quinta-feira, 18 de abril

Uma advertência aos crentes professos

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Os métodos de evangelismo utilizados pelo cristianismo evangélico, nos últimos cento e cinqüenta anos, causaram o surgimento do artifício de equiparar a salvação com uma simples confissão de fé em Cristo. Muitas pessoas nunca duvidam da eterna salvação de sua alma, porque seguiram os procedimentos recomendados pelo pastor ou pelo folheto de evangelização. Elas aprenderam que duvidar de sua própria salvação é duvidar de Deus. Elas seguiram fielmente os passos 1, 2, 3 e 4 que supostamente levam à salvação. Portanto, visto que elas seguiram o plano, admitem para si mesmas que possuem a vida eterna. Todavia, eu encorajo todos aqueles que professam fé em Cristo a procurarem, “com diligência cada vez maior, confirmar” a sua “vocação e eleição” (2 Pe 1.10).

As Escrituras nos fornecem muitos motivos para pensarmos que, no Dia do Juízo, haverá multidões de crentes professos lançados no inferno (At 8.5-24; Gl 4.19, 20; Hb 6.1-6; 10.23-31; 2 Pe 2; Jd 4). A advertência mais profunda dirigida a crentes professos foi pronunciada pelo Senhor Jesus e registrada em Mateus 7.21-23. Ele declarou inequivocamente que, naquele Dia, muitos farão um confissão, chamando-O de “Senhor” e se referirão a certas realizações espirituais, na tentativa de consolidar o seu direito à salvação. No entanto, por sua vez, o Senhor Jesus decretará a condenação de tais pessoas! Isso deveria estimular cada pessoa que professa ser crente em Cristo! Por que essa tragédia ocorrerá? A resposta está no versículo 21, e a conclusão no versículo 23: elas não fazem a vontade de Deus e, ao invés disso, “praticam a iniqüidade”. Esta expressão significa agir de modo contrário à lei de Deus, sugerindo que a pessoa vive em total desrespeito à santa lei de Deus.

O quadro retrata apenas isto: muitos dos que se acham seguros de seu relacionamento com Cristo, fazendo esta confissão com toda a ousadia, passarão a eternidade sob a ira de Deus. Tudo que eles possuem é uma confissão. As práticas de sua vida diária constituem uma contradição à verdadeira piedade. Eles transformam a graça de Deus em licenciosidade, por tornarem o seu refrão “uma vez salvo, sempre salvo” em um motivo para pecarem. Existem milhares de crentes professos que admitem prontamente que são “desviados” e se recusam a considerar a possibilidade de que nunca receberam a graça de Deus que traz salvação. Querido leitor, proponho que é conveniente para todos aqueles que chamam Cristo de Senhor examinarem cuidadosamente a si mesmos, a fim de verificarem se realmente estão na fé. (Por favor, leia com atenção 1 João 3, especialmente os versículos 1 a 10; depois leia novamente este artigo.)

Evidências da Graça Salvadora

O Novo Testamento contém muitas passagens que devem ser consideradas pelos que professam ser crentes em Jesus, ao examinarem a si mesmos. No entanto, por uma questão de consciência, agora recorremos apenas a uma destas passagens.

1 Jo 3.1-10 nos fornece a mais enfática afirmação referente ao verdadeiro caráter do crente, encontrado nas Escrituras Sagradas. O principal argumento do apóstolo João é apresentado nesta proposição simples: o filho de Deus se esforçará para seguir a santidade e, na verdade, manterá um padrão de retidão.

Este argumento se fundamenta em três verdades desenvolvidas no capítulo 3. Primeiramente, João se referiu à ardente expectativa do retorno de Cristo por parte do crente. O apóstolo João se reportou ao nosso relacionamento com Deus, no homem interior. O mundo não nos conhece (ou seja, ele não reconhece nossa verdadeira identidade como filhos de Deus), porque a nossa semelhança com Deus é espiritual e não física. Apesar disso, João sugeriu que nossa aparência presente não é, de maneira alguma, permanente. Cristo retornará, e, quando isto acontecer, seremos semelhantes a Ele, conformados à sua perfeição, tanto em nosso exterior como em nosso íntimo. Todo verdadeiro crente tem esta esperança e anela ser aperfeiçoado, embora saiba que isto não acontecerá antes da vinda de Cristo. Por conseguinte, foi esta verdade da graça que levou o apóstolo João a declarar, com toda a confiança: “E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como eleé puro”.

Todos os que professam ter vida espiritual estão ansiosos pelo retorno de Cristo, a fim de que eles obtenham a perfeição. Mas, até que isso aconteça, o povo de Deus — cada um deles — se esforça para se purificar de tudo aquilo que é contrário à santidade. A complacência espiritual é estranha para o filho de Deus. Ele tem fome pela retidão em seu viver, e, até que Jesus volte, o filho de Deus vigiará contra o surgimento de paixões dormentes e contra todo pensamento que exalta a si mesmo, em detrimento de Deus.

Em segundo, todo verdadeiro crente praticará a retidão como um resultado direto da obra de Cristo na cruz. João nos recorda que o Filho de Deus se manifestou para “tirar” nossos pecados. A palavra traduzida por “tirar” significa “carregar”, sendo uma referência direta à morte vicária do Senhor Jesus em favor de seu povo. Romanos 6 nos ensina que Deus enviou Cristo não somente para remover ou carregar sobre Si a penalidade do pecado, mas também para destruir a força de nossa natureza pecaminosa — “Foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que… não sirvamos o pecado” (Rm 6.6). Conseqüentemente, o verdadeiro crente não pode mais viver novamente sob o domínio do pecado! Ele pode cair como vítima de uma tentação; porém, nunca mais ele estará sob a tirania da natureza adâmica (cf. 2 Co 5.17). A morte de Cristo garantiu que, na conversão, o crente tem um novo Senhor e não pode mais ser escravizado pelo pecado, ainda que ele não alcançará a perfeição deste lado da eternidade. A santificação, e não a perfeição, é a experiência de vida de todo crente!

Por fim, concluímos nosso artigo com as irrefutáveis afirmativas de João nos versículos 7 a 10. O versículo sete é uma nítida advertência contra uma segurança de salvação produzida pelo homem. “Ninguém vos engane” deve ser um aviso não somente para aqueles que confessam a salvação, mas também para os pastores que praticam o deplorável hábito de dizer aos interessados que eles já estão salvos. A segurança de salvação é um assunto de competência exclusiva do Espírito de Deus! Em seguida, temos o primeiro teste para julgar toda confissão de fé: “Aquele que pratica a justiça é justo”. Uma posição de justificado diante de Deus (a justificação) é sempre demonstrada por meio da prática da justiça. A justiça é a simples obediência à lei de Deus e aos mandamentos de Cristo. Aqueles que são antinomianos em seu viver (estão proferindo desdém e um negligente desrespeito para com à Lei de Deus) encontram-se em uma posição extremamente precária diante do Santo Juiz do universo. Embora as boas obras não possam trazer-nos a justificação, elas sempre resultam do novo nascimento e da justificação (ver Ef 2.10).

O apóstolo João afirmou dogmaticamente que todos aqueles que pecam pertencem a Satanás. A palavra traduzida pela forma do verbo “praticar” significa realmente “fazer” ou “praticar”. Nesta passagem, o apóstolo estava se referindo à maneira habitual de viver de um homem. Assim, o propósito da vinda de Cristo foi destruir as obras de Satanás, ou seja, a injustiça. Nosso Senhor veio ao mundo para remover o pecado. Por essa razão única, a prática da justiça, a obediência à Lei de Deus e a ausência de pecado habitual têm de ser essenciais à qualquer segurança de salvação.

No entanto, o clímax de nosso argumento está no versículo 9. João ressaltou o novo nascimento, ao dizer: “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado”. Depois, o apóstolo ofereceu a seguinte explicação: a semente de Cristo (a vida de Deus) habita em toda pessoa nascida de novo; e isto torna impossível a busca do pecado, visto que o pecado é a própria antítese de Deus. Uma pessoa que confessa crer em Cristo e permanece na prática da satisfação carnal e da impiedade é a epítome da contradição e, além disso, revela engano espiritual. A verdadeira fé tem de produzir boas obras (Tg 2).

O apóstolo João concluiu declarando que a santidade é a manifestação da verdadeira salvação — “Aquele que não pratica justiça não procede de Deus”. Isto significa que, se uma pessoa continua no pecado, embora professe crer em Cristo como seu Salvador, ela ainda não nasceu na família de Deus. Esta é a mais clara descrição de um verdadeiro cristão encontrada nas Escrituras. Portanto, todo aquele que confessa ser crente tem de examinar-se a si mesmo por meio desta descrição!

Aplicação

Aqueles que leram este artigo até aqui perceberam a inflexível exigência de santidade da parte de todos aqueles que professam ser filhos de Deus. Ora, eu tenho de perguntar: como você está vendo a si mesmo, à luz de 1 João 3? Lembre-se: as exigências de Deus não se curvam diante de ninguém! Sem santidade, ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). Querido leitor, seu coração suspira por santidade ou você tolera confortavelmente o seu pecado? Você está contente com a sua franca desobediência ou lamenta cada paixão que luta contra o Espírito Santo? Ninguém pode lhe dar a segurança de salvação e será melhor que você não confie em qualquer outra coisa, exceto no testemunho inegável do Espírito em seu coração — um testemunho que sente fome por retidão e odeia até a roupa contaminada pela carne. Oh! Não deixe de examinar a si mesmo; ao invés disso, suplique a Deus que revele o verdadeiro estado de sua alma!


Autor: Gary W. Hendrix

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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