terça-feira, 13 de maio
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Submissão bíblica: dever, compromisso e privilégio cristão

Nosso mundo tem uma relação estranha com a autoridade. Vimos isso no movimento “Occupy”#1 de alguns anos atrás. Formalmente, todos tinham o mesmo papel, mas, inevitavelmente, “vozes de liderança” apareceram e garantiram que todas as vozes contraculturais cantassem no mesmo tom. Acontece que há uma grande ironia quando todo mundo acaba seguindo o principal dissidente.

Os cristãos modernos tiveram a sua própria luta para compreender a autoridade. Uma das passagens mais frequentemente mal entendidas nas Escrituras, por exemplo, é Efésios 5.21, onde Paulo diz: “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”. Alguns comentadores têm entendido que esse versículo chama à “sujeição mútua”, de forma que maridos e esposas se coloquem sob a autoridade um do outro.

Efésios 5.21 realmente chama os crentes a reconhecer e respeitosamente seguir autoridades ordenadas por Deus. Onde quer que você encontre uma autoridade legítima, Paulo está dizendo, siga-a. Esta visão lança luz sobre a passagem que se segue. Efésios 5.22-33 ensina que Deus chama a mulher para se submeter a seu marido e o homem para amar sua esposa. A mulher é imagem da igreja, que honra a Cristo como a sua autoridade (v. 22-24); o homem é imagem de Cristo, que com sacrifício próprio lidera e provê para sua noiva (v. 25-28).

Muito mais do que necessidades sentidas, linguagem de amor ou preferências pessoais, estas são as palavras mais importantes no universo para a construção de um casamento que glorifica a Deus. O marido, como Cristo, é o cabeça de sua esposa. Sua esposa reconhece essa liderança e responde gentilmente o seguindo, assim como a igreja não governa ou lidera Jesus, mas o segue por todo o caminho até a glória.

Sabemos que esta interpretação faz sentido porque os versículos iniciais do capítulo 6 descrevem um segundo relacionamento baseado na dinâmica de autoridade e submissão. Os filhos devem “obedecer” a seus pais (Efésios 6.1). Este papel inegociável depende do reconhecimento e resposta à autoridade constituída por Deus. Efésios 5.22-33 e 6.1-4 estão conectados; eles desvelam o princípio de Efésios 5.21, mostrando como os crentes podem agir em relação a ele.

Estamos em seguro fundamento bíblico aqui. Sem exceção, a palavra grega para “submissão”, hupotassõ, sempre sinaliza obediência à autoridade dada por Deus. Jesus se submeteu à autoridade de seus pais (Lucas 2.51), os demônios se submetiam aos discípulos (Lucas 10.17), cidadãos estão sujeitos a autoridades do governo (Romanos 13.1, 5), o universo está sujeito a Cristo (1Coríntios 15.25; Efésios 1.22), Cristo está sujeito a Deus, o Pai (1Coríntios 15.28), e assim poderíamos continuar.

Como podemos ver, os crentes recebem bem a oportunidade de se submeterem aos líderes legítimos. Submissão bíblica nunca significa uma obediência robótica, sem pensar. Ela significa, de fato, o oposto: um compromisso alegre, de todo o coração para seguir uma figura digna. Submissão não depende de um desempenho perfeito, tampouco. Enquanto membros da igreja chamados para nos sujeitarmos aos líderes da igreja, por exemplo, perceberemos o pecado na vida dos nossos líderes (1Coríntios 16.15-16; 1Pedro 5.5).

Submissão à autoridade constituída por Deus não vem e vai. É a própria essência da fé e discipulado cristão. Quando nos arrependemos e cremos, não fazemos nada além de confessar a um Deus santo: “você está certo e eu estou errado, submeto-me a você”. A postura fundamental de um crente para com Deus é a submissão (Hebreus 12.9; Tiago 4.7).

O lar e a igreja são campos feitos por Deus em que a submissão pode florescer. No lar, os homens devem liderar, e as mulheres devem compreensivamente incentivar e acolher esta liderança. Submissão não começa apenas quando uma decisão é tomada, mas muito antes. Na igreja, os membros devem se submeter aos mais velhos, abraçando essa liderança de bom grado.

Em ambos os contextos, a submissão não é mero acordo no ponto final de um processo de tomada de decisão. Tampouco é uma carta de trunfo que os maridos e os mais velhos podem jogar quando quiserem. É uma realidade para toda a vida, uma postura, uma abordagem e um privilégio fantástico. Se o próprio Jesus alegremente se submeteu a seu Pai, mesmo quando a submissão exigia que ele morrresse pela igreja, como poderíamos não seguir contentes o exemplo? Como não se submeter a Deus e honrar a dinâmica de autoridade e submissão de sua Palavra ao longo de nossas vidas?

Sabemos que isso soa como a morte aos ouvidos modernos. Para aqueles que receberam o dom da audição, no entanto, a oportunidade de se submeter a Deus é a própria palavra de vida.

Notas:

#1 Movimentos de ocupação e protesto contra a desigualdade econômica e social que começaram em Wall Street, Nova Iorque, e que declarava não possuir líderes constituídos. (N.T.)

 

Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira
Revisão: Yago Martins
Original: Submit to One Another


Autor: Owen Strachan

Owen Strachan é professor assistente de Teologia Cristã e História da Igreja na Boyce College, uma faculdade parte do Southern Baptist Theological Seminary, nos EUA. Dr. Strachan também é diretor executivo do The Council on Biblical Manhood & Womanhood.

Parceiro: Ministério Ligonier

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