O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro Ataques de Ansiedade e Pânico, de Jocelyn Wallace, de Jocelyn Wallace, Série Aconselhamento, Editora Fiel.
Ataques de ansiedade e pânico
Bryan teve de descobrir como manter seu chefe, George, feliz. George parecia evitá-lo e, quando Ryan o via, George parecia irritado com tudo que Ryan fazia. George estava sempre perguntando por que projetos não eram concluídos mais cedo e, então, empilhava mais trabalho ainda. Faltando apenas dois meses para o Natal, Ryan não podia perder esse emprego. Ele pensou: Como Cheryl e eu poderemos comprar os presentes de Natal? Sem o meu emprego, certamente perderíamos nossa casa. Como Cheryl e as crianças lidariam com isso? Será que meu casamento sobreviveria a isso?
Ryan não poderia deixar tudo isso acontecer – ele tinha de segurar esse emprego. Freneticamente, revisou todo o seu trabalho – relendo cada e-mail que seu chefe lhe enviara no mês anterior. Passou o resto do dia tentando trabalhar – e se preocupando com tudo que poderia dar errado. E se meu chefe não estiver contente com os relatórios que preparei para aquela reunião importante na semana passada? E se eu cometi algum erro de cálculo? E se, no final das contas, meu erro custar à empresa milhares de dólares? E se eu for demitido por causa desse erro?
No final do dia, quando chegou em casa, ele estava exausto. Sua cabeça o estava matando, seus músculos estavam rígidos e ele mal conseguia concentrar-se no jantar com a família. Cheryl perguntou qual era o problema, mas ele se limitou a dizer que tivera um dia difícil no trabalho. Sua mente estava girando de ansiedade e ele imaginava quanta pressão ainda seria capaz de suportar. Tentar manter seu chefe feliz — aquele homem difícil de agradar — o estava pressionando ao limite.
* * *
Mia engoliu o nó na garganta e se preparou. Ela sabia o que vinha pela frente. Aprendera a lidar com esses episódios sozinha em casa, mas agora ela estava bem no meio do mercado. Seu coração estava começando a acelerar e ela estava tendo dificuldade para respirar. Sua mente também estava a mil e, além do mais, a visão estava ficando embaçada. Ela tentou empurrar o carrinho rapidamente para o caixa e sair da loja antes que a situação se agravasse. No entanto, quanto mais ela caminhava, mais sentia como se o mundo estivesse se fechando sobre ela. Estava com muito medo e nem ao menos sabia por quê. Ela se sentia tonta. Seu coração estava palpitando e seus dedos começaram a formigar. Ela se perguntou se estava morrendo, tendo um ataque cardíaco ou ficando louca.
Ela sabia que não conseguiria passar pelo caixa, por isso correu até os fundos do mercado o mais rápido que pôde. Nesse momento, ela mal conseguia respirar. Estava vendo estrelas. Não conseguia sentir as mãos nem os pés, e sabia que, em três segundos, iria começar a vomitar. Chegou ao banheiro bem na hora. Em seguida, sentou no chão, apoiou a cabeça nos braços e chorou. Ela pensou: Qual é o problema comigo? Por que estou tão confusa? O que está me deixando tão perturbada? Ficou lá sentada e chorando por quinze minutos, então levantou-se lentamente, deixou seu carrinho, arrastou-se até o carro e foi dirigindo para casa. Uma vez em casa, rastejou até a cama e dormiu por três horas. Ela não podia continuar vivendo desse jeito. No entanto, como seria possível controlar a sensação de pânico?
De onde vêm a ansiedade e o pânico?
Talvez você se identifique com Ryan e Mia, sentindo um medo que enche a sua mente ou ainda passando pela experiência assustadora de um ataque de pânico em escala real. Sofrer de ansiedade e pânico pode dar a sensação de incapacidade. As emoções de medo e pânico são bem reais, bem fortes e, aparentemente, impossíveis de explicar. Ansiedade e pânico parecem sair do nada. Você nem sabe o que está pensando e, de repente, entra em pânico.
O problema é pequeno no início, mas, sem tratamento, a ansiedade e o pânico podem afetar toda a sua vida. Você pode sentir que está ficando com medo de ter medo. Pode começar a se preocupar se um problema raro de saúde estaria causando tantos sintomas físicos estranhos.
Antes de resolver o problema de lidar com sua ansiedade, é importante entender o que são ataques de pânico e como afetam o corpo humano normal. A ansiedade é definida como “um estado de apreensão intensa, incerteza e medo, resultante da antecipação de um evento ou situação ameaçadora, numa intensidade tal que interrompe o funcionamento normal das funções físicas e psicológicas”.
Isso é um pouco esquisito, mas, basicamente, significa que você está tão receoso e apreensivo de que algo ruim aconteça que isso acaba por afetá-lo fisicamente. Algumas vezes, a ansiedade pode estar ligada a um pensamento ou uma situação em especial. Outras vezes, pode não ter uma conexão clara com algo que está acontecendo em sua vida. Enquanto pensamentos de ansiedade se acumulam e se desenvolvem na sua mente, você pode sentir-se paralisado (sem saber o que fazer, ou como lidar com a situação, pensamentos e sentimentos assustadores que enchem sua mente). Enquanto os pensamentos de ansiedade tornam-se cada vez maiores, os possíveis resultados negativos ficam mais e mais perigosos. Pouco tempo depois, você se vê entrando em pânico porque não há solução para todos os perigos em potencial criados por sua mente. Isso soa familiar?
Quando começamos a entrar em pânico, os hormônios do estresse são liberados e desencadeiam processos físicos normais que também podem resultar numa sensação física de incapacidade. Deus equipou maravilhosamente o corpo humano para lidar com a vida. No caso de uma situação de perigo cruzar nosso caminho, nossos corpos são projetados para avaliar a situação e preparar-se quase imediatamente para lutar ou fugir do perigo.
Em média, o corpo humano, quando em funcionamento normal, pode ser estimulado pelo sistema nervoso a estar pronto em segundos para lidar com uma situação de emergência. Quando está ansioso e experimentando apreensão, seu corpo pode começar a responder fisicamente a sensações aumentadas de perigo. Sua mente conclui que há uma ameaça real que deve ser afastada, mas seu corpo não consegue entender o que é, pois, fisicamente, não há algo na sua frente chamando a atenção. Sua mente acredita que existe algum perigo iminente e seu corpo não é capaz de entender do que se trata, ou como lidar com isso, então fica paralisado e experimenta a reação física de funcionamento normal do sistema nervoso quando está preparado e aparelhado para escapar de uma grande ameaça. Em casos tais, a resposta física plena é chamada de “ataque de pânico”.
Um ataque de pânico é definido como “um período discreto de medo ou desconforto intenso, no qual quatro (ou mais) dos sintomas a seguir desenvolvem-se abruptamente e atingem o pico em dez minutos:
• Palpitações e taquicardia;
• Sudorese;
• Tremores e agitação;
• Sensação de falta de ar e sufocamento;
• Sensação de asfixia;
• Dor e/ou desconforto no peito;
• Náusea e desconforto abdominal;
• Tontura, vertigem e desmaio;
• ‘Desrealização’ (sensação de irrealidade) ou despersonalização (separação de si mesmo);
• Medo de perder o controle e enlouquecer;
• Medo de morrer;
• Parestesia (adormecimento e formigamento);
• Ondas de calor e calafrios.”
Foi isso que Mia experimentou quando estava no mercado, deixando-a exausta e constrangida. Ela não tinha certeza do que exatamente havia causado o ataque de pânico porque se acostumara a pensar a esse respeito de maneira receosa. Na verdade, um pensamento breve e, à primeira vista, inofensivo sobre qual seria o valor das compras rapidamente desenrolou-se em uma preocupação ilógica de que ficaria sem dinheiro, perderia a casa e, finalmente, iria à falência, o que era um dos maiores medos dela. Sempre que começava a pensar em dinheiro, medos intensos de não ser capaz de cuidar de si mesma resultavam numa experiência de dor física. Quando estava no mercado, o processo de pensamentos de ansiedade aconteceu tão rápido que ela não conseguiu rastrear de onde o medo vinha até conseguir acalmar-se.
Ryan não experimentava o mesmo tipo de reação física de Mia, mas a ansiedade em relação ao trabalho provocava nele respostas físicas e de relacionamento também. Assim como Mia, o ciclo de ansiedade dele começava com um pensamento disperso sobre o que poderia acontecer no futuro (ser demitido pelo chefe exigente) e desenrolava-se em uma frenética e, no final das contas, infrutífera atividade que o deixava física e emocionalmente exausto. Ele fica frustrado por causa de seus medos, porém não consegue imaginar uma forma de se livrar da ansiedade e, assim, ser grato por ter um trabalho e alegrar-se com sua família.
A cura de Deus para a ansiedade
É correto dizer que Deus entende a ansiedade quando lemos na Bíblia que ela abate o coração (Pv 12.25). Ao enfrentar a ansiedade, você se sente abatido. Tudo parece pesado, opressivo, incompreensível e incontrolável. Essa é uma descrição precisa de como é viver sem um relacionamento com Deus. Nós não somos todo-poderosos. Não somos oniscientes. Sem Deus, nossa vida é assustadora e fora de controle, pois vivemos em um mundo no qual coisas ruins podem acontecer — e acontecem. Felizmente, Deus projetou a cura perfeita para a ansiedade. Em Cristo, há um lugar seguro para onde trazer seus medos e preocupações. Cristo pagou pelos pecados que separavam você de Deus e tornou possível que “acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4.16). Quando você confia em Jesus para receber perdão, torna-se um filho muito amado de Deus (Ef 5.1). Agora, todas as promessas na Bíblia sobre como Deus cuida de seus filhos são suas promessas. O mundo ainda pode ser um lugar assustador, mas, quando você reconhece Deus como seu Pai celestial e Jesus como seu Salvador, pode ter certeza de que, custe o que custar, você será capaz de ir a Deus para obter consolo, ajuda e proteção, e ele nunca o abandonará.
Com frequência, quando o medo se transforma em ansiedade, nós chegamos à conclusão de que Deus ou não é bom o suficiente ou não é poderoso o bastante para impedir que algo que, em última instância, vai nos ferir aconteça. Em muitas situações, quando nos vemos ansiosos, é porque decidimos que a única pessoa em quem podemos confiar para nos manter seguros somos nós mesmos. Por fim, esses pensamentos idealizam Deus como alguém que está dissociado de nós e não trabalha para o nosso bem. Mas conhecer Jesus como Salvador impede que você se desligue de Deus em meio aos seus medos. A cruz de Cristo prova que Deus é todo-amoroso. Ele deu a vida por você. A ressurreição mostra que Deus é Todo-poderoso — ele derrotou a morte. Então, quando se sentir ansioso e com medo, em vez de tentar lutar contra seus pensamentos temerosos sozinho, volte-se para Jesus. Você descobrirá que ele é completamente confiável.