Nossas crianças possuem ferramentas natas para agirem conforme suas mentes e corações mandarem. Nem sempre estas reações e atitudes vão de acordo com o que os pais esperam, principalmente na vida social cristã.
Mas o que nós, que somos pais, esperamos?
Esperamos que nossos filhos saibam, em um passe de mágica, sem muitas repetições, tudo o que parece ser tão óbvio e natural para vivermos bem em todos os âmbitos da nossa vida!
Aprendemos, com o passar do tempo, a linha tênue entre o que é seguro ou perigoso, temos a receita, está pronta, é só seguir. Tentamos, com nossa experiência, blindar nossos filhos para que não passem pelo que passamos para aprenderem… ledo engano!
Treinamos para que a criança passe do peito para a mamadeira, e depois para o prato. Treinamos para que ela use o vaso sanitário, treinamos para que ela se vista, treinamos as primeiras palavras, balbuciando sons que, para nossa idade, parecem tão engraçados. No entanto, deixamos, ou não acreditamos, que uma vida de qualidade, seja em relacionamentos com amigos, ou na vida cristã, também precisa ser treinada, e vai além do usual “por favor”, “obrigado” e “desculpe”. Uso o termo treinar como uma ação repetida da educação inicial. Portanto, treinar é educar de maneira repetida, continuada, como se faz com um atleta.
Para alguns pais, certos lugares são uma verdadeira tortura:
Festas de aniversários: Alguns pais fazem da festa um ambiente para a disciplina e promessas: “nunca mais te trago em uma festa” ou “quando chegar em casa…”. Mercados e lojas de brinquedos: Ir nesses lugares é um bom exercício para que os pais treinem domínio próprio, pois nessas situações podem sempre ver aqueles pequenos corpinhos se retorcendo com uma crise de B.I.R.R.A. (Braços Irados Repuxados Revoltando Adultos) para conseguirem o produto que viram na TV. Ou, quem sabe, em lugares abertos, onde as crianças se comportam como bichinhos em cativeiros que, quando se veem livres, correm sem rumo e sem noção dos perigos, fazendo dos gritos dos pais uma suave e indiferente música aos ouvidos.
Mas qual a receita? Como compreender e ser compreendido?
“Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti.” (2Tm 1.5).
Eunice e Lóide eram modelos, sabiam o que queriam com Timóteo. Um treinador só pode ensinar se ele entende e domina o que quer transmitir. Eunice e Lóide inculcaram a Palavra a Timóteo. O ato de inculcar exige treino, gotas pedagógicas todos os dias.
Mas como treinar esses pequenos que, a cada dia, possuem mais informações à frente do tempo cronológico? Como treinar crianças que não sabem ler, mas destravam todo tipo de senha de objetos eletrônicos? A verdade é que treinamos, mesmo “inconscientemente”, como uma maneira natural da vida moderna.
Treinamos para quê? Somente para que tenhamos crianças que atendam a comandos na hora certa e que mostrem aos que estão ao lado que foi bem ensinada?
Bom, isso realmente soma pontos na sociedade, chamamos isso de pessoas que tiveram “berço”. Ninguém gosta de estar ao lado de crianças que gritam e destroem tudo.
Mas há mais motivos para um bom treino que vão além da sociedade, e que valem muito para o mundo cristão: crianças bem treinadas e direcionadas são facilmente servos de Cristo. Por quê?
Porque são acostumadas, desde cedo, a dominar sua própria vontade e sentem prazer em fazer o que é bom, pois foram apresentadas e convencidas de que há alguém maior que elas, maior que papai e mamãe. Este ser maior é o Senhor Jesus.
Seria pesado demais se esse convencer viesse de nós. Ainda bem que quem convence é o Espirito Santo, e nós apenas “construímos” um ambiente de amor, bons exemplos e bases sólidas cristãs inegociáveis, para que Ele possa nos usar como instrumentos e agir no coração dos nossos filhos.
Ninguém disse que nossa missão seria fácil, mas existem 05 passos que podem facilitar um treinamento eficaz para que todos da família tenham qualidade de vida:
1º – Não trabalhe sozinho. Acione Deus: Se nós queremos que nossos filhos tenham atitudes parecidas com as de Jesus, devemos orar e pedir sabedoria, criatividade, paciência e tempo de qualidade com nossos filhos.
2º – Escreva quais são as reais necessidades de seu filho, o que você sente que poderia ser trabalhado, seja na vida social ou espiritual. Se for social, brinque, brinque e brinque nas situações como festa, parque, família e etc. Nestas brincadeiras, mostre a ele como deve agir e comportar-se. Se for espiritual, o culto doméstico faz a diferença, pois é o contato diário com a Palavra.
3º – Seja amigo, escute seu filho, deixe que ele fale o que está sentindo. Se ele fala pouco, uma boa maneira de fazer com que ele se expresse é a brincadeira do limão e do brigadeiro. No fim do dia, no carro ou em casa, pergunte o que foi limão e o que foi brigadeiro naquele dia. É sempre bom que os pais comecem a falar sobre seu dia, pois as crianças podem ver que nós também passamos por aflições.
4º- Repita: A criança aprende por repetições. Quantas vezes temos que colocar o novo DVD que compramos? Então repita, inculque, mostre, semprede maneira agradável, o que você realmente quer que fique retido na mente e no coração do seu filho.
5º – Não deixe poeira na sua Bíblia: Ok, nós pais cometemos erros nos métodos de criação dos filhos. Procuramos, juntamente com o cordão umbilical, o manual que deveria vir com nosso bebê, e que nos mostraria o botão on eoff, mas, infelizmente, não achamos. Descobrimos, então, (quando buscamos) que a Bíblia é o nosso manual, ela nos ensina, mesmo quando não enxergamos os métodos que queremos para o agora. O Espírito Santo nos ensina, através da Palavra de Deus, como devemos proceder em TODAS as fases da vida dos nossos filhos.
Infelizmente, não há mágicas na criação de filhos. Com certeza, esse treino árduo com eles redundará em frutos que não podemos ver agora, mas que farão o papel de mensageiros vivos, levando adiante o que ensinarmos. Que Deus nos faça treinadores fiéis através da sua Palavra.