O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro Construindo Pontes: aconselhamento bíblico para crianças e adolescentes, de Julie Lowe, Editora Fiel.
Ao pensar no tipo de conselheiro que é mais eficaz com crianças, a tentação é pensar que uma pessoa feliz, assertiva, animada, divertida e de personalidade calorosa é a coisa mais importante a ser procurada. Da mesma forma, se você trabalha com adolescentes, pode pensar que precisa ser uma pessoa legal, engraçada, moderna, na moda, sociável e extrovertida. Embora essas qualidades pareçam ser vantajosas na conexão com os jovens, às vezes elas podem ser enfatizadas em demasia.
Alguns dos conselheiros mais sábios e eficazes que conheço são naturalmente introvertidos, descontraídos e de natureza mansa, mas são incrivelmente dotados para fazer com que as pessoas (inclusive os adolescentes) se sintam bem cuidadas. Nada substitui o verdadeiro cuidado e interesse por uma pessoa jovem. Crianças e adolescentes podem ser incrivelmente perspicazes em detectar cuidados e preocupações falsos. Da mesma forma, quer pensemos ou não que estamos programados para trabalhar com os jovens, eles irão perceber quando alguém genuinamente demonstrar que gosta deles e os escuta.
Acredito que podemos crescer e desenvolver habilidades no trabalho com crianças e adolescentes, mesmo que não sintamos que isso nos seja algo natural. Essas habilidades crescerão à medida que você pedir ao Espírito que lhe dê um amor profundo e genuíno pelas crianças que você está aconselhando. Como é o amor quando se fala com crianças e jovens? Abaixo estão algumas formas específicas de mostrar a uma criança que estamos genuinamente interessados nelas e comprometidos a amá-las do jeito que Deus as ama.
- Conexão no nível de desenvolvimento deles.
- Vontade de aprender sobre o mundo, a cultura e as experiências deles.
- Paciência com comportamentos de não conformidade, distração ou de busca por atenção.
- Gentileza quando se deparar com sarcasmo e rebeldia.
- Capacidade de ouvir e dedicar tempo para garantir que eles se sintam compreendidos.
- Capacidade de fazer perguntas abertas e de obter mais informações quando as respostas fornecidas forem curtas.
- Um entendimento de que eles são limitados na capacidade de mudar as circunstâncias.
- Disposição para trabalhar com os pais e o contexto familiar.
- Capacidade de permanecer ativo e engajado.
- Prontidão para ser flexível com o humor de uma criança ou de um adolescente que não tem vontade de falar.
- Flexibilidade para ter múltiplas opções e planos quando sua primeira abordagem não for bem-sucedida.
- Disposição para ser inventivo e espontâneo e se adaptar conforme necessário.
- Habilidade de ser leve e envolvente.
- Perseverança quando encontrar resistência.
Formas práticas de demonstrar amor
Quando ministramos a uma pessoa jovem, queremos que ela sinta que a entendemos. A habilidade é trazer à tona o que está dentro daquele jovem; o dom é realmente compreender. Nenhuma habilidade pode substituir o cuidado genuíno e o “conhecer” uma criança.
As crianças podem regularmente nos apresentar surpresas ou algo que não esperamos, então devemos estar dispostos a encontrá-las naquele momento, nos envolver com o que é importante para elas e sempre ficar de olho na direção para onde precisamos levá-las.
Devemos evitar nos apresentar de forma falsa ou paternalista. Não devemos tentar fingir que somos descolados ou agir como algo que não somos. Vale a pena ser contemporâneo e “estar ligado”, mas os jovens percebem os adultos que realmente não estão atualizados em relação ao mundo deles e sentem a natureza paternalista daqueles que fingem estar mais informados do que realmente estão. É muito melhor ser um adulto verdadeiramente atencioso, que está um pouco “por fora”, mas disposto a aprender, do que um adulto que tenta agir como se fosse legal ou descolado, mas que deixa o jovem passar batido.
Precisamos nos vestir de uma maneira que seja confortável tanto para nós quanto para a faixa etária com a qual estamos trabalhando. Queremos usar roupas que possibilitem a facilidade de sentar-se no chão, ajoelhar, entrar e sair do papel que desempenhamos, jogar uma bola, ou sentar-se no chão com um quebra-cabeça, com bonecos, ou miniaturas. Não queremos que a maneira como estamos vestidos nos limite na interação com um jovem. Queremos que os jovens sintam-se à vontade e confortáveis – se você e eu estivermos vestidos com trajes de negócios, podemos facilmente passar a sensação de sermos implacáveis para uma criança ou adolescente.