Qualquer líder da igreja digno de respeito sempre estará lendo um livro. Nós nunca devemos parar de pensar. Nunca devemos parar de aprender. Nunca devemos parar de buscar crescer em nosso entendimento da Palavra de Deus de como aplicá-la aos nossos contextos culturais específicos. É piegas, mas verdadeiro: “os grandes líderes são grandes leitores”. O problema está em discernir que livros devemos ler e que livros devemos descartar. Como a maioria, eu tenho meu próprio modo de peneirar o trigo da palha.
Nós devemos ler livros com os quais sabemos que concordamos antes mesmo de abrirmos a capa? Eu acho que sim. Certamente não faz mal algum ler algo que nós sabemos que será um incentivo a nós e um bálsamo às nossas almas. Isso significa que não devemos ler livros com os quais sabemos que teremos problemas teológicos (por exemplo, Rob Bell)? Não, não. Pelo contrário, ler livros com os quais discordamos ajuda a ampliar nossa perspectiva (pelo menos na teoria, pois quanto a alguns isso poderia apenas fortalecer as suas próprias pressuposições). Mas eu não quero preencher o pouco tempo que tenho lendo o que não será proveitoso para a minha alma. Isso levanta a grande questão: como saber se um livro será bom ou não e se nos desafiará intelectualmente ou não?
1. Eu sempre verifico a editora imediatamente. Em geral, eu posso dizer imediatamente se um livro será teologicamente aceitável para mim dessa forma. Isso nem sempre assegura uma concordância, mas fornece uma rede de segurança doutrinária.
2. O autor é uma parte da pista. Ele/ela é confiável? Qual é a sua obra anterior? Se ele/ela é um desconhecido(a), então quem foi escolhido para fazer uma recomendação na capa ou no interior da capa? Todos esses são indicadores úteis (para mim).
3. Eu gosto de olhar a contracapa e ler o resumo para que eu tenha uma ideia se o assunto é ou não de meu interesse. Essencialmente, o assunto está em uma área que eu possa contextualizar para o meu trabalho em Niddrie?
4. Leia os títulos dos capítulos para ter uma ideia do desenvolvimento do livro.
5. Escolha quaisquer capítulos “controversos” (se houver) e os folheie rapidamente para verificar os principais argumentos.
6. Eu gosto de ler as duas primeiras páginas do capítulo de introdução. Se o livro prender a minha atenção nesse período, então, concorde com ele ou não, em 99% das vezes eu sou inclinado a comprá-lo e lê-lo.
7. Eu odeio diagramas. Se um livro tem diagramas, então, sem dúvida, eu saltarei essas partes. Considero-os altamente irritantes e eles não ajudam em nada a minha experiência de aprendizagem.
8. Leio e depois releio. Eu cometi o grande pecado de marcar meus livros com o marcador de texto amarelo. Isso me permite captar a essência de um capítulo quando o releio, uma vez que já tenha terminado de ler o livro.
9. Tento divulgar no blog quase a maioria dos livros que li, a menos que sejam completamente ruins!
10. Busco descobrir a opinião de pastores, líderes e/ou blogueiros de confiança se eu nunca ouvi falar de um livro antes. Eu pessoalmente confio em Challies sem reservas, logo, se ele fornece uma boa revisão do livro, eu geralmente o considero valioso.
Aqui estão alguns outros sites para ajudá-lo a se inspirar em relação a este assunto: “Becoming Saturated” [Tornando-se Saturado] apresenta algumas dicas úteis. “Transformed” [Transformado] também tem um artigo proveitoso, intitulado “How to Read a Book” [Como Ler um Livro].
Mas o que acontece com aqueles que são leitores “pobres”, quase “analfabetos” em nosso contexto? Se apenas leitores podem ser líderes, então, esta regra não os descarta? Eu penso que temos que ser claros que ser um leitor pobre ou mesmo analfabeto não necessariamente descarta uma pessoa de ser eficaz para o reino de Deus. Afinal, o Novo Testamento foi escrito e lido para um grande número de analfabetos. Uma pessoa pode ter grandes dons evangelísticos e de liderança sem necessariamente ser um frequentador de bibliotecas! No entanto, ser um mestre e/ou pregador da Palavra com uma capacidade de liderança é outra questão. Nós devemos ser “aptos para ensinar”, o que pressupõe um nível de alfabetização. Afinal, não podemos ensinar todo o conselho de Deus se não pudermos lê-lo e entendê-lo por nós mesmos.
Em Niddrie, nós avaliamos bem cedo o nível de alfabetização daqueles com quem estamos conversando e discipulando. Muito raramente nos deparamos com pessoas que são completamente analfabetas (embora as tenhamos). Assim, nós, de comum acordo, buscamos oferecer ajuda individualizada na área e/ou algum treinamento de alfabetização pessoal como parte do nosso evangelismo e/ou discipulado. Nunca devemos confundir o analfabetismo com a inteligência. Além disso, as pessoas tendem a aprender de modo muito rápido quando são devidamente motivadas. Tenho observado (não cientificamente) que quando leitores pobres, não leitores (os que podem ler, mas não leem) e analfabetos começam a ler, acontecem várias coisas:
1. Melhora dos níveis de concentração. Há (basicamente) uma mentira disseminada de que as pessoas nos subúrbios não conseguem se concentrar por mais de cinco minutos. Isso é verdade em parte, mas é igualmente verdade que eles são capazes de continuar por muito mais tempo quando é dada a oportunidade de ler um livro (em casos extremos, nós usamos um livro de áudio, enquanto iniciamos o processo de alfabetização).
2. As pessoas têm uma notável capacidade de memorizar. A leitura auxilia o cérebro nesse sentido.
3. Disciplina para a mente (e, às vezes, para a vida). Tenho visto por mim mesmo como pessoas que têm tido vidas caóticas foram transformadas em sua disciplina pessoal ao exercitarem o seu cérebro para pensar logicamente.
4. Melhora da criatividade e interação. Conforme o conhecimento cresce, aumenta a confiança.
5. O vocabulário começa a melhorar exponencialmente.
6. Isso amplia a visão de mundo e nos desperta para novas ideias e outros valores culturais.
Essa tem sido uma longa e árdua luta com muitas das nossas pessoas aqui, mas vale a pena. Eu não conheço uma única pessoa para quem a leitura não se revelou benéfica, mesmo para coisas simples como preencher formulários. Deus é um Deus de palavras e nós temos a responsabilidade de descobrir o que ele tem a dizer.
Boa leitura!
Tradução: Camila Rebeca Teixeira
Revisão: André Aloísio Oliveira da Silva
Original: Should All Leaders Be Great Readers?