Acho que devemos parar de falar sobre “inauguração” de novas plantações de igrejas e, em vez disso, nos referir a elas como “pactuando” pela primeira vez.
Por que dizemos “inauguração”?
Sou um plantador de igrejas. Eu tenho aprendido com outros plantadores, falado com plantadores, lido as atualizações dos plantadores e lido os livros sobre plantação de igrejas. E todos nós dizemos “inauguração”.
Por quê?
Eu perguntei a algumas pessoas. Suas respostas não foram todas iguais. A definição mais comum que ouvi é: “Essa é a data em que nossa equipe de plantação ‘vai a público’”. Quando continuo perguntando se uma pessoa do público poderia ter participado das reuniões antes da “inauguração”, a resposta comum é “certamente”.
Então, o que realmente aconteceu quando você “inaugurou”, se pessoas do público poderiam ter participado antes? Aparentemente, inaugurar é diferente de ter um filho ou se casar. Você sabe quando essas coisas acontecem!
Aqui está o que acho que os plantadores têm feito: emprestado uma palavra do mundo dos negócios para obter vigor e injetar vida em uma igreja desde o seu início.
E sobre “pactuar”?
Gostaria de defender o uso da palavra bíblica “pactuar” para designar o início de uma igreja, como em “Nós pactuamos pela primeira vez como congregação em 24 de junho”.
Você encontra uma imagem dos exilados que retornaram renovando o seu pacto uns com os outros e com Deus em Neemias 9.32-38. E a comunhão de uma igreja é uma espécie de pacto, pelo qual afirmamos as profissões de fé uns dos outros e concordamos em supervisionar o discipulado a Cristo uns dos outros. Essa é a imagem cumulativa que você observa em Mateus 16 quando Jesus afirma Pedro e a profissão de Pedro (v. 17), e que você vê novamente (em forma inversa) em Mateus 18 quando a igreja retira a sua afirmação da profissão de fé de alguém (v. 17).
O que é uma igreja? É uma reunião de duas ou três pessoas em nome de Cristo — uma sociedade de pessoas que pactuam na mesma profissão do evangelho. Por meio do batismo e da Ceia do Senhor participamos dessa aliança local juntos como nosso retrato localizado de nossa nova membresia pactual. (Bobby Jamieson, em seu novo livro Going Public [Indo a Público] descreve o batismo como o sinal de juramento inicial da nova aliança. E ele descreve a Ceia do Senhor como o sinal do juramento de renovação da nova aliança).
Não penso que a Escritura nos obriga a usar a palavra “pactuar” para falar sobre o início de uma igreja. Ela não nos diz que devemos fazê-lo. Eu também não estou dizendo isso. Eu de fato acho que a palavra captura de forma útil o que acontece nas Escrituras quando um grupo de cristãos se organiza como uma igreja. Portanto, estou sugerindo o uso dessa palavra como uma “prática melhor”.
Não apenas mudar de uma palavra para outra
“Pactuar” é mais do que apenas trocar uma palavra por outra. Isso comunica a ideia de que certas ações devem ocorrer para estabelecer uma igreja, assim como uma cerimônia de casamento exige que certas ações aconteçam para que um homem e uma mulher se unam sob a aliança do casamento.
Em primeiro lugar, pactuar exige que um determinado conjunto de expectativas una um grupo de cristãos, como os votos bíblicos estabelecem um conjunto de expectativas sobre marido e mulher. Eles são responsáveis por confirmar as profissões do evangelho uns dos outros. E eles são responsáveis por supervisionar o discipulado uns dos outros.
Em segundo lugar, pactuar exige que um determinado conjunto de expectativas una um grupo específico de cristãos. Isso deixa claro quem é realmente parte da igreja e quem não é. Somos um povo “separado” do mundo.
Quão fraca e sem sentido a palavra “inauguração” parece ao ser comparada! Pacto é uma palavra familiar, uma palavra de juramento de sangue. Inauguração é uma palavra do mundo das viagens espaciais e do mundo industrial.
Por fim, a palavra pacto comunica a ideia de que a igreja é um povo, e não um “evento”.
As antigas casas de reunião
Se você entrasse na parte de trás das antigas casas de reunião (como as chamavam), onde as igrejas se reuniam, às vezes você poderia achar um belo documento chamado de pacto da igreja. Esse documento indicaria o modo de vida que a igreja tinha aceitado viver. No final haveria a assinatura dos membros da igreja.
Não quero fazer um grande caso sobre o que chamamos de início de uma igreja. Porém, acho que a palavra pacto ajudará a pastorear nosso povo em uma imagem mais rica, mais profunda e mais bíblica do que é a vida da igreja local e o que não é, o que sugere que isso pode ser uma prática digna de ser recuperada.
Tradução: Camila Rebeca Teixeira
Revisão: André Aloísio Oliveira da Silva
Original: Stop Launching Churches! Instead, Covenant Together