Paulo orou para que os cristãos fossem “fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua [de Deus] glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria, dando graças ao Pai” (Cl 1.11-12).
Somos chamados a uma vida de perseverança capacitada por Cristo e acompanhada pelo dar graças com alegria. A perseverança exige paciência, porque a recompensa das escolhas certas de hoje virá, mas talvez seja daqui a meses ou anos, ou somente depois que deixarmos este mundo. Aqueles que tamborilam enquanto esperam o microondas terminar seu trabalho demonstram que a perseverança duradoura não surge naturalmente.
Paulo desafiou seu discípulo, dizendo: “Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus” (2 Tm 2.3). Os soldados esperam dificuldades e são treinados para enfrentá-las. Os humildes guerreiros de Cristo devem viver como companheiros de braços dados a serviço de seu Comandante, no território ocupado do inimigo. Eugene Peterson chamou isso de “uma longa obediência perseverante.[i]
Hoje, obstáculos e distrações fazem a perseverança na vida cristã parecer inatingível. Nossas tentações não são piores do que as que haviam em Corinto, no século I. Mas a televisão, os computadores e telefones celulares trazem aos nossos lares aquilo que costumava ser achado tão-somente em becos escuros. Em nossa Corinto tecnológica, as tentações são apenas um teclado ou um clique de mouse para irmos adiante.
O fracasso em perseverar — no casamento, no trabalho, na igreja ou em qualquer área da vida — tornou-se normal. Uma obediência permanente e consistente, sem desvios periódicos ao pecado e à falta de frutos, parece um sonho impossível. O pecado se tornou tão comum, tão esperado, que os crentes santos ou são elevados à categoria de heróis, ou são rejeitados como legalistas.
Em nossa sociedade descartável, usamos algo e, em seguida, jogamos fora (quer seja um prato de papel, uma esposa, uma igreja ou uma carreira). A filosofia do prenda-se-a-isso é uma relíquia de outra época — algo que os monges faziam e nós não podemos fazer. E por que deveríamos fazê-lo? Quem deseja trabalhar com afinco ou se tornar entediado por permanecer no mesmo curso, quando infinitas alternativas nos chamam?
No entanto, a essência da vida cristã não pode mudar com a cultura. As palavras de Paulo aos crentes de Colossos e a Timóteo são palavras que se aplicam a nós. Não devemos nos esquivar do sofrimento. Devemos suportá-lo com paciência e ações de graça. Temos de seguir a Cristo desde o começo até ao fim, arrependendo-nos imediatamente de nossos pecados e movendo-nos à profunda devoção. Sim, haverá tempos áridos, mas, no aspecto geral, o gráfico de nosso crescimento espiritual se elevará de modo uniforme, e não haverá desvios que façam nossa vida terminar em uma choradeira inútil.
A perseverança é a chamada de Cristo para que o sigamos e terminemos com firmeza, para a glória de Deus. Não há chamada mais sublime, nenhum privilégio mais elevado, nenhuma alegria maior.
Notas:
[i] Peterson, Eugene H. A long obedience in the same direction: discipleship in a instant society. 20th anniversary edition. Downers Grove, IL.: InterVarsity Press, 2000.
Tradução: Wellington Ferreira
Revisão: Tiago Santos
Texto extraído do livro: Firmes – Uma chamada à Perseverança dos Santos –1ª Edição, Cap. 4 – São José dos Campos, SP. Editora Fiel, 2010 (prelo).