sexta-feira, 3 de maio
murmuração

Para onde sua murmuração vai te levar?

O trecho abaixo foi extraído com permissão do livro Aquietai-vos, de Elisabeth Elliot, Editora Fiel.


Quando estivemos em Dallas para uma visita, fomos hóspedes de nossa querida amiga Nina Jean Obel. Certa manhã, quando nos sentamos em sua linda cozinha ensolarada, em tom verde-pálido, ela nos lembrou de como, na história de Deuteronômio 1, quando os israelitas estavam a quatorze dias da Terra Prometida, murmuraram. Murmuração foi um hábito que enfureceu Moisés, o líder deles, a ponto de ele desejar morrer. Ele perguntou: “Como eu suportaria, sozinho, vosso peso, vossa carga e vossa contenda?”. Eles partiram para Horebe e, quando chegaram ao país montanhoso dos amorreus, recusaram-se a crer nas promessas e insistiram em enviar espias para ver o tipo de terra que possuiriam. Os espias retornaram com um relato excelente, mas o povo também não creu nisso. Não se importaram com o fruto agradável que a terra oferecia. Havia gigantes na terra, e todo o povo seria morto. Havia fortificações enormes, do tipo que se ergue até o céu. Como os conquistariam?

Foi uma atitude neurótica. Nenhuma resposta satisfaria. Nenhuma solução oferecida seria suficientemente boa. As promessas de Deus, a direção de Moisés, o relato dos espias — tudo seria inaceitável. O povo já tinha decidido que não gostava de nada do que Deus estava fazendo. Eles murmuraram. Disseram que o Senhor os odiava. Ele os havia tirado do Egito apenas para destruí-los pelas mãos dos amorreus. Ó Deus, que destino! Ó Deus, por que nos trata dessa maneira? Ó Deus, como sairemos dessa situação? É culpa tua. Tu nos odeias. Moisés nos odeia. Tudo e todos estão contra nós.

Nina Jean disse que havia concluído que, se a murmuração era a razão para o povo de Deus ter negado o privilégio de entrar em Canaã, ela a abandonaria. Estabeleceu para si mesma uma tarefa árdua: nenhuma murmuração — absolutamente nenhuma — por quatorze dias. Foi uma revelação para ela — em primeiro lugar, quão forte o hábito de murmurar se tornara; segundo, quão diferente seria o mundo quando ela não mais murmurasse. Tenho a impressão, quando estou perto de Nina, de que a provação de quatorze dias foi suficiente para resistir ao hábito. Não a ouço mais murmurar.

Não é somente a luz do sol e as cores que tornam sua cozinha um excelente lugar. É o fato de Nina estar lá. Eu gostaria de criar esse tipo de atmosfera para as pessoas ao meu redor. Decidi estabelecer para mim a mesma tarefa.


Veja outros artigos deste livro clicando aqui.


Autor: Elisabeth Elliot

Elisabeth Elliot (1926–2015) foi uma das mulheres cristãs mais influentes do século XX. Nascida na Bélgica, filha de missionários, ela inspirou, com sua fé corajosa, seguidoras de Cristo em todo o mundo através de suas experiências como esposa, mãe e missionária. Seu primeiro marido, Jim Elliot (1927–1956), foi morto, com outros quatro missionários, quando buscava dar testemunho de Cristo entre os Auca, atualmente conhecidos como Huaorani, no leste do Equador. Alguns anos depois dessa tragédia, Elisabeth, com sua filha ainda pequena, passou a viver entre os membros dessa mesma tribo, a fim de compartilhar com eles o precioso evangelho. Em seu retorno para os Estados Unidos, Elisabeth deu início ao seu ministério como palestrante e escritora, publicando mais de vinte livros que foram traduzidos para diversas línguas. Seu ministério continua a influenciar gerações de mulheres ao redor do mundo.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

Veja Também

A cilada da procrastinação

O resultado da procrastinação é a mistura de cansaço com ressaca moral — a culpa por não termos atendido ao nosso chamado.