quinta-feira, 12 de dezembro
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Somos mais do que a nossa sexualidade

Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gn 1.27)

Somos todos muito mais complexos do que sabemos. Fomos criados diferentes do restante da criação, com a mente que se inclina dependendo do lugar no qual os olhos pousam. Quando você olha à sua volta, vê como os sentimentos são cheios de cores variadas. Somos seres intelectuais, emocionais e espirituais. Somos capazes de sentir alegria, tristeza, orgulho, humildade, terror, segurança, tudo isso trabalhando junto com nossas almas de seres humanos. Por essa razão, limitar nossa pessoalidade à sexualidade seria um modo bastante restrito de descrever como Deus nos fez. Como seres criados à sua imagem, fomos criados para amar a Deus, não por instinto animal, mas com nossos desejos humanos — o que envolve coração, mente e alma. Quando Deus não é amado com todo o nosso ser, o pecado se expõe na maneira como falamos, criamos e pensamos — o que fazemos com nossos corpos e como tratamos nosso próximo, aquilo que escolhemos ouvir com nossos ouvidos e ver com nossos olhos etc. Desse modo, nossa sexualidade pode ser uma parte de quem somos, mas não é tudo que somos. Os humanos são muito mais do que quem os atrai sexualmente.

Deus é trino, muito maior do que nossa mente é capaz de compreender. Ele é um Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, todos capazes de sentir, agir, ouvir, de modos unificados e distintos entre si. Desse modo, não seria razoável supor que aqueles a quem ele criou à sua imagem fossem igualmente diversos e complexos? Se ele fez a pessoa por inteiro, certamente deseja salvar e satisfazer a pessoa por inteiro com ele próprio.

O que pode estar implícito àqueles que pregam um “evangelho heterossexual” é que nossa sexualidade seria tudo que importa para Deus. Estou convicta de que essa ideia tem impedido muitas pessoas — homens e mulheres atraídos pelo mesmo sexo — de chegar ao arrependimento verdadeiro.

Entendi isso um dia, quando interagia com uma jovem que se ofendeu com meu testemunho de haver vencido a homossexualidade. Depois de dirigir a mim alguns ataques pessoais e xingamentos, eu lhe perguntei o seguinte: “Digamos que o homossexualismo não fosse um problema para você. Deus ainda estaria satisfeito com sua vida como um todo?”. Ao que ela respondeu, surpreendida pelo ponto de vista da minha pergunta: “Não, não. Ele não estaria satisfeito”.

Eu fiz especificamente essa pergunta porque precisava que ela visse que Deus tinha em mente mais do que seus atos sexuais quando lhe ordenou (e também a nós) que se arrependesse e cresse no evangelho de Jesus Cristo. Se somos assim tão complexos quanto ele nos fez, certamente somos muito mais pecadores do que conseguimos imaginar. Por essa razão, quando Deus vem nos restaurar, tem de fazer isso por inteiro.

Para o incrédulo que é AMS (atraído pelo mesmo sexo), Deus não o chama principalmente a ser hétero. Deus o chama a ser dele, de Deus. Conhecer Deus, amar Cristo, servir a Cristo, honrá-lo e exaltá-lo para sempre. Quando ele é o alvo do arrependimento e o objeto de sua fé, ele é justificado por Deus Pai e recebe o poder do Espírito Santo para negar todo pecado — o pecado sexual e os de outras naturezas. Alguém que busca a heterossexualidade, e não a santidade, estará tão longe de andar corretamente diante de Deus quanto alguém que busca ativamente a homossexualidade. E, de fato, quando um cristão AMS procura como alvo a heterossexualidade em vez de buscar Cristo, acabará apenas substituindo um ídolo por outro. Quando permanecemos nele e andamos em santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12.14), os crentes AMS, mesmo quando sentem essas tentações, são capazes de escolher Deus, e não sua identidade sexual anterior. Sua identidade como portadores da imagem de Deus, e não seus impulsos sexuais, será o principal identificador de sua vida — e é isso que muitos homens e mulheres AMS precisam desesperadamente ouvir dos púlpitos e nos bancos da igreja. Se a sexualidade fosse a sua (e a nossa) principal identidade, esse seria nosso chamado principal, mas, em última análise, nós não fomos feitos para o sexo; fomos feitos para Deus e para sua glória somente (Cl 1.16).

Artigo adaptado do livro Garota Gay, Bom Deus, de Jackie Hill Perry.


Autor: Jackie Hill Perry

Jackie Hill Perry é escritora, poetisa e artista, com trabalhos publicados no Washington Times, e 700 Club, Desiring God e Gospel Coalition. Ao se tornar cristã, em 2008, passou a usar seus dons para compartilhar a luz do evangelho de Deus da maneira mais autêntica possível. Jackie é esposa de Preston, com quem tem dois filhos, Eden e Autumn.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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