Declaração de Fé
1. O Deus Trino. Cremos em um só Deus, eternamente existindo em três pessoas igualmente divinas: Pai, Filho e Espírito Santo, que conhecem, amam e glorificam um ao outro. Este único Deus verdadeiro e vivo é infinitamente perfeito tanto em seu amor quanto em sua santidade. Ele é o criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis, e é, portanto, digno de receber toda a glória e adoração. Imortal e eterno, ele conhece perfeita e exaustivamente o fim desde o princípio, sustenta e governa soberanamente sobre todas as coisas e, em sua providência, acarreta seus bons propósitos eternos de redimir para si um povo e restaurar a sua criação caída, para o louvor de sua gloriosa graça.
2. Revelação. Deus graciosamente revelou a sua existência e poder na ordem criada, e tem se revelado de maneira suprema aos seres humanos caídos na pessoa de seu Filho, o verbo encarnado. Além do mais, este Deus é um Deus que fala, que por seu Espírito graciosamente se revelou em palavras humanas: cremos que Deus inspirou as palavras preservadas nas Escrituras, os sessenta e seis livros do Antigo e do Novo Testamento, os quais documentam e são também meio de sua obra salvadora no mundo. Estes escritos somente constituem a Palavra de Deus verbalmente inspirada, a qual, nos escritos originais, possui autoridade suprema e está isenta de erro e é também completa na revelação de sua vontade para a salvação, suficiente para tudo o que Deus requer que creiamos e façamos e final em sua autoridade sobre todo o domínio do conhecimento que exprime. Confessamos que tanto nossa finitude quanto nossa pecaminosidade impedem a possibilidade de conhecer exaustivamente a verdade de Deus, mas afirmamos que, iluminados pelo Espírito de Deus, podemos conhecer verdadeiramente a verdade revelada de Deus. A Bíblia deve ser crida, como a instrução de Deus, em tudo o que ela ensina; obedecida, como mandamentos de Deus, em tudo o que requer; e confiada, como penhor de Deus, em tudo o que promete. À medida que o povo de Deus ouve, crê e obedece à Palavra, ele é equipado como discípulos de Cristo e testemunhas ao evangelho.
3. Criação da humanidade. Cremos que Deus criou os seres humanos, macho e fêmea, à sua própria imagem. Adão e Eva pertenciam à ordem criada que o próprio Deus declarou ser muito boa, servindo como agentes de Deus cuidando, gerenciando e governando sobre a criação, vivendo em santa e dedicada comunhão com seu Criador. Homens e mulheres, igualmente criados à imagem de Deus, gozam igual acesso a Deus pela fé em Cristo Jesus e são chamados, ambos, a se moverem além da autoindulgência passiva para um envolvimento significante privado e público na família, igreja e vida cívica. Adão e Eva foram feitos para complementar um ao outro em uma união de uma só carne, que estabelece o único padrão normativo de relações sexuais para homens e mulheres, de forma que o casamento sirva como um tipo da união entre Cristo e sua igreja. Nos sábios propósitos de Deus, homens e mulheres não são simplesmente intercambiáveis, mas sim, eles se complementam de formas mutuamente enriquecedoras. Deus ordena que eles assumam papéis distintos que refletem o relacionamento de amor entre Cristo e a igreja, o marido exercendo papel de cabeça, de maneira a demonstrar o amor carinhoso e sacrificial de Cristo e a esposa se submetendo ao seu esposo, de maneira a mostrar o amor da igreja por seu Senhor. No ministério da igreja, ambos, homens e mulheres, são encorajados a servir a Cristo e a desenvolver todo seu pleno potencial nos múltiplos ministérios do povo de Deus. O papel distinto de liderança dentro da igreja, que é dado a homens qualificados, é fundamentado na criação, queda e redenção, não devendo ser desviado por apelos a desenvolvimentos culturais.
4. A Queda. Cremos que Adão, feito à imagem de Deus, distorceu essa imagem e perdeu a sua bendição original — para si e toda sua descendência — ao cair em pecado pela tentação de Satanás. Como resultado, todos os seres humanos estão alienados de Deus, corrompidos em todo aspecto de seu ser (isto é, fisicamente, mentalmente, volitivamente, emocionalmente, espiritualmente) e condenados, final e irrevogavelmente, à morte — a não ser pela intervenção graciosa do próprio Deus. A necessidade suprema de todo ser humano é ser reconciliado ao Deus sob cuja justa e santa ira nos encontramos; a única esperança de todo ser humano está no amor imerecido deste mesmo Deus, o qual unicamente pode nos resgatar e restaurar para si.
5. O Plano de Deus. Cremos que desde toda a eternidade Deus determinou, em sua graça, salvar uma grande multidão de pecadores culpados, vindos de toda tribo, língua e nações, e com este fim os conheceu e escolheu. Cremos que Deus justifica e santifica aqueles que, por sua graça, têm fé em Jesus, e que um dia ele os glorificará — tudo para o louvor de sua gloriosa graça. Em amor, Deus ordena e suplica que todas as pessoas se arrependam e creiam, tendo posto esse amor salvífico sobre aqueles que escolheu e tendo ordenado a Cristo como redentor deles.
6. O Evangelho. Cremos ser o evangelho as boas novas de Jesus Cristo — a própria sabedoria de Deus. Completa loucura para o mundo, ainda que seja o poder de Deus para aqueles que estão sendo salvos, essas boas novas são cristológicas, centradas na cruz e na ressurreição: o evangelho não é proclamado se Cristo não for proclamado, e o Cristo autêntico não terá sido proclamado se sua morte e ressurreição não forem centrais (a mensagem é: “Cristo morreu pelos nossos pecados… e ressuscitou”). Essa boa nova é bíblica (sua morte e ressurreição são de acordo com as Escrituras), teológica e salvífica (Cristo morreu pelos nossos pecados para nos reconciliar com Deus), histórica (se os eventos salvadores não tivessem acontecido, nossa fé seria vã, ainda estaríamos em nossos pecados e seríamos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão), apostólica (a mensagem foi confiada aos apóstolos e transmitida por eles que eram testemunhas desses eventos salvíficos) e intensamente pessoal (quando ela é recebida, crida e firmemente retida, pessoas são individualmente salvas).
7. A Redenção de Cristo. Cremos que, movido pelo amor e em obediência ao Pai, o Filho eterno tornou-se humano: o Verbo se encarnou, plenamente Deus e plenamente ser humano, uma Pessoa em duas naturezas. O homem Jesus, o Messias prometido de Israel, foi concebido pela milagrosa atuação do Espírito Santo e nasceu da virgem Maria. Ele obedeceu perfeitamente ao seu Pai celestial, viveu uma vida sem pecado, realizou sinais e milagres, foi crucificado sob Pôncio Pilatos, ressuscitou corporalmente da morte ao terceiro dia e ascendeu ao céu. Como Rei mediador, ele está assentado à destra de Deus Pai, exercendo no céu e na terra toda a soberania de Deus, e é nosso Sumo Sacerdote e justo Advogado. Cremos que por sua encarnação, vida, morte, ressurreição e ascensão, Jesus Cristo agiu como nosso representante e substituto. Ele o fez para que nele fôssemos feitos justiça de Deus: na cruz ele cancelou o pecado, propiciou a Deu, e, carregando toda a penalidade de nossos pecados, reconciliou com Deus todos os que creem. Por sua ressurreição, Cristo Jesus foi vindicado por seu Pai, quebrou o poder da morte e venceu Satanás, que anteriormente tinha poder sobre ela, e trouxe vida eterna a todo seu povo; por sua ascensão, ele foi para sempre exaltado como Senhor e nos preparou um lugar para estarmos junto dele. Cremos que a salvação está em nenhum outro, porque não há nenhum outro nome dado debaixo do céu pelo qual sejamos salvos. Porque Deus escolheu as coisas humildes deste mundo, as desprezadas, as coisas que não são, para anular as coisas que são, nenhum ser humano poderá se vangloriar diante dele — Cristo Jesus tornou-se para nós sabedoria de Deus, ou seja, nossa justiça, retidão, santidade e redenção.
8. A Justificação de Pecadores. Cremos que Cristo, por sua obediência e morte, pagou plenamente a dívida de todos aqueles que são por ele justificados. Pelo seu sacrifício, ele carregou em nosso lugar o castigo que era devido por nossos pecados, satisfazendo própria, real e plenamente a justiça de Deus por nós. Por sua perfeita obediência, ele satisfez as justas exigências de Deus em nosso favor, uma vez que pela fé somente essa perfeita obediência é creditada a todos os que confiam somente em Cristo para sua aceitação diante de Deus. Como, livremente e não por alguma coisa que houvesse em nós, Cristo foi dado em nosso favor pelo Pai e sua obediência e castigo foram aceitos no lugar da nossa obediência e castigo, esta justificação é somente pela livre graça, a fim de que tanto a exata justiça quanto a rica graça de Deus sejam glorificadas na justificação dos pecadores. Cremos que um zelo por obediência pessoal e pública flui dessa livre justificação.
9. O Poder do Espírito Santo. Cremos que esta salvação, atestada em toda a Escritura e assegurada por Jesus Cristo, é aplicada ao seu povo pelo Espírito Santo. Enviado pelo Pai e pelo Filho, o Espírito Santo glorifica o Senhor Jesus Cristo, e, como outro paracleto, está presente em e com aqueles que creem. Ele convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo e, por sua obra poderosa e misteriosa, regenera pecadores espiritualmente mortos, despertando-os para o arrependimento e a fé e nele são batizados em união com o Senhor Jesus, de modo tal que são justificados diante de Deus pela graça somente, pela fé somente, em Jesus Cristo somente. Pela agência do Espírito, os crentes são renovados, santificados e adotados na família de Deus, participam da natureza divina e recebem os seus dons que são soberanamente distribuídos. O próprio Espírito Santo é o penhor da herança prometida e, nesta presente era, habita, dirige, guia, instrui, equipa, renova e capacita os crentes para viverem e servirem como Cristo.
10. O Reino de Deus. Cremos que aqueles que foram salvos pela graça de Deus mediante a união com Cristo, pela fé e pela regeneração do Espírito Santo, entram no reino de Deus e desfrutam das bênçãos da nova aliança: o perdão dos pecados, a transformação interior que desperta um desejo por glorificar, confiar e obedecer a Deus, e o prospecto da glória que ainda será revelada. As boas obras constituem evidência indispensável da graça salvadora. Vivendo como sal em um mundo que se deteriora e luz em um mundo escuro, os crentes jamais deverão se afastar em reclusão do mundo nem se tornar indistinguíveis dele; pelo contrário, devemos fazer o bem à cidade, para que a glória e honra das nações sejam oferecidas ao Deus vivo. Em reconhecimento a quem pertence esta ordem criada e porque somos cidadãos do reino de Deus, devemos amar nosso próximo como amamos a nós mesmos, fazendo o bem a todos, especialmente aos que pertencem à família de Deus. O reino de Deus, já presente, mas ainda não plenamente realizado, é o exercício da soberania de Deus no mundo em direção à eventual redenção de toda a criação. O reino de Deus é um poder invasivo que despoja o tenebroso reino de Satanás e regenera e renova, mediante arrependimento e fé, a vida dos indivíduos resgatados daquele reino. Portanto, ele inevitavelmente estabelece uma nova comunidade de seres humanos que estão juntos debaixo de Deus.
11. O novo povo de Deus. Cremos que o povo da nova aliança de Deus já veio à Jerusalém celestial; já está assentado com Cristo nos lugares celestiais. Essa igreja universal se manifesta em igrejas locais das quais Cristo é a única cabeça; assim, cada “igreja local” é, de fato, a igreja, a casa de Deus, assembleia do Deus vivo e coluna e fundamento da verdade. A igreja é o corpo de Cristo, a menina dos seus olhos, está gravada em suas mãos e ele se comprometeu a ela para sempre. A igreja é distinguida por sua mensagem do evangelho, suas sagradas ordenanças, sua disciplina, sua grande missão e, acima de tudo, por seu amor a Deus e pelo amor de seus membros uns pelos outros e pelo mundo. De modo crucial, esse evangelho que amamos possui dimensões pessoais e também corporativas, sendo que nenhuma delas deve ser ignorada. Cristo Jesus é nossa paz: ele não somente trouxe paz com Deus, como também paz entre povos antes alienados. Seu propósito era criar em si uma nova humanidade, fazendo a paz, e reconciliar ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade. A igreja serve de sinal do futuro novo mundo de Deus, quando seus membros vivem em serviço uns pelos outros e pelo próximo, em vez de viverem focados em si mesmo. A igreja é a habitação corporativa do Espírito de Deus e a testemunha contínua de Deus no mundo.
12. Batismo e Ceia do Senhor. Cremos que o batismo e a Ceia do Senhor são ordenados pelo próprio Senhor Jesus. O primeiro está ligado à entrada na comunidade da nova aliança e o segundo, à renovação contínua da aliança. Juntos são simultaneamente o penhor de Deus a nós, meios de graça divinamente ordenados, nosso voto público de submissão ao Cristo uma vez crucificado e agora ressurreto e a antecipação de sua volta e da consumação de todas as coisas.
13. A Restauração de todas as coisas. Cremos na volta pessoal, gloriosa e corporal de nosso Senhor Jesus Cristo com seus santos anjos, quando ele exercerá seu papel final de Juiz e seu reino será consumado. Cremos na ressurreição do corpo de ambos, justos e injustos — os injustos para o juízo e castigo eterno e consciente no inferno, como ensinou o próprio Senhor, e os justos para a bendição eterna na presença daquele que está assentado no trono e do Cordeiro, em novo céu e nova terra, habitação de justiça. Naquele dia, a igreja será apresentada sem mácula diante de Deus pela obediência, sofrimento e triunfo de Cristo, todo pecado será purgado e seus efeitos nefastos banidos para sempre. Deus será tudo em todos e seu povo será envolvido por sua imediata e inefável santidade, e tudo será para o louvor de sua gloriosa graça.
Esta declaração de fé foi traduzida da declaração confessional do ministério The Gospel Coalition. Se você deseja entender melhor qualquer um de seus pontos consulte o livro O Evangelho no Centro (e-book).
Afirmações e Negações
1. Afirmamos que a única autoridade para a igreja é a Bíblia, inspirada verbalmente, inerrante, infalível e totalmente suficiente e digna de confiança.
Negamos que a Bíblia seja um mero testemunho da revelação divina, ou que qualquer porção da Escritura seja marcada por erro ou pelos efeitos da pecaminosidade humana. Também negamos que qualquer pessoa possa trazer qualquer nova revelação doutrinária ao povo de Deus.
2. Afirmamos que a autoridade e suficiência da Escritura se estendem a toda a Bíblia, e que, portanto, a Bíblia é a nossa autoridade final para toda doutrina e prática.
Negamos que qualquer parte da Bíblia deva ser usada para negar a veracidade e a confiabilidade de qualquer outra parte. Negamos também qualquer esforço para identificar um cânon dentro do cânon ou, por exemplo, para colocar as palavras de Jesus em oposição aos escritos de Paulo.
3. Afirmamos que a verdade é sempre um tema central para a igreja, e que esta tem de resistir à sedução do pragmatismo e das concepções pós-modernas da verdade como substitutos da obediência às reivindicações abrangentes da Escritura.
Negamos que a verdade seja meramente um produto de construção social, ou que a verdade do evangelho possa ser expressa ou fundamentada em qualquer outra coisa que não seja a confiança plena na veracidade da Bíblia, na historicidade dos acontecimentos bíblicos e na capacidade de sua linguagem para transmitir a verdade compreensível em forma proposicional. Também negamos que a igreja possa estabelecer seu ministério por meio do pragmatismo, de técnicas de marketing atuais ou das modas culturais contemporâneas.
4. Afirmamos a centralidade da pregação expositiva na igreja e a necessidade urgente de uma restauração da exposição bíblica e da leitura pública da Escritura no culto.
Negamos que a adoração que honra a Deus marginalize ou negligencie o ministério da Palavra, quando manifestada por meio da exposição e da leitura pública. Além disso, negamos que uma igreja destituída de verdadeira pregação bíblica possa sobreviver como igreja evangélica.
5. Afirmamos que a Bíblia revela Deus como um ser infinito em todas as suas perfeições e, por consequência, verdadeiramente onisciente, onipotente, atemporal e auto-existente. Também afirmamos que Deus possui conhecimento perfeito de todas as coisas, passadas, presentes e futuras, incluindo os pensamentos, atos e decisões humanas.
Negamos que o Deus da Bíblia seja, de algum modo, limitado em termos de conhecimento e poder ou qualquer outra perfeição ou atributo; ou que ele tenha, de algum modo, limitado suas próprias perfeições.
6. Afirmamos que a doutrina da Trindade é uma doutrina cristã essencial, que dá testemunho da realidade ontológica do único Deus verdadeiro em três pessoas divinas: Pai, Filho e Espírito Santo, possuindo cada uma delas a mesma substância e perfeições.
Negamos a afirmação de que a Trindade não é uma doutrina essencial, ou que a Trindade possa ser entendida em categorias meramente funcionais e administrativas.
7. Afirmamos que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, em união perfeita, pura e inconfundível durante toda a sua encarnação e, agora, por toda a eternidade. Também afirmamos que Cristo morreu na cruz como substituto de pecadores, sacrifício pelo pecado e propiciação da ira de Deus para com pecadores. Afirmamos a morte, o sepultamento e a ressurreição corporal de Cristo como essenciais ao evangelho. Afirmamos também que Jesus Cristo é Senhor sobre sua igreja e que ele reinará sobre todo o cosmos em cumprimento ao propósito gracioso do Pai.
Negamos que o caráter vicário da expiação de Cristo pelo pecado possa ser comprometido sem incorrer em prejuízo sério ao evangelho ou negado sem se repudiar o evangelho. Além disso, negamos que Jesus Cristo seja visível somente em fraqueza e não em poder, senhorio ou reino real, ou, em termos contrários, que Cristo seja visível somente em poder e nunca em fraqueza.
8. Afirmamos que a salvação é inteiramente pela graça, e que o evangelho nos é revelado em doutrinas que exaltam fielmente o soberano propósito de Deus de salvar pecadores, e em sua determinação de salvar seu povo redimido somente pela graça, somente mediante a fé, somente em Cristo, somente para a sua glória.
Negamos que possa ser considerada doutrina verdadeira qualquer ensino, sistema teológico ou meio de apresentar o evangelho que negue a centralidade da graça de Deus em Cristo como seu dom imerecido para pecadores.
9. Afirmamos que, desde toda a eternidade, Deus determinou, em sua graça, salvar uma grande multidão de pecadores culpados, vindos de toda tribo e língua, nações e povos, e com este fim os conheceu e escolheu. Cremos que Deus justifica e santifica aqueles que, por sua graça, têm fé em Jesus, e que um dia ele os glorificará — tudo para o louvor de sua gloriosa graça.
Negamos que a eleição divina seja baseada meramente na previsão de uma resposta positiva do homem ao evangelho. Também negamos que o homem possa, sem a regeneração do Espírito, crer em Cristo e se arrepender dos seus pecados por si mesmo.
10. Afirmamos que o evangelho de Jesus Cristo é o meio que Deus usa para trazer salvação ao seu povo; que ele ordena aos pecadores que creiam no evangelho; e que a igreja é comissionada a pregar e a ensinar o evangelho a todas as nações.
Negamos que a evangelização possa ser reduzida a qualquer programa, técnica ou abordagem de marketing. Também negamos que a salvação possa ser separada do arrependimento para com Deus e da fé em nosso Senhor Jesus Cristo.
11. Afirmamos que a salvação é dada àqueles que creem verdadeiramente em Jesus Cristo e confessam que ele é Senhor.
Negamos que haja salvação em qualquer outro nome, ou que a fé salvadora possa assumir outra forma, exceto a de crença consciente no Senhor Jesus Cristo e em seus atos salvadores.
12. Afirmamos a continuidade do propósito salvador de Deus e da unidade cristológica das alianças. Também afirmamos uma distinção básica entre a lei e a graça, e que o verdadeiro evangelho exalta a obra expiatória de Cristo como o cumprimento perfeito e consumado da lei.
Negamos que a Bíblia apresente qualquer outro meio de salvação, exceto a graciosa aceitação de pecadores, em Cristo, por parte de Deus.
13. Afirmamos que pecadores são justificados somente pela fé em Cristo, e que a justificação somente pela fé é tanto essencial como central ao evangelho.
Negamos que qualquer ensino que minimiza, confunde ou rejeita a justificação somente pela fé possa ser considerado fiel ao evangelho. Além disso, negamos que qualquer ensino que separa a regeneração e a fé seja uma verdadeira interpretação do evangelho.
14. Afirmamos que a justiça de Cristo é imputada aos crentes somente pelo decreto de Deus, e que essa justiça, imputada ao crente somente pela fé, é a única justiça que justifica.
Negamos que essa justiça seja obtida por esforço ou merecida em alguma maneira, seja infundida no crente em qualquer grau, ou seja realizada no crente por meio de qualquer outra coisa, exceto a fé.
15. Afirmamos que o Espírito Santo convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo, e que, por sua obra poderosa e misteriosa, regenera os pecadores que eram espiritualmente mortos, despertando-os para arrependimento e fé. Afirmamos que, pela agência do Espírito, os crentes são renovados, santificados, adotados na família de Deus e recebem os seus dons que são soberanamente distribuídos.
Negamos que o Espírito Santo seja somente uma força ou que esteja sujeito aos imperativos humanos. Negamos que ele levante, hoje, apóstolos como os doze e Paulo, e que os dons extraordinários de revelação dados no Pentecoste possam ser reivindicados automaticamente ou exigidos como prova decisiva do poder de Deus em operação hoje. Negamos que a verdadeira obra do Espírito aconteça sem apontar e exaltar a Cristo. Além disso, negamos que haja qualquer cristão verdadeiro que não possua o Espírito Santo.
16. Afirmamos que o sofrimento é uma experiência comum aos homens depois da Queda, inclusive para cristãos. Entretanto, afirmamos que Deus governa soberanamente todas as coisas e faz com que todas as coisas contribuam para o bem de seus filhos, a fim de que cresçam em conformidade à imagem de Cristo.
Negamos que Deus prometeu a todos os seus filhos uma vida de saúde e riqueza plenas nesta terra, ou ainda que possamos obrigá-lo a nos abençoar através de atos de fé ou contribuições financeiras. Negamos que todo cristão que sofre está necessariamente em pecado ou possua pouca fé, bem como negamos que ser mais que vencedor implique em não passar por provações. Ademais, negamos que exercer fé seja decretar nossa vitória ou chamar à existência nossa bênção.
17. Afirmamos que a forma do discipulado cristão é congregacional, e que o propósito de Deus é evidente em congregações evangélicas fiéis, demonstrando cada uma delas a glória de Deus nas marcas eclesiológicas autênticas. Além disso, negamos que a Ceia do Senhor possa ser ministrada responsavelmente sem a prática correta da disciplina eclesiástica.
Negamos que qualquer cristão possa ser verdadeiramente um discípulo fiel sem o ensino, a disciplina, a comunhão e a responsabilidade de uma congregação de discípulos, organizada como igreja evangélica.
18. Afirmamos que as igrejas evangélicas devem trabalhar juntas em cooperação humilde e voluntária. Afirmamos também que a comunhão espiritual das congregações evangélicas oferece testemunho da unidade da igreja e da glória de Deus.
Negamos que a lealdade a qualquer denominação ou comunhão eclesial possa preceder às reivindicações da verdade e à fidelidade ao evangelho.
19. Afirmamos que a Escritura revela um padrão de ordem complementar entre homens e mulheres, e que essa ordem é, em si mesma, um testemunho do evangelho, visto que é um dom de nosso Criador e Redentor. Também afirmamos que todos os cristãos são chamados a servir no corpo de Cristo, e que Deus outorgou tanto a homens como a mulheres papéis importantes e estratégicos no lar, na igreja e na sociedade. Além disso, afirmamos que o ofício de ensino na igreja é atribuído somente àqueles homens que são chamados por Deus em cumprimento aos ensinos bíblicos. Afirmamos, igualmente, que os homens devem liderar seu lar como maridos e pais que temem e amam a Deus.
Negamos que a distinção de papéis entre homens e mulheres, revelada na Bíblia, seja evidência de mero condicionamento cultural, ou uma manifestação de opressão masculina, ou preconceito contra as mulheres. Também negamos que essa distinção bíblica dos papéis exclui as mulheres de ministrar significativamente no reino de Cristo. Além disso, negamos que qualquer igreja possa confundir esses assuntos sem prejudicar seu testemunho do evangelho.
20. Afirmamos que Deus chama seu povo a revelar sua glória na reconciliação de nações na igreja, e que o prazer de Deus nessa reconciliação é evidente no ajuntamento de crentes de toda língua, tribo, povo e nação.
Negamos que qualquer igreja possa aceitar o preconceito, a discriminação ou a divisão racial, pois isto seria trair o evangelho.
21. Afirmamos que nossa única esperança segura e inabalável está nas promessas certas e firmes de Deus. Portanto, nossa esperança é uma esperança escatológica, fundamentada em nossa confiança de que Deus trará todas as coisas à consumação, de um modo que resultará em maior glória ao seu próprio nome, maior proeminência ao seu Filho e maior regozijo para o seu povo redimido.
Negamos que devemos achar neste mundo nossa realização e felicidade, ou que o propósito crucial de Deus para nós é apenas acharmos uma vida mais significativa e satisfatória neste mundo caído. Além disso, negamos que qualquer ensino que ofereça saúde e riqueza nesta vida, como promessas garantidas por Deus, possa ser considerado um evangelho verdadeiro.
Este texto foi adaptado das Afirmações e Negações do ministério Together for the Gospel e contextualizada para as nossas necessidades no Brasil.