóstolos deveriam focar “na oração e no ministério da palavra” (At 6.4) e, assim como os pastores não apostólicos, como Timóteo e Epafras, posteriormente priorizaram essas mesmas funções para servir à Igreja do primeiro século, nossos presbíteros também têm o dever especial de conduzir a igreja local em oração.
Quando me refiro às orações conduzidas pelos presbíteros, quero dizer que, normalmente, os presbíteros não devem ler orações escritas; eles devem usar as próprias palavras para orar. Historicamente, as orações improvisadas no culto público são as mais frequentes em diversas tradições protestantes, incluindo as igrejas presbiterianas, congregacionais, batistas e metodistas. A base para essas orações “livres”, ainda valorizadas em muitas igrejas de nossos dias, são as diversas orações que vemos na Escritura, a prática universal da Igreja por centenas de anos depois de Cristo e após a Reforma, bem como a convicção de que somente as orações livres podem lidar adequadamente com diversas necessidades e circunstâncias específicas da igreja. As orações livres com uma linguagem completamente bíblica, moldadas por prioridades bíblicas e baseadas nas promessas bíblicas, são as mais adequadas para que os presbíteros exerçam amor e discipulem a igreja específica que está sob seus cuidados.
Em sua carta à igreja da Tessalônica, Paulo, Silvano e Timóteo relatam: “Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1.2-3). Da mesma maneira, os presbíteros da minha própria igreja nos mencionam com intimidade diante do Senhor. Toda semana, eles confessam nossos pecados comuns, recordam nossas tribulações específicas, pedem que nossas necessidades sejam atendidas e imploram por mais santidade. Com frequência, eles citam o nome das pessoas e das situações na oração; eles sempre oram por nós com afeto fraternal. Eles nos conduzem no trabalho árduo da oração, não em benefício próprio, mas por amor. Ao orar com eles, a igreja reunida é treinada em todas as esferas da vida da fé — crescendo no conhecimento de Deus e de si mesmo, crescendo na fé e aprendendo a orar com esses irmãos maduros.
Irmãos e irmãs, precisamos de orações substanciais conduzidas pelos presbíteros no culto público.